Garotas mortas

Garotas mortas Selva Almada




Resenhas - Garotas Mortas


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ElisaCazorla 11/06/2019

Qual é a contribuição deste livro?
Talvez contribua para adolescentes sem qualquer informação sobre violência de gênero.
Escrever minhas impressões sobre este livro não será fácil pois o assunto que ele levanta é muito delicado. Afirmar que não gostei deste livro não tem qualquer relação com as tragédias que aconteceram com várias mulheres citadas aqui ou tantas e tantas outras que sofrem ou sofreram inúmeros tipos de agressões de seus companheiros ou de qualquer homem que, por qualquer motivo, se achou no direito de violá-la, possui-la, agredi-la, diminui-la, humilha-la ou matá-la. Todas essas agressões me incomodam, me perturbam e me assombram. Mesmo assim o livro não fez, para mim, muito sentido.
Alguém havia me dito que este é um livro jornalístico mas já nas primeiras páginas muitas coisas apontam para longe do que eu imagino ser uma investigação jornalística. Continuei esperando que uma investigação séria se mostraria. Não acontece.
Saio do livro sem saber quase nada sobre as vítimas e sobre os crimes que a autora se propôs a investigar. Ela faz, sim, uma descrição sobre vários tipos de violência contra mulheres, mas nada do que ela diz acrescenta algo. Não preciso deste livro para receber um relato sobre violência contra mulheres. Basta ligar num jornal ou conversar com uma vizinha ou apenas ouvir o que muitos homens falam sobre as mulheres e sobre mim, inclusive.
O livro se resume num amontoado de 'eu acho'. "Eu acho que foi assim que aconteceu" da autora, "eu acho que foi isso que motivou" das pessoas que ela entrevista, eu acho que, eu acho que, eu acho que. E o pior é que ela vai em uma Senhora que lê cartas de tarô para ouvir o que as mulheres assassinadas têm a dizer. Como é? Se este livro fosse um romance policial seria um bem ruim, mas seria um romance. No entanto, este livro pretende ser um NÃO FICÇÃO e de não ficção ele tem quase nada.
Basear sua narrativa em entrevistas é uma coisa perigosa para um livro que se propõe e a ser não ficção! As entrevistas não sofrem qualquer análise crítica ou teórica e também nãos são contextualizadas social, cultural ou historicamente. São apenas relatos que parecem um amontoado de fofocas. Além das afirmações da Senhora cartomante que a autora parece considerar fatos e relevantes. O que é isso??
Se o seu objetivo era manter viva a memória dessas três mulheres, acho que também não teve sucesso algum, pois saio do livro com poucas informações sobre elas e suas vidas e suas particularidades.
Sobre os crimes e a investigação não há nada, quase nada. Se a polícia e a justiça falharam e a intenção da autora era oferecer alguma investigação mais aprofundada sobre os crimes, ela também falhou.
Por fim, um livro falho, fraco, sem informações importantes, levanta questões do senso comum já muito discutidas, debates muito rasos - quando aparece um. Talvez para uma adolescente sem qualquer informação sobre violência contra a mulher esse livro traga alguma contribuição e possa ajudar a pensar sobre isso.
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Marina 22/06/2019

Pesado mas extremamente necessário. E apesar de forte, um livro muito prazeroso de ler. Não espere grandes investigações e tramas policiais. Espere um livro que fala de feminicídio, nu e cru, que escancara nossa total vulnerabilidade nesse mundo, com nuances ricas da vida da autora. Uma obra pra falar daquelas que são mortas todos os dias, das mais diversas formas. De todas aquelas esquecidas pelo tempo e pelo acúmulo incessante de mais manchetes, mais casos incompreensíveis, mais garotas mortas.
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Daniela 31/01/2022

Relatos difíceis
Este livro é um compilado de investigações sobre mortes de mulheres. A maior parte sem desfechos ou por motivos torpes, ou sem explicação plausível e que muitas vezes parece que é por causa da posição a qual a maioria das mulheres é submetida. Se nossa vida não importa, nossa morte menos ainda.
É um livro sobre a realidade nua e crua.
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Nádia C. 16/12/2019

Além do choque
Quando criança, quase adolescente, a pequena Selva Almada ouviu no rádio uma notícia sobre o assassinato de uma mulher, ocorrido perto de onde ela morava, esta notícia, mesmo sem todo o raciocínio crítico de mais tarde, já impressionou a escritora, ao imaginar que: ela poderia ter sido a vítima.

Ao longo do livro, que é descrito como jornalismo literário, a escritora argentina escolhe 3 casos de feminicídio (palavra que ainda não é nem reconhecida em todos os dicionários) ocorridos nos anos 80 na Argentina para se questionar sobre as condições de violência que todas as mulheres estão expostas simplesmente por serem mulheres. Os casos relatados são de certa forma "aleatoriamente" escolhidos, poderia ser qualquer um, poderia ser ela mesma, é o que une cada leitora e a própria escritora de forma intima as vítimas desses assassinatos - todos sem resolução até hoje.

