Carol 04/09/2017
Bom, mas não o melhor de Melissa
Melissa De La Cruz já é figura carimbada por aqui. Não que tenha lido milhões de livros dela, mas já li uns dois em inglês, e um deles é o primeiro da série de Frozen, que é uma distopia que amo de coração. Então quando vi que a Harper ia lançar esse livro, tratei de pedir emprestado e já fui lendo. Porque, né, autor quando a gente gosta, precisa mostrar para o mundo o motivo.
Jasmine é uma adolescente padrão norte-americana: Linda, líder de torcida, popular e bastante esforçada. Só que ela não é americana. Por ter origens Filipinas, ela acredita que deve ralar mais do que os outros estudantes da escola para alcançar oportunidades semelhantes, e assim o faz. Mora numa casa simples, de um bairro simples com dois irmãos menores e os pais, um motorista e uma servente de hospital.
Quando ela é aceita numa espécie de bolsa de estudos, Jasmine vê sua oportunidade de fazer a diferença na vida dela e da família. Acontece que o sonho cai por terra quando ela descobre que não tem o Green Card, que é o cartão que libera os imigrantes a terem direitos semelhantes aos americanos. Ou seja, ela está ilegalmente no país, e não pode concorrer a uma bolsa desse jeito.
Em contrapartida a essa destruição de seus sonhos, ela conhece Royce, que é um lindo menino, filho de um congressista que é totalmente contra a invasão dos imigrantes no país. Ok, pode não ser uma coisa tão boa, né? Pois é. E agora Jasmine fica em cima de muro, sem saber o que fazer com a eminente possibilidade de ter que virar serviçal, se continuar sendo ilegal no país, ou precisar voltar para seu país de origem para conseguir estudar e fazer tudo o que ela é capaz de fazer. Sem contar qu está apaixonada pelo o que seria o filho do seu inimigo. Já viu o drama, né?
Quando o leitor acaba o livro, se vê com algumas informações da autora sobre o que ela precisou passar para conseguir o próprio Green Card. Achei isso bastante válido, visto a quantidade de pesquisa que Melissa precisou realizar para escrever esse livro, em termos políticos e sociais. Ela realmente tinha segurança quando colocava cenas de tribunal ou sobre as leis americanas quanto aos imigrantes. Em todo momento, durante a leitura, ficava pensando como nós, brasileiros, somos meio largados para esse tipo de coisa. Aqui todo mundo entra e todo mundo faz. É uma coisa positiva? Sinceramente? Não sei se acredito 100% nisso.
Eu gosto das partes mais sérias que a autora insere nesse texto. Talvez pense que seja um livro grande demais e que bem poderia ter cinquenta páginas a menos, principalmente das brigas inúteis e que não terminavam em lugar nenhum do casal. O que eu gosto dos momentos políticos e familiares desse livro, o detesto em relacionamento Jasmine e Royce. Não que ele não seja fofo, só é meio imbecil demais. Lesado, sabe? Não tenho paciência para personagens assim.
E daí a autora fica intercalando nossa atenção entre o problema da expulsão de Jasmine do país, e esse amor meio "argh" entre eles dois. Ficaria tranquila sem essa parte, ou teria criado um personagem masculino que fosse um pouco mais firme para contracenar com ela. Ele é chato!
Já a família dela compensa porque eles são uma delicinha. Curto muito os núcleos familiares bacanas nos livros que leio, ainda que seja uma escritora que tende a destruí-los. É bom ver que nem toda família é ferrada, e a de Jasmine é um amor.
Enfim, é um livro legal, mas não é a melhor coisa que li da autora. Acho que ela abordou bem as relações de imigração e o sentimento de desespero que isso gera em quem possa ser deportado. Mas falhou um pouco no relacionamento da personagem com o par romântico dela, o que é uma pena. Mas não por isso deixo de recomendar.
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