Pastoral americana

Pastoral americana Philip Roth




Resenhas - Pastoral Americana


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Luiz Miranda 27/01/2019

Gênio no Auge
Um mestre em pleno domínio de seu ofício. Pastoral Americana é um dos melhores livros de um dos melhores escritores. Denso, de carga emocional pesada, não exatamente difícil, porém mais adequado a leitores calejados.

Há algo de metafísico aqui. O doppelgänger de Roth, Nathan Zuckerman, ao reencontrar o herói da época da escola, escreve um romance imaginando como teria sido sua trajetória até ali. A desenvoltura com que Roth mergulha na ficção da ficção é impressionante.

Diálogos são frequentemente interrompidos por extensas memórias e reflexões, onde o "sonho americano" do Sueco Levov é dissecado em detalhes de grande intensidade literária.

Não espere uma história redonda com início, meio e fim. Roth está muito mais interessado em desmontar a psiquê de seus personagens, coisa que faz de maneira implacável. É o tipo de leitura que dificilmente deixa alguém em cima do muro: ou te agarra pela garganta ou te faz desistir logo.

Obra-prima.
Paulo Sousa 27/01/2019minha estante
Livraço, apesar de ter gostado mais de Casei com um comunista e A marca humana, da trilogia americana.


Luiz Miranda 28/01/2019minha estante
Estão na fila. Roth é sempre prioridade.


Paulo Sousa 31/01/2019minha estante
Parabéns pelo bom gosto!


Luiz Miranda 31/01/2019minha estante
Estou sempre atento às suas dicas, meu amigo.


Paulo Sousa 31/01/2019minha estante
Kkkkk que é isso! Leio suas resenhas. Tudo de bom!


Marcos.Azeredo 07/10/2019minha estante
Li dele O avesso da vida, e esperava mais do livro.




Higor 30/11/2023

"LENDO PULITZER": sobre autores que surram seus leitores
É ao ler livros como "Pastoral americana" que eu me pego pensando: "puxa, como eu leio cada porcaria, não?". Óbvio que livro nenhum é unanimidade, e este está longe de ser um livro adorado pela maioria dos leitores, mas ainda assim, já na página 50, eu sabia que, mesmo ante todas as dificuldades impostas por Philip Roth (e não foram poucas, preciso confessar), esta seria uma das leituras mais incríveis do ano, quiçá da vida.

Tudo porque eu simplesmente não conseguia parar de pensar em Sueco Levov e sua vida de aparências, mesmo quando tinha que fazer outras coisas, fosse em casa, ou no trabalho, ou em interações sociais e etc, pois, mesmo em poucas páginas, eu estava totalmente imerso naquele universo americano de cristal, belo, pomposo, porém sensível, delicado, instável, e ansiava por saber a qual lugar o autor queria me levar. O efeito, embora positivo, me deixou em cacos. Sim, não só Levov levou uma surra, mas eu também, enquanto leitor, tanto que preciso de um pouco distância de Roth, e me vou me aventurar em outro livro dele depois com uns bons anos de fôlego.

Pois bem, em uma narrativa não linear, mas limpa e eficiente, acompanhamos a geração dos Levov, judeus que, após certa dificuldade para se manter na América, alcançaram o conforto e a estabilidade ao fabricar luvas de couro. O foco está em Seymour, conhecido como Sueco, um jovem atleta do Ensino Médio, famoso por suas habilidades esportivas e, principalmente, por causa de seu cabelo loiro, olhos azuis e boa aparência, que causa frisson em adolescentes apaixonadas e em pais que querem o jovem ideal para configurar suas famílias e próximas gerações.

Com um comportamento exemplar, em que abre mão de seus próprios ideais para comportar os solhos alheios, seja de pai, mãe, esposa, filha e até mesmo amigos e irmãos, Sueco mantém e alimenta o conhecido "american way of life" da maneira mais calada e submissa possível, garantindo com isso o emprego, mulher, casa e filha dos sonhos, mas não, talvez, a felicidade. Ou ao menos a genuína.