Não há uma linearidade na narrativa, a autora entrelaça memórias pessoais, como quando pedia carona no caminho da escola, ou uma história de quando o pai tentou bater na mãe dela, também seus relatos ao decidir escrever o livro e a busca pelos familiares das vítimas ou informações que a fizessem juntar as peças dos casos, mesmo sem nenhuma intenção policial. Em algum momento percebi que ela procurou reviver essas histórias não na tentativa de solucionar algo, que já parecia perdido - ou que na verdade é mais do que encontrar um culpado - um culpado abstrato personificado nos assassinos: patriarcado.
Segundo Christine Delphy e, "Dicionário Crítico de Feminismo":

“Patriarcado” é uma palavra muito antiga, que mudou de sentido por volta do fim do século XIX, com as primeiras teorias dos “estágios” da evolução das sociedades humanas, depois novamente no fi m do século XX, com a “segunda onda” do feminismo surgida nos anos 70 no Ocidente.

Nessa nova acepção feminista, o patriarcado designa uma formação social em que os homens detêm o poder, ou ainda, mais simplesmente, o poder é dos homens. Ele é, assim, quase sinônimo de “dominação masculina” ou de opressão das mulheres. Essas expressões, contemporâneas dos anos 70, referem-se ao mesmo objeto, designado na época precedente pelas expressões “subordinação” ou “sujeição” das mulheres, ou ainda “condição feminina”. (fonte: qg feminista)


É a partir dessa noção que Selva Almada vai mostrando que a violência feminina na sociedade patriarcal que vivemos - no mundo todo, em alguns lugares em níveis maiores que os outros - fazem parte do cotidiano de meninas e mulheres de forma extremamente naturalizada. É ao se dedicar a escrever sobre 3 casos já esquecidos e sem solução que a autora tenta resgatar a memória das vítimas e de tantas outras esquecidas pela ideia de que "nada podemos fazer" e dizer: nossas vidas importam!

Quando que meninas começam a ter essa noção de mundo? A ideia assustadora e quase paralisante de que podemos ser a próxima vítima? E não só de um assassinato, podemos ser a próxima vítima de um assédio sexual, de um "fiufiu", de uma coerção sexual, de manipulação psicológica, de estupro, de uma tentativa de estupro, de um soco, de um relacionamento abusivo, de uma sex tape vazada na internet, de uma nude vazada na internet, de uma mentira de cunho sexual que contam por aí, entre tantas outras violências.

Quando tomamos consciência que nascer menina é estar exposta a não pode existir livre? E o que fazer ao saber disso?

Selva Almada não dá nenhuma resposta para isso, e nem pretende. Em Garotas Mortas somos entregues a perguntas e a desolação de se perceber mulher num mundo em que homens querem te violentar na primeira oportunidade que tiverem.

E não há quem ouse dizer que isso é exagero, é só dedicar 10 minutos a pesquisar que você poderá encontrar que hoje mesmo, uma mulher sofreu algum tipo de violência, é só perguntar a qualquer mulher próxima que você terá um relato de algum tipo de violência que ela tenha sofrido, seja sutil ou não. Mas homens também sofrem violência, alguns desonestos insistem em dizer, mas não sofrem por simplesmente nascerem homens.

O ponto negativo que achei do livro é que pra mim, ela poderia ter se debruçado a uma análise mais profunda e crítica sobre o feminicídio e o machismo cotidiano. Como o livro acaba levando um tom muito subjetivo e até poético, a autora acaba deixando de se posicionar mais em alguns momentos, ela expões detalhes que imagina sobre os momentos da morte o que dá uma sensação apenas de "choque", é preciso em obras como esta, que são criadas como manifesto contra isso, que seja claro como vivemos numa sociedade totalmente contaminada pelo machismo e como isso que leva a morte de mulheres.

O final também é bastante desolador, como já disse, Selva Almada conclui que só estamos vivas por pura sorte, o que não deixar de ter sua verdade, mas também precisamos nos apegar a esperança de que podemos lutar de alguma forma enquanto estamos vivas. Inclusive decidir escrever um livro sobre isso é uma forma de não estar viva apenas desejando não morrer na próxima esquina.

Achei o livro importante, mas faço essas considerações, devemos ler Garotas Mortas como um manifesto contra o silêncio, estamos vivas e vamos fazer barulho.

site: https://as-virgulas.blogspot.com/2019/12/garotas-mortas.html
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Leninha 19/04/2020

Três garotas são assassinadas na decada de 80 enquanto a Argentina retorna para a democracia.
?
A autora investiga estes casos, e enfrenta uma triste realidade: não há culpados, pois são crimes considerados 'menores', mostrando que a violência contra a mulher acaba se tornando algo comum. Interessa apenas aos familiares a àqueles que podem obter proveito com a situação.
?
Nos três relatos, observa-se o menosprezo pela figura feminina e a banalidade do feminicídio.
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Suelen 31/05/2020

