Pastoral americana

Pastoral americana Philip Roth




Resenhas - Pastoral Americana


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Luiz Pereira Júnior 02/11/2020

Quando coisas ruins acontecem a pessoas boas
Fazia muito tempo que eu havia lido algo de Philip Roth (na verdade, li “Complexo de Portnoy” em minha adolescência distante, pois já sou um cinquentão). Assim, havia me esquecido do poder do autor de contar uma história, ao mesmo tempo em que analisa profundamente as profundezas do ser humano.
Apesar do título, a história é universal. Mude para “Pastoral Brasileira” e troque o eixo em torno do qual gira o livro, e todo o restante fará sentido em nosso país (aliás, essa é uma característica das grandes obras: a universidade, sem perder de vista a regionalidade, como qualquer estudante de Letras ou qualquer leitor mediano sabe).
A primeira parte do livro apresenta ao leitor o Sueco, um homem pacato, extremamente bonito, com uma família de contos de fadas e empresário de sucesso. O fascínio do narrador (o escritor Nathan Zuckerman) pelo protagonista chega a irritar o leitor com tantos elogios à aparência do Sueco e à sua vida perfeita (a irritação se torna tão intensa que eu me perguntava por que Roth é considerado um monstro da literatura americana se escrevia de forma tão repetitiva – erro meu!).
As outras partes do livro mostram, em contraponto a uma felicidade que parece não ter fim, a imensa parte de angústia que há por baixo da felicidade de toda família feliz (Tolstoi?). A filha amada acaba por se tornar uma terrorista e explode uma bomba em um mercadinho, matando o querido médico local.
A partir daí, praticamente não há mais ações na narrativa do livro, mas sim o retrato da decadência psicológica, angustiante do Sueco e de sua lindíssima esposa. Buscando explicações para o que aconteceu à filha (ou melhor, o que a filha fez acontecer) o autor mergulha nos abismos da alma humana (sim, isso é um chavão) de uma personagem que jamais existiu e que se torna mais vívida em nossos pensamentos do que a maior parte das pessoas com quem convivemos diariamente (eis outro mérito da grande literatura: tornar um personagem fictício muito mais real do que a própria parcela da humanidade com quem lidamos diariamente).
Talvez o melhor que se possa dizer da prosa de Philip Roth é justamente isso: ele sabe construir um personagem ao mesmo tempo em que constrói tudo a seu redor com a mesma perfeição com que constrói o interior desse mesmo personagem (pensei melhor: a construção do íntimo da personagem é superior ao meramente físico).
Roth nos mostra a visão amarga de que não basta ser bom para ser imune ao que acontece de ruim, não basta ser ingênuo (ou omisso, no pior das hipóteses) para estar livre de toda e qualquer tragédia. E isso é original: sim, a tragédia, o mal, a dor, o sofrimento também atingem o bom, também atingem o belo, também atinge o rico. E o que pode ser mais assustador para alguns: o mal também atinge quem tem tudo isso.
Triste conclusão: do mal ninguém está imune e do sofrimento ninguém escapa...
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Peleteiro 29/09/2020

Com escrita e tradução primorosas, Pastoral Americana chegou, em 1998, ao público brasileiro numa edição bem cuidadosa. Com Roth em sua melhor forma, o livro retrata o período pré e pós Vietnã nos EUA com tamanha excelência, que autores como David Duchovny o põem no rol de retratos mais fiéis da história americana.

Particularmente, gostei muito dos momentos em que os personagens se mostraram através dos diálogos, sobretudo no que tange aos conflitos com Merry e as argumentações de ambos os lados, e da sensibilidade do autor ao descrever sentimentos.

Por outro lado, achei que o livro se estendeu demasiadamente em alguns momentos, de maneira que, por vezes, a leitura soou cansativa e arrastada. Ainda assim, não há como negar a sua robustez e importância para a literatura americana.
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Flávio 09/09/2020

De pedra, só a casa.
As nossas certezas são constantemente colocadas a prova, quando confrontadas com óticas diferentes sobre os mesmos fatos, aceitá-las requer que reconhecemos nossas limitações.
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Leo 01/08/2020

Uma metáfora para a ruína das idealizações.
Sueco Levov é uma dupla metáfora.

Representa, num primeiro momento, a tradicional ideia de sucesso americano: homem vindo de família humilde que prosperou, talentoso nos principais esportes, casado com a mulher dos sonhos, herdeiro eficiente dos negócios da família.

Em segundo lugar, Levov é a racionalidade no pensamento-comportamento. Um homem capaz de sempre resolver as coisas da melhor maneira possível, com bom senso e sensatez, sem se sujeitar às paixões e sentimentos incontroláveis.

