Sô 06/02/2018HQ incrível sobre Marguerite, uma mulher de 27 anos que se sente deslocada no mundo. Ela não tem vontade de interagir com colegas de trabalho, odeia socializar com os amigos do namorado, segue uma rotina certinha todo santo dia e faz tudo no seu ritmo. Qualquer acontecimento diferente é um parto pra ela e motivo de muito desgaste emocional. Cansada de se sentir assim e desconfiada que tem alguma coisa aí, ela resolve procurar no Google – onde mais? – e acaba se deparando com a possibilidade de ser autista. Agenda então algumas visitas com psiquiatras e muitos desconsideram essa hipótese se baseando em um único “sintoma” pré-definido: autistas não olham as pessoas nos olhos, logo, se você não tem essa dificuldade, não tem autismo. Olha que simples!
Mas para a sorte dela surge um médico bom e ela é encaminhada para fazer alguns testes e descobre que possui a Síndrome de Asperger. Ao contrário do que possa parecer, Marguerite se encontra encantada com o diagnóstico, afinal, tá aí a resposta pra tudo! Apesar de não mudar em nada de fato, saber o que está se passando pode ser muito reconfortante. E isso reflete de uma forma tão linda nos desenhos, adicionando cor conforme a personagem vai se sentido a vontade em sua própria pele. Você sente com ela a leveza da nova descoberta.
Nem tudo são flores, claro, e ela vai se deparar com muito preconceito gerado pela simples ignorância dos outros. Inacreditável pensar que ainda tem gente que associa autismo a algum retardamento mental. Pensando justamente nisso, ela resolve adaptar a história dela em quadrinhos para educar o máximo possível de pessoas. Ela própria vai conhecer outros “aspies” – apelido carinhoso usado entre eles - e finalmente sentir que pertence a algum lugar. Imagina também o alcance dessa obra para quem está passando por algo parecido? O quão tranquilizador deve ser?
O mais legal da HQ, além de educar sobre essa síndrome, é que transmite a ideia de que o diferente é legal, independentemente de você ser ou não autista, e que não há nada de errado nisso. Cada um é cada um. E outra, chega de padrões, né?