CrisIngrid 03/11/2020
Eu não sei o que é que o Mário tem que me faz gostar tanto dele
Mário Raul de Moraes Andrade, conhecido popularmente como Mário de Andrade ou, por mim, como Príncipe Arlequinal, nasceu em São Paulo no dia 9 de outubro de 1893. Foi um poeta, romancista, crítico de arte, musicólogo, folclorista e ensaísta brasileiro. Em 1922, participou ativamente da Semana de Arte Moderna, que teve grande influência na renovação da literatura e das artes no Brasil.
Pauliceia Desvairada é o primeiro livro de poesia publicado dentro do nosso modernismo. Os autores que frequentemente são citados como expoentes deste período vieram influenciados de vários outros países. Oswald de Andrade, por exemplo, pulsava com o futurismo conhecido em Paris, trazendo para o Brasil as maravilhas de um poeta que escrevia em versos livres. Desse modo, desde 1914 o termo “futurismo” já circulava pelos jornais do Brasil, sempre com as conotações de “extravagância”, “desvario” e “barbarismo”. O ponto de encontro de todos esses autores e artistas e suas influências foi a famosíssima SEMANA DA ARTE MODERNA.
O livro em questão abre-se com um “Prefácio Interessantíssimo” em que o poeta declara ter fundado o desvairismo: nessa poética aberta há afinidades com a teoria da escrita automática, que seria uma forma de liberar cruamente a psique e suas zonas noturnas. Mas a palavra chave dessa obra é ARLEQUINAL. Não se pode falar em Mário de Andrade e não citar esse termo. Muito já se pesquisou sobre o real significado de “arlequinal” do Mário, sem muitas conclusões definitivas, mas há uma boa interpretação para ele.
Quando o autor traz esse termo, está se referindo ao Arlequim, personagem da antiga comédia italiana cujo traje era composto por vários losangos, ou seja, o todo era composto por vários pedaços. Logo, ele se referia a algo “multi”, um todo formado por fragmentos. Mário demonstra nesta obra que sua musa inspiradora é a cidade de São Paulo. Trocando em miúdos, São Paulo é arlequinal, tanto étnica como culturalmente, pois é formada da junção da multiplicidade cultural trazidas por pessoas das mais diversas regiões.
Há tanto o que se falar sobre esse livro e tão poucos caracteres para isso. Então leiam Pauliceia Desvairada, leiam Mário de Andrade, pesquisem sobre essa obra, porque, além de arlequinal, ela é brilhante.