Nosso protagonista, portanto, personifica o ideal de todo homem americano. E tal modelo ideal pode ruir fácil se colocado à prova diante das consequências das mazelas sociais, políticas e econômicas dos Estados Unidos - e de toda a loucura vinda (ou não) daí.

Pastoral Americana é um soco na cara do "sonho americano", dado pela realidade da guerra, da desigualdade, da miséria, da hipocrisia. Um livro que desnuda a sociedade americana a partir da sua própria autoimagem.

Apesar de idealmente brilhante, Pastoral Americana tem problemas de ritmo. Certas partes soam excessivas, repetitivas, fora de tom, tornando a leitura cansativa e arrastada - talvez umas 100 páginas a menos fariam bem, ou até mesmo poderia ser uma novela.

Ainda assim, é uma leitura interessante para refletirmos acerca dos valores que moldam a sociedade americana - e a brasileira, por tabela.
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André Vedder 29/07/2020minha estante
Roth é sensacional!


Maria 29/07/2020minha estante
Genial!




Romulo 04/07/2020

Muito bom!
Livro muito bom, que faz parte da trilogia americana. Roth constrói a história e personagens com maestria!
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Gerson91 27/04/2020

Sensacional!
É a obra-prima do mestre Roth. Você é inserido profundamente na história do final do século XX.
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Biblioteca Álvaro Guerra 23/07/2019

Empresário judeu bem-sucedido, Seymour Levov casa-se com uma católica em 1949, prefere contratar negros em sua fábrica e dá uma educação liberal à filha. Suas ilusões acabam destruindo o lar que ele imaginava perfeito, à moda dos ideais americanos.

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788571648524
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Mario Miranda 05/06/2019

Se William Faulkner - neste caso me refiro majoritariamente a uma das suas maiores obras, "Absalão!Absalão!", mas também a outras menos reconhecidas, como "O Intruso" - desconstrói a noção de pacifismo racial nos Estados Unidos, Philip Roth em "A Pastoral Americana" desvenda todo um processo tortuoso envolvendo o conceito de "Bom Cidadão", do indivíduo que trabalha para o progresso social.

Seymour Levov, ou O Sueco, é o modelo de sucesso: bom nos estudos, atleta consagrado em sua escola, filho exemplar, empresário bem sucedido. Filho de imigrantes Judeus, seu pai funda uma empresa de confecção de Luvas, herdada por Seymour que a transforma em um grande complexo fabril. O então sucesso da narrativa de Levov é interrompido quando sua filha adolescente, Mary, realiza um atentado a bomba em uma loja dos Correios como forma de protesto contra a Guerra do Vietnã. O atentado de Mary acaba por matar um respeitado médico local.

Após o ato, e a consequente fuga de sua filha, o Sueco revisita toda a sua vida em busca de como um homem tão íntegro teve como consequência uma filha terrorista. E o seu espanto - e indignação! - acentua-se quando ele não consegue identificar nenhuma falha em sua vida que justifique o ato de Mary.

Levov é um homem-ideal, um Isaac que aceita imolar a sua felicidade em prol de um projeto do seu pai-Abraão, aceita o sacrifício de um projeto de um país-ideal, e nem assim foi capaz de evitar a ruína de toda a sua vida pessoal. Em Roth, o Sonho Americano é um mero sonho, um projeto enganoso que pretende coibir os projetos familiares em prol de um desejo de constituir-se uma grande pessoa. Sueco fracassou.

site: https://www.instagram.com/marioacmiranda/?hl=pt-br
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Otavio Contente 24/02/2019

O que se esconde por trás da perfeição?
Imagine um jardim bem cuidado, flores de todas as cores plantas com cores diversas, tudo combinando perfeitamente em uma imagem maravilhosa. Agora pense nas raízes brigando por espaço e alimento, buscando a sobrevivência, este segundo quadro é o que nos descreve Philip Roth através da família perfeita dos Levov. Uma leitura densa que nos faz refletir até onde vale à pena se sacrificar e sacrificar os outros para ter uma imagem perfeita perante os outros. Algumas passagens do livro caem como uma luva.
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Lareska Rocha 13/02/2019