Embora até meio batido, a maneira como Roth aborda o tema da ascensão e ruína de uma vida ideal, aqui por questões políticas e sociais na década de 60, é no mínimo, aterrorizante, no bom sentido, pois ao invés de discorrer sobre sucessivas tragédias que poderiam acometer a família e fazer com que o leitor simplesmente se apiedasse, o autor optou por narrar por um viés um tanto diferente, tanto que o livro tem uma carga dramática muito mais intensa, voltada para um lado psicológico que mais se assemelha ao terror e o suspense.

Os personagens como um todo, e não somente Levov, têm seus pensamentos, expressões e comportamentos examinados à exaustão, e de forma muito inteligente, o que talvez seja o grande trunfo do livro, pois o mesmo personagem é dissecado diversas vezes, pelo ponto de vista de diferentes pessoas, logo, ela vai ser incrível para alguns, enquanto detestável para outros, o que gera uma desconfiança e uma tensão no leitor, aquele desconforto por gostar de alguém que, há 30 páginas, era elogiada como uma mulher de confiança, enquanto é interpretada como uma megera gananciosa páginas depois. A vida, meus caros, onde pessoas diferente possuem opiniões totalmente divergentes de uma mesma pessoa.

O grande trunfo também é, pensando com cautela, o grande problema do livro, pois o autor interrompe a cena para fazer mais uma análise minuciosa, quando tudo o que o leitor quer é saber o que vai acontecer naquela circunstância, naquele diálogo, naquela confuso, logo no clímax do capítulo. Logo, de incrível, a sensação que passa ao longo dos capítulos é de enfado, ou que o autor está enrolando o leitor para atenuar uma possível decepção com o que possa encontrar logo a frente.

A impressão ganha ainda mais força ao final do livro, quando se olha em retrospecto e analisa que, em uma linearidade, a história possui poucos acontecimentos, de fato, mas uma enxurrada de blocos de texto e de páginas unicamente dentro da cabeça dos personagens, com seus pensamentos e angústias que assolam não somente o pobre coitado de Sueco, mas o leitor, que o acompanha em suas aflições, devaneios, medos, divagações, como não poderia deixar de ser, e, ao final da trágica vida falsa americana, torna-se grato com o feito de Roth, mas cansado, sobrecarregado com tal fardo.

Sinceramente, eu nunca havia sentido tal sensação em uma leitura, pois ao mesmo tempo que me preocupava com Levov e sua ruína, eu estava arrependido por ter encarado tal drama, pois o peso imposto em toda a circunstância parecia demais para mim.

Para os críticos mais ferrenhos do livro, um pensamento sincero: é importante entender que as muitas referências citadas, quase todas, na verdade, tanto relativas à cultura, mas principalmente a geografia e política do país, abordadas em "Pastoral americana", passaram totalmente despercebidas durante a leitura, e tudo bem, afinal, o mais importante é que o livro se sustenta apesar disso, com sua história bem escrita e amarrada; além disso, eu não sou estadunidense, logo, não preciso conhecer com afinco a história do país, nem quem foi o 15º presidente ou o senador republicano do ano 1960, e entendo também o principal, a realidade difícil para desmitificar para muitos leitores, de que os Estados Unidos não se resumem a Hollywood, Las Vegas ou outro cenário típico de turismo.

Para quem é nativo, o livro, obviamente, faz muito mais sentido, é muito melhor absorvido e aclamado, tanto que, em listas dos melhores livros do século 20, dos últimos 25 ou 50 anos, ele é considerado o melhor livro americano, ou o segundo, perdendo apenas para "Amada", de Toni Morrison. Um peso a se levar em consideração, assim como a relativizar a ignorância do leitor ante tantas informações nacionais. Com certeza os americanos devem apanhar para entender diversas referências e situações brasileiras na recém-lançada tradução de Dom Casmurro, por exemplo.

