Rakushisha

Rakushisha Adriana Lisboa




Resenhas - Rakushisha


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Toni 16/03/2023

(re)Leituras de 2022

Rakushisha [2007]
Adriana Lisboa (RJ, 1970-)
Alfaguara, 2014, 200 pág.

Segunda vez que leio este romance de Adriana Lisboa (em virtude de uma banca que acontecerá em breve) e confesso que o livro se saiu melhor agora do que ao final da primeira leitura. Neste que é talvez seu romance mais palimpsêstico (com a colagem integral de um diário de viagens de Bashō e passagens estilizadas que remetem às listas de Sei Shōnagon), Lisboa nos apresenta a Haruki, um desenhista carioca que sabe muito pouco de suas origens nipônicas, e Celina, artesã de bolsas que vive há seis anos assombrada por uma tragédia e por um perdão que se sente incapaz de conceder. Após um encontro fortuito, essas duas personagens acabam empreendendo juntas uma viagem ao Japão.

‘Rakushisha’ é mais um romance sobre luto e deslocamento – duas faces de uma poética que se manifesta em quase todas as narrativas mais longas da escritora. O título faz referência à casa onde se hospedou o poeta Bashō nos anos de 1689, 1691 e 1694, e significa “Cabana dos Caquis Caídos”. Haruki é contratado para ilustrar uma edição do diário que o escritor japonês escreveu durante sua segunda visita à Rakushisha. E Celina, por sua vez, à medida que lê as passagens do breve livro traduzido, traçando seu próprio itinerário pelas ruas e atrações de Kyoto, também produz um diário de viagem. Nesse processo, reaprende a reconhecer os passos que a levaram até ali.

Por meio de infinitos estilhaços de uma linguagem luminosa, precisa e pungente, Lisboa constrói seu texto como quem tira camadas de panos quentes sobre uma ferida ainda aberta. Inadvertidamente encontrei aqui, a propósito, uma bela síntese de sua obra: “A viagem nos ensina algumas coisas. Que a vida é o caminho e não o ponto fixo no espaço. Que nós somos feito a passagem dos dias e dos meses e dos anos, como escreveu o poeta japonês Matsuo Bashō num diário de viagem, e aquilo que possuímos de fato, nosso único bem, é a capacidade de locomoção. É o talento para viajar.” É neste movimento que nossos lados de dentro e de fora se encontram, produzindo beleza e curando feridas.

#adrianalisboa #rakushisha #resenha #literaturabrasileira #romance
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*Carina* 08/03/2011

Guia de viagem: um pé depois do outro.
Guia de viagem
do outro e de si mesmo
numa só embalagem.

Esse rascunho de HaiKai é uma tentativa de homenagear a Adriana Lisboa e esse livro que na verdade é um longo poema que fala de viagem, amor, acaso e tudo mais de importante que existe na vida.

Logo no começo do livro Adriana fala sobre o andar: um pé depois do outro. E assim segui com ela todos os capítulos, lendo, vivendo e sentindo cada palavra escrita, uma após a outra. E terminei a leitura pensando: essa simplicidade do "um pé depois do outro" é algo que me custa tanto. Sinto uma enorme dificuldade em me deixar levar sem saber aonde o caminho me levará, e em aceitar que é o caminho, e não o destino final, o que realmente importa.
A viagem de Celina e Haruki ao Japão é, na verdade, como aliás toda viagem, uma jornada para dentro de si. O caminho dos dois se cruza e a partir daí tudo acontece em "quase-sustos, um grande por acaso com cacoetes de gestos definitivos" como Adriana escreve tão bem. E a sensação que me ficou foi que tudo na vida é assim. Nós é que não suportamos, e tentamos, sempre, remover o acaso e a fragilidade de cada decisão tomada, pensando que assim construímos um caminho mais seguro. Mas não há segurança; o destino final muda à cada passo dado. E, se é assim, só nos resta caminhar, um pé depois do outro, e apreciar a paisagem.