Intenso e muito bem escrito
Nunca havia lido nenhum livro do Philip Roth, mas sempre tive vontade de lê-los. Escolhi esse sem ler antecipadamente nada a respeito e posso dizer que foi uma leitura bem intensa. Ele conseguiu construir muito bem os dilemas da família judia americana Levov; seus conflitos religiosos e posicionamentos ideológicos ganham contornos bem definidos conforme a história vai sendo desenvolvida. Eu achei muito interessante o modo como a personagem protagonista Seymour "Sueco" Levov foi sendo revelada ao longo da trama e como ela foi crescendo em termos de complexidade conforme o narrador traz à tona problemas de sua família. Enfim, Sueco Levov é muito mais profundo do que o início da narrativa leva o leitor a crer e é justamente aí que reside o maior mérito de Roth.
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Luiz Miranda 27/01/2019

Gênio no Auge
Um mestre em pleno domínio de seu ofício. Pastoral Americana é um dos melhores livros de um dos melhores escritores. Denso, de carga emocional pesada, não exatamente difícil, porém mais adequado a leitores calejados.

Há algo de metafísico aqui. O doppelgänger de Roth, Nathan Zuckerman, ao reencontrar o herói da época da escola, escreve um romance imaginando como teria sido sua trajetória até ali. A desenvoltura com que Roth mergulha na ficção da ficção é impressionante.

Diálogos são frequentemente interrompidos por extensas memórias e reflexões, onde o "sonho americano" do Sueco Levov é dissecado em detalhes de grande intensidade literária.

Não espere uma história redonda com início, meio e fim. Roth está muito mais interessado em desmontar a psiquê de seus personagens, coisa que faz de maneira implacável. É o tipo de leitura que dificilmente deixa alguém em cima do muro: ou te agarra pela garganta ou te faz desistir logo.

Obra-prima.
Paulo Sousa 27/01/2019minha estante
Livraço, apesar de ter gostado mais de Casei com um comunista e A marca humana, da trilogia americana.


Luiz Miranda 28/01/2019minha estante
Estão na fila. Roth é sempre prioridade.


Paulo Sousa 31/01/2019minha estante
Parabéns pelo bom gosto!


Luiz Miranda 31/01/2019minha estante
Estou sempre atento às suas dicas, meu amigo.


Paulo Sousa 31/01/2019minha estante
Kkkkk que é isso! Leio suas resenhas. Tudo de bom!


Marcos.Azeredo 07/10/2019minha estante
Li dele O avesso da vida, e esperava mais do livro.




Leila de Carvalho e Gonçalves 25/08/2018

O Sueco
Lançado em 1997, ?A Pastoral Americana? é o vigésimo segundo livro do escritor norte-americano Philip Roth. Incluído na lista dos cem melhores romances da revista Time e agraciado com o cobiçado Premio Pulitzer, trata-se de um campeão de vendas que também foi indicado ao National Book Award e ao National Book Critics Circle Award.

Ambientado em New Jersey, mais especificamente em Newark, que nada mais é do que a Combray de Roth, sua narrativa vai de 1890 até os anos 90, abrangendo 100 anos e 4 gerações de uma família judia, os Levov. Com uma cronologia bastante original, ela começa no final da história, dá inúmeros saltos temporais e termina no meio, exigindo atenção durante a leitura.

Seu protagonista é Seymour, mais conhecido como Swede ou Sueco. Neto de imigrantes, ele é um ?monarca da vida ordinária?, conforme observa Jerry, seu irmão caçula, isto é, um judeu casado com uma católica que construiu para si uma vida impecável de acordo com o padrão de uma elite republicana protestante. Alguém que todos os homens sonham ser e todas as mulheres querem ter, mas que a idílica vida foi destroçada por uma tragédia familiar.

O narrador do romance é o escritor Nathan Zuckerman, alter ego de Roth em 8 livros. Em 1995, durante uma reunião de antigos alunos da escola secundária que frequentou, ele é informado sobre a morte do Sueco, ocorrida há poucos dias, e também descobre que a filha de seu antigo ídolo foi uma militante contra a Guerra do Vietnã e, aos 16 anos, bombardeou uma agência de correios, matando um inocente e desaparecendo em seguida, sem deixar pistas. Chocado, ele começa a imaginar como a promessa de um destino idílico havia malogrado e decide escrever um romance a respeito.

?Ninguém passa pela vida isento de amarguras, desgostos, confusão e perda. Mesmo aqueles que tiveram tudo de melhor quando crianças, mais cedo ou mais tarde recebem sua cota regular de sofrimento, quando não recebem até mais do que isso. Deve ter havido consciência e deve ter havido decepção. Todavia, eu não conseguia vislumbrar que forma uma ou outra teria tomado, não conseguia despojá-lo de sua simplicidade, mesmo agora: no resíduo da minha imaginação de adolescente, eu ainda me achava convicto de que, para o Sueco, teria de ser um caminho inteiro livre de dor."

