Se um viajante numa noite de inverno

Se um viajante numa noite de inverno Italo Calvino




Resenhas - Se um Viajante numa Noite de Inverno


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Diná 27/11/2013

Surpreendente
Eu já tinha visto várias vezes esse livro na prateleira da biblioteca da minha universidade, mas não tinha me simpatizado muito com ele e achei melhor não pegá-lo. Até que minha professora citou Cidades Invisíveis na aula, gostei do trecho e fiquei curiosa para ler Calvino. Minhas últimas férias foram a oportunidade perfeita e sai da biblioteca carregando aquele que ia se tornar meu novo livro favorito( tenho vários, na verdade).
Estava curiosíssima para ler, mas aguentei até chegar em casa - um bom leitor entenderá meu "drama". E me surpreendi com um início... peculiar.
O narrador conversa com o leitor, dizendo o que ele está fazendo na livraria. O começo é algo do tipo: você ouviu falar do último lançamento do Italo Calvino e ficou curioso para ler, foi até a livraria... E então ele segue contando quais foram as experiências do leitor dentro da livraria, os livros que parecem mais legais, os que ele sempre quis, os que ele quer reler, os que ele não tem grana para comprar; assim ele segue, descrevendo o leitor( que pouco a pouco se torna a personagem central, o Leitor) como um cavaleiro que invade um castelo atrás de seu livro precioso - O Viajante.
Todo o primeiro capítulo envolve as "aventuras" do Leitor na livraria e depois sua luta com a vontade de ler o livro novinho - no transporte, no trabalho. Além de dar "dicas" da melhor maneira de se ler.
Quando acaba o primeiro capítulo, o Leitor abre seu livro e lemos O Viajante. Interessante que quem conta a história para nós é a personagem central; ela quem nos descreve onde ela está, sua história antes de começar o livro, o que ocorre. Mais um ponto surpreendente da narrativa de Calvino.
Mas, no clímax do primeiro capítulo de O Viajante( segundo do livro que nós, leitores "reais" lemos) o livro se interrompe, há um erro nas páginas.
Ao ir reclamar na livraria, o Leitor descobre que todos os livros do Calvino vieram com esse defeito( inclusive na narrativa é explicado como um erro do tipo pode ser causado na editora). Não descobre apenas isso, mas que o capítulo que ele leu não é de Calvino, mas de outro autor.
O Leitor, já encantado com a narrativa, prefere o outro livro - o dono verdadeiro das páginas lidas. Quando vai escolher o novo livro, nossa personagem conhece a Leitora - que depois recebe o nome de Ludmilla.
O novo livro - que é o primeiro pretexto para unir os dois - também está interrompido. Assim a narrativa prossegue, é sempre um capítulo com o Leitor( no mesmo estilo, como se nós fossemos a personagem)e outro com o capítulo dos livros - que são sempre interrompidos no clímax.
Cada livro que chega ao Leitor( de n maneiras diferentes) tem um tipo de narrativa diferente, a qual se conecta de alguma forma a fase em que o Leitor está. Suas interrompições também são por motivos diferentes, e já fica o aviso: vai ser quando você estiver começando a gostar da história.
Enquanto busca os finais dos livros, o Leitor conhece muitas pessoas diferentes - é como se o universo dele fosse ficando maior e assumindo novas feições, cada vez mais fantásticas. Além de Ludmilla, ele conhece sua irmã Lotaria, o Não-Leitor, um professor universitário, um autor, um tradutor maluco( Ermes Marana).
Através da obra, Calvino nos traz os diferentes tipos de leitores: quem lê por esporte( como o Leitor), um leitor profissional, do tipo que curte algo muito profundo( como Ludmilla); o que fica filosofando em cima, racionalizando o que o autor quis dizer( como Lotaria).
Ele também reflete sobre o ato de escrever, o processo criativo... Enfim sobre os dois lados, o ler e o escrever.
Gostei tanto de "Se um viajante numa noite de inverno" porque ele foi um livro que me surpreendeu pela maneira criativa na narrativa; pelas coincidências, do tipo estar num trem enquanto lia assim como a personagem; pela identificação com o Leitor e a Leitora. É um livro denso( dá para se discutir muita coisa além das páginas), mas não é cansativo, você lê sorrindo. Por isso está na minha lista de desejados.
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Micha 09/11/2013

