Léia Viana 08/10/2017
Entretenimento reflexivo
“Ser o melhor aluno da escola é para os fracos”
O livro de Danilo Gentili não é uma história, parece mais um manual de instruções na árdua arte em ser o “aluno problema”. Li em quase uma hora e me lembrei de um período muito bacana da minha vida: a escola, sim eu gostava da escola, dos alunos, dos professores, da merendeira e de todos aqueles que compunham o cenário escolar. Mas também gostava dos alunos bagunceiros, aqueles que nos despertavam de uma aula morna, que nos fazia rir e até mesmo os abominar por serem tão bagunceiros, e às vezes, tão chatos.
Durante a minha vida escolar convivi com os dois piores alunos, em épocas e escolas diferentes. Com um deles fui a primeira e única vez para a diretoria e anos depois acabei me casando com ele.
Existem alguns exageros que nos fazem parar para pensar como o de comparar a escola com um presídio, mas, infelizmente, têm lá a sua semelhança. Escola e presídio são espaços que se perderam e não acompanharam a evolução. Existe uma palestra do filósofo Cortella em que ele questiona o método de ensino da escola que continua a se repetir, educadores esqueceram que o mundo mudou, a tecnologia esta cada dia mais presente e que o aluno de hoje não é o mesmo de ontem, então por que continuar a repetir o mesmo método de aula? Com os presídios não está sendo muito diferente: celas lotadas e sem nenhum programa inteligente para tentar recuperar o preso para a sociedade. Prende, solta, prende, solta. Estamos, nos dois casos, “enxugando gelo”.
Assim como Quino, em “Quanta Bondade!, que ironiza a "bondade", "caridade" praticada pelas pessoas, muitas vezes com propósitos não tão bons, esse manual é uma piada, uma sátira para o modelo de aluno “nerd”, que todos acham que tem futuro garantido na vida, ao contrário dos piores alunos que não serão “nada” na vida. Balela pura! Aqui temos paradigmas a serem quebrados.
Gostei muito das ilustrações do livro, da diagramação e de como Danilo eleva a auto estima do pior aluno, que fique claro que não é aquele que não gosta de estudar, e sim, aquele que tem senso crítico, tem criatividade, bom humor e não se enquadra no modelo “parão” de estudante. Einstein era um deles.
Leitura recomendada!