Vencedor do Pulitzer de 1998, desbancando outro gigante memorável da época e também tido como clássico, "Submundo" de Don DeLillo, "Pastoral Americana" é, sem dúvida, aquela erva daninha no jardim perfeito americano, que causa incômodo, mas que é indiferente e resistente a tudo.

Este livro faz parte do projeto "Lendo Pulitzer".
edu basílio 30/11/2023minha estante
tive uma experiência com roth, o seu famoso "o complexo de portnoy", e infelizmente eu achei apenas super chato. a fama do autor dispensa comentário: há quem tenha quase surtado por ele ter morrido não nobelizado (quando até peter handke e bob dylan o foram). enfim, suas impressões, junto com minha lembrança de "portnoy", me fazem manter o respeito ? conquanto distante ? que tenho por roth. obrigado por partilhar ^^


Jacy.Antunes 01/12/2023minha estante
A Pastoral Americana é para desconstruir o sonho americano , mas não creio que os convertido leiam. Depois desse leia Os Fatos, uma autobiografia precoce, bem mais leve.
Na sua resenha é visível o quanto foi difícil terminar o livro. Parabéns por ela.


Higor 01/12/2023minha estante
Eduardo, é péssima essa sensação ambígua de amar e odiar um livro em itensidade igual, além de não saber exatamente se é um livro recomendável, digno de releitura ou uma boa porta de entrada para conhecer a bibliografia do autor. De qualquer forma, ainda tenho mais dois do autor a encarar para o projeto, mas sem previsão, por enquanto hehehe


Higor 01/12/2023minha estante
Jacy, recomendação anotada. A leitura foi até rápida, em três dias, mas bastante dolorosa.




Angelica75 27/09/2022

Já li outros livros sobre como a sociedade norte-americana é hipócrita, mas esse foi escrito com maestria de maneira fluida e delicioso de ler. Que grande autor!

"Sueco" Levov é a personificação dos EUA bem sucedido. De família judia de classe média que enriqueceram sendo donos de uma "fábrica de luvas" (a fábrica chega a ser um dos personagens do livro), atleta, extremamente bonito, casa-se com uma Miss, oque pode dar errado? Tudo.

Qdo a única fiçha adolescente do casal cresce tudo o que é confortável rui. Envolvida em uma grande tragéida, coloca à prova a perfeição do lar Levov.

O livro é narrado por Zuckerman, o alter ego do autor que é procurado pelo irmão mais velho de Levov para escrever sobre a vida do Sueco. Descontroi então a vida pefeita do nosso "heroi".
No mais, ressalto como é atual a temática do livro em tempos de fascismo como o que estamos vivendo.
Angelica75 05/10/2022minha estante
fiz a resenha pelo celular, agora vi alguns erros de digitação e não consigo arrumar =/


Afonso74 11/08/2023minha estante
Gostei do seu estilo de resenha bem direta.... afinal aqui não é lugar de escrever artigos sobre ou resumo de livros mas sim de incentivar (ou desincentivar) outras pessoas a lerem ou não cada obra.
Sobre seu comentário : acho q de forma geral a família Levov não era "hipócrita" (q prega uma coisa e faz o oposto) mas sim a sociedade americana que a rodeava. E acabaram eles , os menos hipócritas, pagando o maior preço.




Arsenio Meira 06/12/2013

Partituras Familiares

"Pastoral Americana" é Roth em grande estilo. As partituras do inferno vivido por uma família-modelo de classe média americana aparentemente a caminho do paraíso na terra e no céu. A superfície plácida do sonho americano esconde muitas vezes o fio da tragédia.

O Sueco, Seymour Levov, é um judeu, que nasceu em bairro de classe média judia e prosperou nos esportes, como grande atleta, nos negócios, herdando a fábrica de luvas do pai, e no casamento, ou assim ele achava. Essa pastoral americana implode quando sua filha adorada e gaga resolve entrar para a guerrilha urbana nos EUA contra a Guerra do Vietnã e explode o correio local, matando um médico que lá passava.