Italo Calvino promove um diálogo com o leitor, como se houvesse uma ligação profunda entre ambos (e há, como ele deixa bem claro). O Leitor, como protagonista da obra, começa a se deparar com vários romances inacabados. São dez inícios de histórias que não são levadas adiante. Aos poucos, ele começa a perceber que há uma espécie de conspiração, uma "seita" que esconde os livros antes que os leitores possam terminá-los. Romance sobre o prazer de ler romances.
Achei a temática interessante, mas até a metade o livro se arrasta e não conseguiu me prender. Assim como os romances inacabados da história, quase abandonei o livro de Calvino inúmeras vezes. Mas persisti na leitura e acabei me interessando pela história, porém , menos do que eu imaginava.

Segundo o próprio Calvino, "os livros que eu poderia ter escrito e descartei", já que se tratam de dez começos de livros, sem conclusão.

“Todo livro nasce na presença de outros livros, em relação e em confronto com outros
livros”
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Valério 15/09/2013

Leitura kafkaniana
Italo Calvino te leva a um emaranhado de histórias que quase nos deixam louco. A cada nova história, exatamente no ponto onde se começa a envolver com os personagens e ficar curioso com o que vai acontecer, a história se interrompe. Aqui, Calvino se coloca sob a perspectiva do leitor. É como se nós estivéssemos vivendo a história, e não o personagem. Mesmo assim, Calvino às vezes nos trata de leitor e conversa diretamente conosco. Parece complicado. Mas, ao ler o livro, parece até natural a mudança do protagonista do autor para o leitor, que vai atrás das histórias e acaba afundando em outras.
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Helena Dias 28/05/2013

Desafio vencido com inteligência!
Nesta obra publicada originalmente em 1979, o inquieto escritor italiano une as preocupações complexas da vanguarda literária com a fluência narrativa de um bom romance tradicional. O personagem principal é o Leitor que compra este livro e se instala confortavelmente para lê-lo. É uma história cheia de mistério que se inicia numa estação ferroviária enfumaçada, mas quando o Leitor começa a se empolgar, ela se interrompe - há um erro de encadernação no livro, que repete até o fim as mesmas páginas iniciais. É preciso voltar à livraria e trocar o exemplar para prosseguir a leitura. O exemplar seguinte, conta uma outra história, que tal como a primeira, se interrompe por problemas de encadernação. Nessa busca da satisfação do prazer da leitura, o Leitor enfrenta situações absurdas, personagens bizarros, vive situações cômicas e conhece uma misteriosa Leitora, por quem se apaixona.

É um livro complexo, que necessita de muita atenção para lê-lo e entendê-lo. Ao mesmo tempo que é denso, é inovador. Tem uma qualidade inesperada, muito bem escrito e elaborado.

Parece confuso e, de certa forma, deve ser. É composto por histórias que se intercalam entre a busca do Leitor pelos exemplares completos e os primeiros capítulos dos livros que caem em suas mãos. E, posso dizer com convicção que Calvino soube muito bem como mesclar essas histórias paralelas.

Arrisco dizer que essa obra não tem um começo, meio e fim. Tem apenas meios. É um tipo de literatura desafiante, que o autor soube trabalhar com uma enorme inteligência e astucia, tornando o livro engraçado, inteligente e criativo.

Contudo, senti falta de duas coisas. Se a intenção de Calvino era fazer com que os leitores se sentissem o protagonista, isso não aconteceu comigo. Basicamente, me senti um espectador assistindo e viajando por mundos diferentes.
Outra coisa foi que senti falta de um pouco mais de empolgação. Algumas partes do livro, pode-se sentir essa empolgação. Mas, contando a história como um todo, deixou um pouco a desejar.

