Paulo Silas 02/01/2016A jornada do Ka-tet de Roland, Jake, Eddie, Susannah e Oi prossegue nesta quarta parte da série "A Torre Negra". Mais um bom livro da saga que fornece ao leitor algumas respostas sobre as indagações dos livros anteriores. Em contrapartida, diversos novos questionamentos surgem na medida em que o enredo avança.
Retomando o final do terceiro livro da série, "Mago e Vidro" inicia com o ka-tet enfrentando o problema com o monotrilho Blaine. A vida do grupo está nas mãos da máquina suicida, a qual insiste em matar todos. A solução surge da ideia de enfrentar Blaine com adivinhações.
Ao finalmente desembarcarem, o grupo de Roland se vê em um "quando" e um "onde" diferente do imaginado. Até que consigam descobrir o que está acontecendo ("em que mundo estão?" "em que época?" "o que aconteceu?" "como isso tudo foi possível?"), Roland aproveita para se abrir mais para os seus companheiros, compartilhando as raízes de sua alma com a história de sua vida que lhe assombra.
É com enfoque na história de Roland que o livro segue, quando em uma noite (ou foram várias noites? O tempo já não faz sentido no mundo [qual?], vez que não mais segue uma ordem lógica como de costume) em que param para descansar, o pistoleiro compartilha a sua história com o grupo.
Roland jovem, seu ka-tet do passado, aventuras antigas, o amor da sua vida, seus inimigos e seus demônios pessoais e familiares são narrados ponto a ponto, mostrando aos seus companheiros (e ao leitor) um lado até então desconhecido do pistoleiro.
Passado, presente e futuro se unem, já que o ka assim regula. E o liame da história de Roland com o que o grupo passa a vivenciar na sequência evidencia isso.
Um livro bastante extenso. Em algumas partes chega a ser enfadonho, dada a elasticidade conferida a alguns fatos pelo autor. O próprio Stephen King, no posfácio, explica que procrastinou bastante a escrita deste volume considerando que a abordagem realizada necessitava de uma roupagem mais emocional/sentimental - o que o autor não estaria acostumado.
Independente disso, o livro acaba sendo ótimo. Das mais de oitocentas páginas, apenas umas duzentas contam com o prosseguimento da trama efetivamente. O restante (a maioria) é a história da vida de Roland, contada pelo próprio de um modo peculiar. É um relato do passado.
Novidades, respostas e mais dúvidas esperam o fiel leitor da série. Mais um acerto do autor.
Recomendo!