Daí para diante é um desenrolar de novas dores: vida clandestina da filha, novos atentados, internação da mulher, assédio de supostos companheiros da filha na guerrilha, personalidade intrusiva do pai-patriarca, agressividade do irmão, decadência da fábrica, adultério da mulher, reencontro com a filha, que vira uma jaina (seguidora do jainismo), tudo nas costas do aparentemente inabalável Sueco.

O livro é um recontar circular, pelo colega de escola do irmão e fã, tornado escritor bem sucedido, da pastoral inicial e da tragédia final que fazem a vida do Sueco. Trata-se do lendário Nathan Zuckerman , alter-ego de Roth, bússola de sua têmpera literária.

Roth é genial no trágico: cria situações sufocantes, como os encontros de Levov com os companheiros da filha que o chantageiam, o reencontro com a filha no quartinho sórdido, o jantar final com suas alfinetadas, crises e uma cena memorável de adultério. E no trato do banal a mim não cansaram nem um pouco as descrições das atividades do ramo das luvas de couro e as digressões sobre o concurso de miss da mulher do Sueco. Roth leva ao cume a técnica de criar suspense e curiosidade no leitor pela quebra da narrativa principal, para entremeá-la com reflexões do passado ou descrições exaustivas do presente.

Essa auto-indulgência se observa também em alguns diálogos. O tempo psicológico, com as reflexões dos personagens, atrasa o tempo das falas, e o que se ganha em densidade se perde em verossimilhança. Mas, do ponto de vista técnico, Roth usa brilhantemente a narrativa em estilo indireto livre em que a voz em terceira pessoa se funde aos pensamentos e ações do protagonista. O texto é narrado em primeira pessoa por um escritor que relata a vida do protagonista, o que na prática generaliza a terceira. Mas a terceira contamina-se pela voz em primeira pessoa do protagonista, fechando o ciclo. A técnica é sutil, provoca empatia com o personagem, embora não seja (sob minha ótica) muito fácil criar identificação com um protagonista socialmente correto ao ponto da auto-anulação, como o Sueco Levov.

Pastoral Americana é um raro exemplar da inspirada biblioteca legada pelos escritores judeus norte-americanos do pós-Guerra. Roth atingiu aqui a altura de um Bellow ou de um Singer, e juntou mais um romance à sua lista extensa de grandes livros.
Jey 01/09/2015minha estante
Justamente! Levei 1 mês para ler este livro mas gostei.Mas quando ele começava divagar...só me motivava a continuar porque eu queria saber o final desta historia.Eu não entendi o que o autor quis com o final deste livro.A cena de traição da esposa do sueco foi demais e Marry deveria levar umas palmadas para criar jeito (ou ser levada pelos cabelos), adorei o texto, tudo de bom!


Arsenio Meira 02/09/2015minha estante
Oi Jéssica!
kkkk, Concordo contigo! A tal da Marry deveria levar um corretivo pra tomar tento, rs! Acho que o Roth quis, ao final da história, nos mostrar que toda essa merda de "família" perfeita, a la doriana, não passa de uma ilusão manjada. Os americanos - reis da hipocrisia - fingem acreditar em poses em prejuízo da realidade! Obrigado pelo comentário e um abração pra vc!




spoiler visualizar
André Vedder 29/07/2020minha estante
Roth é sensacional!


Maria 29/07/2020minha estante
Genial!




Oesttreiichh 05/04/2018

O lado sombrio do sonho americano.
PASTORAL AMERICANA foi meu primeiro livro do autor (posteriormente descobri que ele faz parte de uma trilogia), e fiquei impressionado com a fluídez com que a história se desenrola.

