Matheus Lins 22/04/2009
http://battlenerds.wordpress.com/2009/01/30/os-supremos/
A proposta original da linha Ultimate, da Marvel, foi a de oferecer aos novos leitores do século XXI (leia-se: adolescentes) a oportunidade de acompanhar as histórias de seus super-heróis prediletos sem o ônus de décadas e décadas de cronologia nas costas, além de atualizar os personagens e seus respectivos backgrounds, reformulando as convenções das décadas de 60 e 70 que até hoje perduram nos quadrinhos tradicionais (aranhas radiorativas e a nebulosa origem do Quarteto (cuja origem clássica é no contexto da Guerra Fria) são exemplos disso), a fim de aumentar a sintonia entre essas histórias e o público de hoje.
Uma das mais bem-sucedidas - tanto comercial quanto criativamente - séries a sair dessa linha foi Os Supremos, de Mark Millar e Bryan Hitch, releitura de uma das mais tradicionais equipes da Marvel: Os Vingadores.
Se você estiver esperando encontrar os mesmos personagens com os quais você se familiarizou ao longo dos anos, esqueça; Millar, fazendo jus à proposta da linha, reformulou todos os personagens, preservando as suas essências, mas alterando todo o resto de forma que eles se tornassem tão condizentes com a realidade o quanto possível - e se não realistas, no mínimo verossímeis.
Dentre os membros da equipe, os que sofreram as “plásticas” mais estensivas foram Thor - a.k.a Deus do Trovão - agora, um hippie anarquista que se vale dos seus poderes supostamente divinos para pressionar governos ao redor do globo (e que todos julgam como um maluco instável delirante) e o Capitão América, transformado num militar casca-grossa e de mentalidade retrógrada (afinal, ele viveu em meados do século vinte!) - não à toa, ele prefere passar o seu tempo com idosos a com seus próprios colegas de equipe.
Dos demais, Tony Stark - a.k.a Homem de Ferro - também difere da sua contraparte tradicional, mas será certamente familiar ao leitor devido à caracterização bastante semelhante da do filme homônimo do ano passado, ou seja: um milionário excêntrico e bebedor compulsivo; Bruce Banner, por sua vez, teve a sua loserness característica acentuada, enquanto que o Hulk se tornou muito mais hilário e off limits. Também vale ressaltar que Nick Fury foi remodelado à imagem e semelhança do ator Samuel L. Jackson, que também o interpreta no cinema.
Por incrível que pareça, o primeiro arco de histórias do grupo é ausente de quaisquer conflitos com “elemento externos”, optando por enfatizar os personagens, defininindo e desenvolvendo a dinâmica entre eles. O primeiro desafio enfrentado pelos Supremos, ironicamente, é um próprio membro da equipe: o Hulk. Banner, frustado com o seu fracasso em reproduzir a eficácia da fórmula do Super Soldado e almejando a dar à equipe uma justificativa para existir, inadvertidamente se transforma no Incrível Hulk, o que gera um confronto de proporções épicas entre ele e Os Supremos, brilhantemente conduzido por Millar e desenhado por Hitch, soando o mais próximo possível a um confronto verossímel entre seres super-poderosos.
Millar e Hitch se despediram do título com o segundo volume de Os Supremos, sendo substituídos, respectivamente, por Jeph Loeb (Red Hulk, O Longo Dia das Bruxas) e Joe Madureira (Battle Chasers). Como era de se esperar, o título sofreu uma queda brusca de qualidade, com muitos dos conceitos previamente estabelecidos completamente arruinados. Felizmente, percebendo a merda que o buddy fez, Millar anunciou a sua volta ao comando da franquia em Ultimate Avengers - que será seu trabalho solo para a Marvel até 2010. Serão dois anos de publicações, consistindo de quatro grandes arcos divididos em seis edições cada, desenhados - nas palavras do Millar - pelos “maiores desenhistas que a indústria tem a oferecer”.