Hellen @Sobreumlivro 07/05/2017"[...]Amor demais era melhor do que de menos."Comecei Tudo o que Nunca Contei sem grandes expectativas - afinal, não tinha visto ninguém falando sobre esse livro ainda - mas, já nas primeiras páginas, fui levada para um universo particular: 1977, Ohio.
Uma garota se afogou no lago. Mas como pode Lydia, 16 anos, filha preferida de uma família de ascendência chinesa, que tinha pavor de água, se afogar?
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"Lydia está morta. Mas eles ainda não sabem disso." É assim que começa essa prosa extremamente bem desenvolvida, uma narrativa viciante (e calma), uma história simples de uma família (que poderia ser a de qualquer um de nós) retratada com brilhantismo pela autora Celeste Ng.
Desenvolvido em um cenário onde mulheres ainda eram criadas para ser boas esposas e mestiços (ou qualquer pessoa diferente de branco e americano) era considerado diferente, Tudo o que Nunca Contei narra as entrelinhas da vida familiar. Os sonhos que os pais depositam em seus filhos; os anseios por serem melhores e conquistar tudo aquilo que não conseguiram; a pressão para se encaixar e ser aceito; as verdades sorrateiras guardadas no fundo da mente, como fotografias velhas escondidas na gaveta.
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"[...]Amor demais era melhor do que de menos."
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Para entender essa história, é preciso conhecer essa família:
James (pai), por nunca ser aceito ou amado.
Marilyn (mãe), por ter seus sonhos menosprezados por ser mulher.
Nath, por não ser bom o suficiente.
Lidya, por ser querida demais.
Hannah, por não existir.
Celeste Ng desenvolve com precisão o desmoronamento da família diante da morte. Costurando as amarras dessa história, vamos descobrindo os motivos que levaram Lidya a se afogar.
Destaca-se que Tudo o que Nunca Contei permeia entre o que aconteceu com Lidya e os segredos familiares, cutucando a ferida dos pais que pressionam demais e acabam por sufocar seus filhos.
No mais, só posso ressaltar que esse livro virou um dos meus preferidos. E, por favor, a cada um de vocês que der uma chance ao livro, por favor, abracem Hannah, Lydia e Nath por mim. E ouçam o que eles tem a dizer.
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"Lydia está morta. Mas eles ainda não sabem disso."
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Há algumas semanas, postei a resenha de Tudo o que nunca contei, e foi super bem recebida por vocês. Assim, resolvi contar um pouquinho mais sobre um das minhas melhores leituras este ano.
Se você ainda não leu a resenha, procure em #ResenhaSobreumlivro para entender um pouquinho mais o que falarei abaixo. ;)
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"Eles vão dissecar essa última noite durante anos a fio. O que passou despercebido que deveriam ter notado? Que pequeno gesto, esquecido, poderia ter mudado tudo?"
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Para entender bem esse livro, é necessário conhecer bem os seus personagens.
Na família Lee, tudo parece ser perfeito. Mas se você olhar bem para as rachaduras e as entrelinhas, perceberá que nem tudo é tão normal assim.
Se olhar para Marilyn, verá uma mãe que não é o que deseja; que abdicou dos sonhos pela família.
Já o senhor Lee, é um homem que não se orgulha do que se tornou; que nunca foi bom o suficiente.
Olhando para o mais velho, Nath, perceberá a incompreensão e a mesma solidão do pai - de nunca ser bom o suficiente. Não como Lydia!
Se olhar para Hannah, a filha menor, nada encontrará, por que ela é invisível.
Mas quem é Lidya? Sociável? Amigável? Isolada? Pouco se sabe.
O que tem notícia é que ela fez tudo para agradar - e acabou se perdendo.
Agora que você já entende um pouquinho mais sobre os personagens, que tal ler alguns quotes? Garanto que vai se interessar ainda mais pela narrativa.
"Toda vez que olhar para isto, ela ouviu o pai dizer, lembre-se do que importa de verdade. Ser sociável. Ser popular. Integrar-se. Você não está com vontade de sorrir? E daí? Obrigue-se a sorrir."
"Teve vontade de dizer o que crescia em sua mente há dias: o que aconteceu com Lydia não era nada que eles pudessem trancar do lado de fora ou afugentar."
Embora já tenha dito isso no outro post, ressalto que Tudo o que nunca contei narra as relações familiares com muita honestidade, mantendo o leitor imerso em suas palavras, ao mesmo tempo em que cria diversas suposições em nossas mentes.
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