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Hase 14/06/2011

Para sentir...
Uma grata surpresa! É um daqueles livros que a gente começa a ler sem muita expectativa e acaba se apaixonando. Conta a história de um casal que viaja ao Japão ao mesmo tempo em que iniciam, cada um, a sua própria viagem interior. A Adriana Lisboa consegue desenvolver uma narrativa muito leve e ao mesmo tempo carregada de sensibilidade.
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Paula 01/08/2009

Um Haikai
"Aquele mito de se tratar de algo que nunca se esquece não passava disso: um mito. Quase tudo era passível de ser esquecido. Muitas outras coisas insistiam em não ser esquecidas. E assim a memória seguia como subalterna do coração" pá. 115

"Essa é a verdade da viagem. Eu não sabia.
A vida nos ensina algumas coisas. Que a vida é o caminho e não o ponto fixo no espaço. Que nós somos feito a passagem dos dias e dos meses e dos anos, como escreveu o poeta japonês Matsuo Basho nun diário de viagem, e aquilo que possuímos de fato, nosso único bem, é a capacidade de locomoção. É o talento para viajar". pág. 125

"A viagem sempre é pela viagem em si. É para ter a estrada outra vez debaixo dos pés. Há sempre um E SE em algum lugar". pág. 82

"Haveria como guardar para sempre uma pessoa dentro dos braços de uma noite específica e das noites seguintes, poucas, insuficientes, guardar essa pessoa no aconchego de travesseiros e cobertas, no interior pulsante de um quarto, entre o disfarce de quatro paredes.
Dentro do desejo se estenderia o tapete da materialidade. Nenhum anjo do apocalipse, falso ou verdadeiro, viria incomodar, porque os anjos estariam ali mesmo e seriam de carne, osso e sexo, com asas dobradas, capazes de operar a queda invertida: do inferno ao céu" pág. 37
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Carolina 11/08/2015

Sutil
Livro de uma delicadeza que dói. Cada palavra tem seu devido lugar neste lindo romance.
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Luiz Gustavo 13/08/2020

O título desse romance remete a um local turístico de Quioto, que poderíamos traduzir como “Cabana dos caquis caídos”, criado por Mukai Kyorai, discípulo de Matsuo Bashō, o grande mestre do haiku (uma forma curta de poesia). Foi o primeiro romance que li da Adriana Lisboa, e a impressão que ficou quando o li foi a de que é um livro de grande sensibilidade poética. O enredo da narrativa não é tão importante quanto as emoções que são suscitadas pelas figuras de linguagem utilizadas. O livro foi escrito com o auxílio de uma bolsa de pesquisa da Fundação Japão, e é claro que a cultura japonesa está presente do início ao fim da narrativa, mas o que mais chama a atenção é o tema da viagem, que sugere reflexões que vão muito além das referências culturais e/ou geográficas. Mais significativa do que a viagem que a escritora e seus personagens fizeram ao Japão, é a viagem interna que os protagonistas do romance, Haruki e Celina, esta principalmente, fazem internamente, desvelando memórias e sentimentos em busca daquilo que é mais essencial. Há muita intertextualidade com os escritos de Bashō, tanto suas poesias quanto seu diário, e a autora parece ter se deixado inspirar pela sensibilidade japonesa, que apresenta o mais banal com muita delicadeza, com imagens que preenchem o cotidiano de poesia, como “o instante que se desmanchava, colher de sal dentro d’água”. Tenho diversos trechos do livro destacados, e me lembro de comentar com algumas amigas o quanto a leitura me deixou impactado, reflexivo e um pouco melancólico. É um romance belíssimo.
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Thea.Marchesi 14/08/2020

É....
Achei uma leitura bem trabalhosa e que se perdia muito em pensamentos que julguei desnecessários e que não acrescentavam tanto a história. E a gente não sabe o que aconteceu com o marido ou que fim Haruki teve. Este último terminou o livro da mesma forma que começou. Não consegui me evolver com os personagens nem com a história

Não é meu estilo de livro, definitivamente.
() 06/02/2022minha estante
SPOILER - A autora dá a entender que houve um rompimento com o marido porque a Celina o culpava pela morte da filha Alice. Mas eu concordo com você, o livro se perde demais e não resolve nada no fim.