Saltando de interlocutor para interlocutor ela se constitui inicialmente na apresentação do modo de vida americano, o famoso "American way of life" que se constrói partir da narração de aspectos da vida de famílias tradicionais judias americanas nas décadas pré-segunda guerra, sendo visto por intermédio de rememorações de parte da infância de juventude do personagem Nathan Zuckerman - alter ego do autor - e sua relação com outros personagens presentes na trama. Em seguida a história se desenrola a partir das palavras/pensamentos de outro personagem, Seymour 'Sueco' Levov.

Sueco teve uma juventude e vida adulta 'perfeitas', no que concerne aos preceitos do American Way of life: Foi um jovem atlético, estrela em diversos esportes, casou-se com uma ex-miss e tornou-se um empresário bem sucedido. No entanto, após um incidente aterrador vê toda a base sob a qual sua vida foi construída desmoronar!

Tal incidente leva 'Sueco' a refletir sobre todos os aspectos de sua vida, e neste ponto a genialidade do autor fica mais evidente, desconstruindo de maneira aterradora e sem piedade o modo de vida americano, o autor desnuda uma miríade de problemas que ascendem em espiral complexa e evidencia como mesmo achando que controla todos os aspectos de sua vida - até então perfeita - Sueco se vê em meio a situações e consequências alheias à seu controle.

Três personagens são paradigmáticos na obra: Sueco, Dawn e Marry. Enquanto o primeiro é o perfeito exemplar de tudo o que o American Way of Life representa, um todo coeso de certezas, que tenta desesperadamente apesar das circunstâncias, continuar fiel a suas convicções e controlar sua vida; a segunda mostra-se inacreditavelmente maleável e se adapta as todas as reviravoltas de modo relativamente fácil. A última, por sua vez é o estopim que desmonta por completo o frágil castelo de cartas que se constituiu a família 'perfeita' dos Levov.

A obra é a expressão da ascensão e queda do estilo de vida americano, baseado na percepção que a adequação aos padrões sociais, não seria capaz de garantir o 'sonho americano' - Apesar do esforço homérico em manter as aparências. De fato, o "destino manifesto" não é para todos.
Davenir - Diário de Anarres 06/12/2018minha estante
Tu resenha bem pra caralho!


Marcello 22/01/2020minha estante
N
.




Cinai Machado 24/08/2012

Depois da leitura inquietação...
Esse livro é um soco na boca do estomago, um tapa na cara. O autor vasculha a alma humana e joga na sua
na nossa cara, os segredos que nós seres humanos escondemos e pensamos estar escondido...
Mas, essa obra de Phillip Roth é muito mais que isso.

Por uma coincidência incrível, depois de "Precisamos falar Sobre Kevin" em seguida me cai esse livro, que leio logo após o primeiro.
(Pastoral Americana) abrange o período de 1950 a 1980 nos EUA acompanhando a vida do personagem principal o "Sueco".
Sim, os dois abordam o mesmo problema, porém absurdamente diferente, ricos em narrativas, entretanto podem ter certeza que
não lerão jamais um plágio, cada obra é singular...

Quase 500 páginas, sem embromação curto e grosso. Identifiquei-me e detectei atitudes, qualidades e defeitos nos seres humanos
e em mim mesma das pessoas que eu conheço, nos personagens de Roth, de pastoral Americana. Esse é um aspecto.

Mas, o que dizer da crítica social. Costumo dizer aqui em casa que criar um filho no seu mundo doméstico pode ser tudo perfeito,
contudo, e as coisas que se dão fora desse mundinho, lá fora em companhia de parentes e amigos e os interesses capitalistas de um país?