Enfim, é um livro bom e, para aqueles que curtem uma leitura "meio maluca", é uma ótima escolha.
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Rafael Andrade 03/05/2013

Italo Calvino, no livro Se um Viajante numa Noite de Inverno, consegue surpreender logo no título que mais parece um início de um parágrafo. O título já nos mostra como vai ser todo o enredo do romance, nos instiga a querer saber o que vai acontecer com esse viajante, so que não se conclui.
Assim é a história, Calvino conseguiu nos colocar dentro dela, ele identifica você como Leitor (personagem principal do romance), que entra numa confusão ao comprar um livro "Se um Viajante numa Noite de Inverno"; no primeiro capítulo ele mostra o quão difícil é você escolher um livro perante todos os outros dentro de uma livraria, essa frustração acontece com todos que queiram ler algo novo. Agora imagina depois de selecionar um livro perante todos, e esse livro na melhor parte vem com problemas na edição e não se conclui?
A personagem Leitor é você, você quer terminar o livro e acaba entrando em outras histórias que não se termina, nessa sua procura para terminar cada livro inconclusivo, você se apaixona, conhece pessoas novas, percebe que existe uma organização de livros apócrifos, a qual meteu você nesse emaranhado de aventuras.
Um livro bom de se ler, uma história ímpar que não se encontra facilmente e que te envolve a cada capítulo fazendo você prosseguir.
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Fred Fontes 30/12/2012

Um romance, um ensaio e dez contos.
Há livros que contam boas histórias. Há livros que discorrem sobre livros e literatura. Há ensaios sobre a experiência de ler. Se pusermos tudo junto num liquidificador, temos "Se um viajante numa noite de inverno".
Ítalo Calvino não é conhecido apenas pelos romances e contos, mas também por seus ensaios sobre a literatura. Nesse livro singular, resolve juntar as três coisas na história de um leitor e uma leitora e suas experiências com a leitura. A mistura, no entanto, está mais para emulsão de óleo e água. E possível destacar, um do outro, dois livros que se entrelaçam.
Há um romance, propriamente dito, que narra a experiência dos dois leitores, angustiados em deparar com romances que não passam do primeiro capítulo, seja porque o restante se extraviou, seja porque houve uma falha de encadernação, seja porque se tratava de um original que se misturou a outros. A sucessão de inícios sem fim, não tem fim (com o perdão do trocadilho).
Em paralelo, digo, entrecruzando-se nesse romance, há os inícios de romances lidos pelos nossos protagonistas. Esse segundo elemento foi o que efetivamente gostei no livro. Calvino demonstra aqui sua habilidade (que me lembrou Kubrick) em escrever histórias de estilos os mais diversos: romances psicológicos, de espionagem, eróticos, políticos etc. Pode-se mesmo afirmar que "Se um viajante numa noite de inverno" contém dez pequenos contos de alta qualidade. Difícil dizer se as abruptas interrupções de cada um desses dez inícios de romances deveriam ter continuidade, ou se a interrupção é apenas uma forma de final, brusco, que transporta o leitor para suas próprias conclusões.
É um livro peculiar, um romance, uma coletânea de contos e um ensaio sobre a literatura e o mercado editorial, tudo sob uma única capa.
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Phrt 26/09/2012

Pronto para uma história não convencional???
Para muitos ler, significa encontrar um texto, encantar-se com o começo, envolver-se com o meio e surpreender-se ou não com o fim, mas para muitos outros a leitura é inconstante, e sem uma lógica correta...
Se você faz parte do segundo grupo, recomendo este livro, mas advirto, deves estar preparado para ser interrompido, e sentir várias vezes um gostinho de quero mais, muito longe do fim do livro, ou será dos livros??
Um leitor, igual a mim e a você, compra um livro, e começa a lê-lo, entretanto o livro tem um problema de impressão, que lhe impede de continuar a leitura, o leitor vai até a livraria faz a reclamação, e parece ter recebido outra edição para recomeça sua leitura.
Quando inesperada ao abrir, para ler, encontra um livro totalmente diferente do primeiro livro que estava lendo, neste meio termo conhece Ludmila, uma leitora que sofre por também não terminar de ler, o livro que tinha começado. Para encontrar o livro que tanto querem, para terminarem de ler um simples livro, os dois invadem vários culturas, conhecem novas línguas, dramas e trapaças, em uma caçada, surpreendente...
Será que vão enfim poder terminar de ler um livro em paz???
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DIRCE 28/10/2011