Tema muito importante
Cada vez mais o feminicídio está tendo relevância nas mídias e o assunto está sendo mais discutido.
Apesar de ler com um aperto no peito, eu consegui ler o livro em 2h, pois ele é bem curtinho. Gostaria que houvesse um final mais conclusivo onde os assassinos fossem descobertos e pagassem pelos crimes, mas sabemos que no mundo real isso nem sempre acontece, infelizmente.
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Jessica Hellen 11/06/2020

Um relato doloroso
- Talvez seja essa a sua missão: recolher os ossos das garotas, armá-las, dar-lhes voz e depois deixá-las correr livremente para onde tiverem que ir -

Selva Almada escreve um livro simples, honesto e doloroso que conta pedaços da vida (e morte) de várias mulheres. Mulheres essas que por vezes foram esquecidas mas que merecem ser lembradas.

Eu não sei como resenhar livros assim, não sei como explicar o aperto no peito de ler como vidas foram ceifadas tão novas. Todas essas mulheres mereciam mais. Todas nós merecemos mais.

O que talvez tenha me incomodado é o final inconclusivo, veja bem, eu não esperava que as investigações dela solucionassem os casos de Sarita, Maria Luiza ou Andrea. Mas gostaria que a autora tivesse pelo menos concluído este livro com o desfecho dos processos, ou atualizações sobre eles.

- Leitura do mês de Junho do Clube do Livro Quinta Página
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Suellen 13/07/2020

Pensava que se tratava de uma espécie de registro documental sobre os crimes, mas a narrativa da autora foi muito confusa e chata pra mim, não me prendeu. Mas o que garante 2 estrelas é que ela se empenhou em descobrir o que aconteceu àquelas mulheres.
Sempre será necessário escrever sobre a violência enquanto ela continua quase imutável em relação à mulher, infelizmente, não mudou muito da década de 80 pra cá, a impunidade continua presente nos crimes de feminicídio .
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Magasoares 28/04/2022

Garotas Mortas
São relatos de assassinatos de três mulheres. Não conhecia essa autora, e gostei muito da escrita dela. Comprei esse livro baratinho num sebo, e valeu a pena. Recomendo
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Renata 23/12/2022

Um livro real que chega a dar medo. Relatos tristes e ao mesmo tempo necessários, dando ênfase a histórias esquecidas que devem ser sempre lembradas por todas as mulheres e pela sociedade em geral, para que não se repita.
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romulorocha 14/12/2022

Garotas mortas, de Selva Almada - 9,5/10
#GATILHO DE VIOLÊNCIA CONTRA MULHERES

Selva Almada nasceu em Entre Ríos, Argentina, em 1973. Vem sendo considerada pelos leitores e pela melhor crítica uma das grandes revelações da literatura argentina.

Em Garotas mortas, Almada reúne histórias reais sobre casos de feminicídio na Argentina. Sob um olhar profundo e marcante, somos levados aos cenários dos crimes, seus contextos e os seus impactos na sociedade, os quais infelizmente acabaram sendo pouco significativos. Em um caminho contrário, Almada realça estes impactos, os expõe e os coloca em evidência, dá a voz e a oportunidade de lutar pela justiça e pelo direito das mulheres que as vitimas não tiveram.

O livro é muito forte e inquietante. Você vai lendo e se horrorizando com o grau de violência que uma sociedade machista e patriarcal pode produzir. Mesmo difícil, eu penso que livros como estes sejam cada vez mais necessários de serem lidos, comentados, discutidos, sobretudo entre homens, pois somos nós parte, senão, o todo responsável por tamanha atrocidade.

#resenhasdoromulo
#literaturaargentina
#garotasmortas
#selvaalmada
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Giselaine 29/10/2020

Fim
Livro pequeno, denso, forte. Tive que parar de ler várias vezes, pq cada história secundária retratava me dava uma revolta e reviravoltas no estômago. Selva Almada escreveu lindamente sobre o feminicidio, o seu impacto na vida dos que ficam. História de três garotas: Andrea, Maria Luiza e Sarita, que foram assassinadas na flor da idade, de diferentes formas e os crimes nunca solucionados. Descreve muito bem as violências sofridas pelas mulheres, a cultura interiorana, seus preconceitos e supertições. Um livro que deve ser lido por todos. Super recomendo!
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Ana Karina 05/02/2021

Um livro importante
Garotas Mortas é uma narrativa de não-ficção em que a autora investiga três casos de feminicídio em seu país na década de 1980. O livro inicia com as memórias de infância da narradora-autora o quer, de certa forma, a coloca em um lugar muito próximo ao das vítimas de assassinato. Cada uma dessas mulheres possui trajetórias de vida diferentes, no entanto, a escritora denuncia esses crimes, mostrando como as violências diárias contra as meninas e mulheres acabam fazendo parte de algo considerado “normal”.⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
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Apesar de suas poucas páginas, Garotas Mortas é uma leitura densa, de tema importante, que denuncia um problema sério de nosso tempo.

site: https://www.instagram.com/daliteratura/
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