"Sueco"(Seymour Levov) é um cara que sua vida é perfeita, família, profissão, fama, beleza... Daí a gente pensa, não é possível ninguém tem uma vida assim.
Deve haver alguma coisa de errado, ele não pode ter tudo...
A começar pelo título: Pastoral Americana, que a orelha do próprio livro já diz o significado que a propósito eu não sabia. Pastoral:Poema que narra a
vida idílica no campo, os amores suaves dos pastores e camponeses, em uma atmosfera de inocência e felicidade.
Esse título que ele escolheu é irônico e sacana. O escritor escreve com propriedade, sobre o assunto, é satisfação ler e ter certeza que o cara sabe
o que ta dizendo!
Esse livro é muito forte, a gente se torna íntimos dos personagens e eu achei que o "Sueco" não merecia o que lhe aconteceu, mas eu tb acho
uma injustiça o que me aconteceu no decorrer de minha vida, é assim a vida, vc não pode controlar as pessoas que fazem acontecer.

Vou deixar o próprio autor falar sobre a crítica social que mencionei acima, com a certeza que com a aculturação essas situações não são somente
privilégio dos americanos mas, nós aqui no Brasil estamos já vivendo o mesmo caus, por isso, interesso-me tanto pela cultura deles, que já nos enfiaram goela abaixo
através do mercado do entretenimento.

"Roth: A imbecilidade. Os Estados Unidos estão a caminho de se tornar o país mais imbecil do mundo. Para mim é muito constrangedor enumerar as causas disso, pois é uma lista de muitos clichês. Mas o fato é que a princípio a televisão é responsável por isso. A maioria dos americanos abaixo dos 50 anos é produto da televisão: o que pensam, o que é importante para eles, sua pouca capacidade de concentração - tudo isso remonta à televisão. "

Leiam e tirem suas próprias conclusões, o livro tem de tudo, adorei saber sobre a indústria da luva, adorei saber que um judeu astro do esporte, e uma católica ex miss se uniram em casamento.
Adorei conhecer o "Sueco" (Seymour Levov) um judeu americano multifacetado.Que tenho certeza que já existiu e pode existir ainda pessoas como ele.
Minha crítica para eles o "Sueco" e sua esposa, referente a beleza externa. Pior ainda, confundir a beleza externa, como se nenhuma coisa feia de dentro pudesse aparecer.
Adoro a correlação família e país, não há como separar, por isso, se interessar por política e o autor maneja bem. Não dá até dá, para fechar a porta e deixar o problema social fora.
Mas não sem consequências.
Philip Roth é um gênio apesar de ser o primeiro que li dele tem muitos outros que desejo ler dele, haja dindin hehehe! (Fica a dica, p/ os homens saibam que ele tem uma escrita bem masculina)
Excerto: "O Sueco. No tempo da guerra, quando eu ainda era um estudante da escola primaria, esse era um nome mágico nos arredores de Newark, mesmo para os adultos, havia apenas uma geração transferidos do gueto da velha rua Prince, no centro da cidade, e ainda não tão perfeitamente americanizados a ponto de ficarem deslumbrados com a destreza de um atleta da escola secundária. O nome era mágico;bem como o rosto anômalo. Entre os poucos estudantes judeus de boa compleição física em nossa escola pública secundária frequentada predominantemente por judeus, nenhum possuía nada sequer remotamente parecido com a mascara viquingue implacável e a mandíbula enérgica daquele louro de olhos azuis nascido em nossa tribo com o nome de Seymour Irving Levov.
O Sueco brilhava como ponta do futebol americano, meio de campo no basquete e primeira base no beisebol. Só o time de basquete valia alguma coisa- venceu 2 vezes o campeonato da cidade, ocasião....."
Bertizola 28/08/2012minha estante
Muito legal a resenha, deu até vontade de começar a ler Roth por este. Aliás, o autor está na minha lista há tempo,já li boas resenhas de "Indignação" e "Patrimônio". Abçs.