Em síntese, esta é a história da ascensão e queda de um homem como também uma parábola ressonante da inocência e desilusão dos americanos. Portanto, abarca vários temas como o passado e a memória; a família e o conflito geracional; a questão da comunicação e linguagem cujo foco é a gagueira que assombra Merry desde a infância; a religião, em especial, liberdade religiosa e o casamento inter-religioso; a política norte-americana, tendo como destaques a Segunda Guerra e a Guerra do Vietnã.

Indubitavelmente, Roth não poderia ser mais irônico na escolha do titilo do romance. ?Pastoral Americana? não guarda qualquer semelhança com uma poesia bucólica, a idílica e fictícia Rimrock perdeu sua inocência com a explosão de uma bomba. Como ele mesmo afirma, os Levovs nunca se recuperarão deste episódio. ?Tudo está contra eles, todo o mundo e tudo o que não gosta da vida deles. Todas as vozes que vêm de fora condenam e repudiam a vida deles! E o que há de errado com a vida deles? O que, neste mundo, pode ser menos repreensível do que a vida dos Levov?? Cabe a cada um julgar e tentar responder.

Em 2006, o romance ganhou uma adaptação para o cinema, dirigida e estrelada por Ewan McGregor com a autorização de Roth que, inclusive, gostou do resultado. A crítica especializada, porém, não foi tão amigável à adaptação do romance feita pelo astro escocês. Stephen Holden, crítico do The New York Times, escreveu: ?O filme não é uma profanação, mas uma severa diminuição de uma obra-prima literária complexa. Esse brilho superficial, porém notável, de um livro que evoca uma imagem arrebatadora do sonho americano em desintegração na década de 1960, especialmente no que se refere à identidade e aspiração judaicas, equivale a não muito mais do que uma lista de cenas respeitosas do romance. E seu tom de lamento omite o humor amargamente sarcástico de Roth."

Finalmente, adquiri o e-book que atendeu minhas expectativas.
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Oesttreiichh 05/04/2018

O lado sombrio do sonho americano.
PASTORAL AMERICANA foi meu primeiro livro do autor (posteriormente descobri que ele faz parte de uma trilogia), e fiquei impressionado com a fluídez com que a história se desenrola.

Saltando de interlocutor para interlocutor ela se constitui inicialmente na apresentação do modo de vida americano, o famoso "American way of life" que se constrói partir da narração de aspectos da vida de famílias tradicionais judias americanas nas décadas pré-segunda guerra, sendo visto por intermédio de rememorações de parte da infância de juventude do personagem Nathan Zuckerman - alter ego do autor - e sua relação com outros personagens presentes na trama. Em seguida a história se desenrola a partir das palavras/pensamentos de outro personagem, Seymour 'Sueco' Levov.

Sueco teve uma juventude e vida adulta 'perfeitas', no que concerne aos preceitos do American Way of life: Foi um jovem atlético, estrela em diversos esportes, casou-se com uma ex-miss e tornou-se um empresário bem sucedido. No entanto, após um incidente aterrador vê toda a base sob a qual sua vida foi construída desmoronar!

Tal incidente leva 'Sueco' a refletir sobre todos os aspectos de sua vida, e neste ponto a genialidade do autor fica mais evidente, desconstruindo de maneira aterradora e sem piedade o modo de vida americano, o autor desnuda uma miríade de problemas que ascendem em espiral complexa e evidencia como mesmo achando que controla todos os aspectos de sua vida - até então perfeita - Sueco se vê em meio a situações e consequências alheias à seu controle.

Três personagens são paradigmáticos na obra: Sueco, Dawn e Marry. Enquanto o primeiro é o perfeito exemplar de tudo o que o American Way of Life representa, um todo coeso de certezas, que tenta desesperadamente apesar das circunstâncias, continuar fiel a suas convicções e controlar sua vida; a segunda mostra-se inacreditavelmente maleável e se adapta as todas as reviravoltas de modo relativamente fácil. A última, por sua vez é o estopim que desmonta por completo o frágil castelo de cartas que se constituiu a família 'perfeita' dos Levov.

A obra é a expressão da ascensão e queda do estilo de vida americano, baseado na percepção que a adequação aos padrões sociais, não seria capaz de garantir o 'sonho americano' - Apesar do esforço homérico em manter as aparências. De fato, o "destino manifesto" não é para todos.
Davenir - Diário de Anarres 06/12/2018minha estante
Tu resenha bem pra caralho!


Marcello 22/01/2020minha estante
N
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