spoiler visualizarRai Gumerato 17/01/2023
Sinceramente, não sei nem como começar esta resenha.
Vi algumas pessoas dizerem que não gostaram muito da conclusão da saga porque a história foi mais para o lado do thriller do que para a atmosfera sombria dos volumes anteriores. Respeito e entendo essas opiniões. Mas, às vezes, a ganância humana e até que ponto um homem vai para supri-la pode ser mais sombrio do que qualquer enredo de escritores malditos e pactos com o Diabo.
Assim como David Martín me conquistou O Jogo do Anjo, neste volume Alicia Gris rouba a cena e me fez amá-la a cada defeito e desvio de caráter que revelava por entre as páginas. A família Sempere (incluindo Fermín e a finada porém sempre viva Isabella) traz a esperança de pessoas e tempos melhores mesmo nas cenas mais tristes. Isaac e Nuria Momfort retornam, ainda que brevemente, num apelo para que aproveitemos a vida e as pessoas que nos rodeiam antes que seja tarde demais.
Por último, Julián. Carax ou Sempere, tanto faz.
Os dois representam perfeitamente o significado dessa saga, e é muito interessante a escolha de Zafón por iniciar e terminar tudo com eles. Cemitério dos Livros Esquecidos é sobre pessoas, inclusive aquelas que eternizam outras pessoas através de histórias. Os Julián's, talvez até mais do que David e todos os outros escritores citados ao longo destes quatro livros, representam e nos lembram do real sentido desse ofício: tocar alguém que sequer nos conhece usando narrativas que contém um pouquinho de cada alguém que também nos tocou tempos antes.
Obrigada, Zafón, por ter tocado minha alma assim como o fez com a de milhares de outros leitores. Espero que Carax, Nuria, David e Isabella o tenham recebido bem e estejam ouvindo todas as histórias que você não teve tempo de nos contar.