Ju 22/02/2010

Primeiro livro de muitos que pretendo ler da Adriana Lisboa.
Uma literatura pontual, convincente, carismática, diferente e linda.
O livro passa uma mensagem maravilhosa de evolução através de metáforas, lirismos extraordinários e brilhantes.

"...é preciso ter pequenas metas. Um pé depois do outro."
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Tito 15/07/2013

Uma pequena e delicada fraude, exata em sua delicadeza.
Larissa 17/12/2013minha estante
Se referindo a qual obra? Eu gostaria de saber.




GH 02/04/2015

Viajando sem bagagem; só a lembrança...

Em Rakushisha, admito que fui surpreendido. Acho que nunca li um livro assim, tão... diferente. Mas no bom sentido, felizmente. Pela sinopse achei que seria outra coisa, talvez um romance clichê onde o destino juntou duas pessoas e viveram felizes para sempre, mas (felizmente, novamente) não. Aqui encontramos um cara, mais especificamente Haruki, um desenhista carioca, que, ao tentar ler um livro em japonês dentro do metrô atrai a atenção de uma moça, a Celina. Após esse fato ambos se conhecem, tomam um café e Haruki a convida para ir viajar com ele. Em meio de tantas dúvidas e vários ''e se'', ela aceita.
Ai que o livro começa a ficar interessante, pois através da narrativa lirica, ora melancólica, ora poética, conhecemos mais do Japão, com suas peculiaridades já conhecidas e mais de seus personagens, onde cada um conta seu dia a dia no país do sol e relembram, as vezes com felicidade, tristeza, nostalgia ou amargura, seus bons momentos na vida.

Nada é tão agradável quanto a solidão. O Eremita Chõshõ escreveu: ''Se um hóspede encontra paz pela metade de um dia, o anfitrião a perde pela metade de um dia.''
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lorena.ja 20/07/2018

Sensível e único
Este é o segundo livro da Adriana Lisboa que eu leio. Como sempre uma escrita única e extremamente sensível. Nesta estória ela consegue transpor a delicadeza da cultura japonesa em duas histórias de vida que se encontram e correm paralelas. É maravilhosa a escrita dela. Diferente. Sensível. Única.
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Andre.Coletta 05/12/2023

"Rakushisha" significa "Cabana dos Cáquis Caídos"
Poético. Muito se fala sobre essa questão da literatura nos permitir viajar e, em síntese, esse livro é sobre isso, sobre como essa viagem é o que torna a vida possível.

Não é um livro fácil, a escrita da Adriana Lisboa é de uma poesia única, há vários trechos que as lágrimas simplesmente escorrem, enquanto outros você precisa de muita concentração para compreender em que pé se encontra a narrativa.

O que mais me tocou de fato foi a construção da personagem Celina, de uma delicadeza maravilhosa, a forma como a perda, como o luto foi traduzido nesse livro, principalmente nessa personagem, sublime.

Enfim, um livro que vale a pena.
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Cláudia Matta 23/11/2014

Uma escrita delicada
A palavra “Rakushisha” significa “Cabana dos Caquis Caídos” é um local onde residira o poeta japonês Mukai Kioray, discípulo de Bashô, um mestre do haicai que viveu entre os anos de 1644 e 1694.

Haruki é convidado para ilustrar a tradução de uma obra clássica japonesa, "O diário de Saga", de Matsuo Basho. Diante desse desafio, resolve passar um tempo no Japão.

Às vésperas da viagem, seu destino se cruza com Celina, em um vagão de metrô, na cidade do Rio de Janeiro. Por impulso, convida Celina para ir com ele ao Japão, e ela aceita.

Inicia-se assim, a viagem de duas pessoas pela busca interior, pelo entendimento de suas dores.

O livro é excelente. Lindíssimo. Vale a leitura.

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