Amanda Ciarlo 04/05/2022

Opinião impopular: sei que esse livro é considerado a obra-prima do Philip Roth, mas pessoalmente achei muito arrastado. Se tivesse 200 páginas a menos, poderia ter sido sensacional. Já havia lido Nêmesis do mesmo autor e tinha ficado embasbacada com o potência da sua escrita. Esse foi o segundo livro que li dele e me decepcionei. Espero que os próximos sejam mais dinâmicos.
De qualquer maneira, é uma crítica importante ao ideário da família norte-americana perfeita.
Alê | @alexandrejjr 03/07/2022minha estante
É uma das, Amanda, tá tranquilo. Na real, muita gente gringa aponta "O teatro de Sabbath" e "Complô contra a América" como livros mais importantes que esse, apesar de ser muito lembrado mesmo.




laramaximo 16/02/2024

Um livro que não vai sair da sua cabeça
O conflito geracional desse livro é realmente muito bem colocado. Entender o contexto histórico que o Sueco viveu (época da segunda guerra, ele era um jovem judeu vivendo numa comunidade judaica e acabou se tornando um refúgio da comunidade jovem judaica do bairro) versus o contexto histórico de sua filha (adolescente americana na época da guerra EUA x Vietnã) é essencial para compreender esse livro. Vejo muito paralelo no Brasil também, com pais que cresceram no Brasil quando éramos um país próspero e crescente versus os jovens que vivem no Brasil hoje, com um sentimento tão mais frágil de sociedade. Essa leitura foi um excelente início para 2024.
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Gláucia 05/07/2010

Valores
O tema aqui são relações familiares, sobre valores e o esforço hercúleo que o protagonista faz para mantê-los vigentes. Livro muito forte.
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Ricardo Santos 30/12/2012

retrato devastador dos EUA
Philip Roth é um escritor que faz em suas obras uma devastadora crônica do que é ser americano e judeu após a 2ª Guerra Mundial. Sua ironia é refinada. E a ânsia sexual de seus personagens é mostrada sem pudor. Este romance é um dos melhores do mestre.
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glhrmdias 28/03/2015

4,5
Dificilmente - ou talvez de maneira alguma - o ser humano é salvo da mediocridade. Roth traça tal cenário pessimista através da desconstrução da vida aparentemente perfeita de "Sueco Levov".

Engraçado pensar como o mundo das aparências não leva a lugar nenhum, mas por mais que saibamos disso, não deixamos de basear toda a sociedade nessa efêmera questão. Philip Roth é impiedoso ao denunciar ao leitor sua cumplicidade diante do atroz panorama ao qual nos encontramos, vítimas de um sistema, regras e dogmas com os quais inconscientemente - ou não - compactuamos, mesmo que muitas vezes não façam o menor sentido.

No que se refere à forma, é fantástico como Roth alterna entre as diferentes espécies de discursos e focos narrativos com certa naturalidade. Por mais que, às vezes, a história fique pra trás dando espaço a um fluxo de consciência nem sempre necessário, atrasando a narrativa e quebrando o ritmo.

Pessoalmente, lá pelas tantas do livro, comecei a sentir falta de Nathan, o narrador e, na minha opinião, de longe o mais carismático personagem da história.
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Renan Penny 05/05/2016

A Pastoral Americana, Philip Roth, e o comunismo como fator de decadência
Quem gosta de escrever até sofre quando lê um livro de Philip Roth. Não o sofrimento da constatação da ruindade de um escritor que alcançou o sucesso, que traz consigo reflexões sobre o declínio da cultura, mas neste caso, é a tristeza da inveja. O reconhecimento tácito de que, não importa o que aconteça, jamais escreverá sequer próximo aquele nível.

Pastoral Americana é um dos livros mais aclamados de Roth, e não por acaso. É a história de Seymour Levov, o Sueco, o homem que era aquele que todos os outros queriam ser e que todas as garotas queriam ter. Um astro dos esportes, popular, bonito, inteligente.

Todos os predicados possíveis.

A vida de Levov tinha tudo para ser perfeita no contexto do pós-guerra. Herdou a fábrica do pai, realizou-se financeiramente, casou-se com uma vencedora de um concurso de beleza e se tornou o invejado roteiro de sucesso que todo mundo optaria seguir se fosse o titereiro de seu próprio destino.

Roth evoca seu alter-ago, Nathan Zuckerman, o escritor judeu, para conduzir a narrativa, como sempre, doando muito de si mesmo, fornecendo sentenças e parágrafos que parecem gravuras, tal sua vivacidade perante o leitor.

A riqueza vocabular e o apuro estilístico nunca saem de cena. A condução narrativa de Roth possui um vigor pouco encontrado hoje em dia, uma voltagem inimitável, que não a toa, o torna recorrentemente candidato ao Nobel, que, se não vier, será uma injustiça tal qual a feita com Jorge Luis Borges, e, mesmo se vier, será tardio.

A vida perfeita de Sueco Levov desaba num encadeamento ordenado, que se traveste de caos. O mundinho aparentemente indelével encontra sua ruina a partir do envolvimento de sua filha com um grupo de extrema esquerda. Ela se embebeda de comunismo revolucionário e, destruindo o castelo de cartas dos Levov, protagoniza um ato terrorista.

A tentativa de compreender o que aconteceu com sua vida é o que sustenta conceitualmente a obra. Por que a filha pirou no comunismo mesmo tendo a melhor educação possível? Por que as promessas de vida perfeita, a qual ele estava adaptado e não preparado para qualquer ocorrência contrária, desfizeram-se de maneira tão imprecisa?

Paralelo a isso, como é de praxe em sua obra, Roth cimenta a obra em efeito sanfona, com idas e vindas, e reflexões de detalhes que aparentam desimportância, mas garantirão volume dramático ao final.

De modo jubilante, insere noções de masculinidade, vislumbres do envelhecimento, como o ótimo momento em que discorre sobre como envelhecer é medir as realizações pelo número de filhos e netos; valor do trabalho, ética capitalista, amoralidade comunista, Vietnã e suas inequívocas paranoias, blefes morais e extremismo.

Já resenhei aqui A Marca Humana do autor, que, é ainda melhor do que Pastoral Americana. Se não leu um deles, ou ambos, não perca tempo.

Não se esqueça de que abrir mão de ler boa ficção emburrece.

Ler Philip Roth produz o efeito contrário.

site: http://www.voltemosadireita.com.br/pastoral-americana-philip-roth-e-o-comunismo-como-fator-de-decadencia/
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Tati 13/11/2016

Entre os livros que já li de Philip Roth, 'Pastoral Americana' entrou para os favoritos, junto com 'Homem Comum' e 'A marca humana'. Difícil falar de forma abrangente sobre ele, uma vez que é um livro constituído por diversas camadas. As diversas caras do sonho americano são dissecadas e acompanhamos o esfacelamento da vida do protagonista que construiu toda sua existência baseada nesse ideal. Foi ~interessante~ ler esse livro na mesma quinzena em que acompanhamos a eleição de Trump nos EUA e perceber como a história de Roth é atual. Mudam os grupos perseguidos (ou nem tanto) mas as narrativas não mudam.

"As pessoas pensam na história a longo prazo, mas a história, na realidade, é uma coisa muito repentina"

"A essa altura, ela já havia chegado à conclusão de que, na América, nunca haveria uma revolução capaz de erradicar as forças do racismo, da reação e da ganância. A guerrilha urbana era fútil contra uma superpotência termonuclear que não se deteria diante de coisa alguma para defender o princípio do lucro."
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Filino 23/11/2016

Por trás de uma vida perfeita...
... há um bocado de desajustes. Eis o mote do livro de Philip Roth!

Não dá prá falar muito, já que discorrer sobre o livro é praticamente revelar o enredo. No entanto, podem ser feitas algumas considerações acerca da sua forma. Em vários momentos, as divagações e os monólogos dos personagens se estendem por um bom pedaço. Isso ajuda a revelar o que é cada um deles e o que se esconde sobre a aparência que construíram (ou a que lhes foi imputada).

Ótima obra!
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