Fora de cena
Em "Se um viajante numa noite de inverno", Ítalo Calvino ( o autor), pretende que nós, leitores e leitoras, incorporemos o papel de protagonistas .
Acredito que, apesar de não ser uma leitura muito fácil, graças a originalidade e refinado estilo: I. Calvino “brinca” com a temática do lugar que a leitura ocupa no mundo, ele deve ter atingido seu objetivo, entretanto, eu, no decorrer das 10 histórias inacabadas, me senti totalmente fora de cena.
Questão de entendimento? Creio que não e, aqui, me permito parafrasear Clarice Lispector: “Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato.Ou toca, ou não toca".
Não consegui entrar em contato com “Se um viajante numa noite de Inverno”, sentimento algum tomou conta de mim, enfim, NÃO ME TOCOU.
Como não pretendo prejudicar a avaliação geral dos leitores amantes desse livro, abstenho-me da minha .
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Gláucia 01/05/2011

Se um Viajante Numa Noite de Inverno - Italo Calvino
Um leitor (chamado Leitor) compra um romance e no clímax descobre que está faltando o final do livro. Vai em busca do final perdido, acaba se envolvendo com outras histórias, todas inacabadas. O livro é bem escrito mas comecei a me irritar muito com isso, talvez seja justamente a intenção do autor, causar uma sensação de frustração no leitor.
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nlisbon 04/03/2011

Um livro muito diferente de todos os outros, tanto pela estrutura textual quanto pelo enredo da história - ou das muitas histórias... O que mais me interessou neste livro foi perceber a incrível capacidade de Calvino de começar e não-terminar situações diversas, e criar a partir disso um livro com um final surpreendente, ainda que na minha opinião inacabado - talvez seja esse mesmo o intuito, não sei precisar...

Uma exploração mágica do pensamento, da criatividade, da escrita e do gênero literário.

Um pouco maluco no início e recheado de metalinguagem, mas uma ótima leitura.
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Juliana 24/01/2011

Ítalo Calvino é tão doce e sério ao mesmo tempo que ele consegue te convencer que realmente é possível existir alguém que não existe (como em o Cavaleiro Inexistente). Se um viajante numa noite de inverno é o melhor livro dele. E olha que os outros são incríveis. A história deste é inexplicável pelo simples fato de serem várias histórias inacabadas, e - não sei como ele consegue fazer isso - você participa de todas. É, você leitor. E além disso, o livro é escrito de uma forma simples e gostosa de ler, como todo Calvino que eu já li. É o realismo mais fantástico que eu já li.


Eduardo 27/11/2010

primeiro de tudo, preciso dizer que li este livro num momento ruim, uma semana de muito cansaço e stress. por vezes, sentado em algum lugar, adormeci no meio de algum trecho. dizer isso tem uma conotação de desculpa pro que vou dizer, que é que gostei do livro, achei a ideia genial, mas como leitor despreocupado, 'não foi tudo aquilo", de modo que o livro não entrou para os favoritos. (como eu achava que iria acontecer - quem sabe numa releitura?). Essa preocupação em dar desculpas é covarde e tola: eu deveria simplesmesnte dizer "gostei, mas esperava mais, o que é natural" (bom, acabo de dizer). É um romance sobre o ato de ler romances, tanto que o protoganista chama-se simplesmente Leitor. Este leitor sofre com diversos percalços para terminar a leitura de seus livros. sempre que inicia um, algo acontece, o romance é interrompido, o gozo é cortado, e logo ele é atirado a outro começo de romance - que irá ser ceifado também. E por que não gostei tanto assim? Difícil. A ideia do livro é genial, e há passagens maravilhosas (vou botar ainda pelo menos uma no blog Sujeito), mas creio não ter entrado nessa busca do leitor. alguns começos de romances - todos bem diferentes entre si - não me prenderam, e o enredo rocambolesco da procura do Leitor me enfastiou em alguns momentos. Quanto ao fim do livro, fiquei com a sensação de pé quebrado, embora seja impossível terminar de ler sem um sorriso diante do gracejo com que Calvino termina ser romance sobre romances. Acho que é isso: o enredo rocambolesco enfastiou, apesar das reflexões geniais sobre a leitura e de belas passagens. Calvino é um cara muito inteligtente. Outra coisa: ao fim do livro, há um apêndice que traz a resposta de calvino às indagações de um crítico italiano sobre o livro. Assim, ficamos conhecendo as intenções do autor. sobre esse apêndice, uma coisa me ocorre no momento. é sobre esse trecho: "Será mesmo verdade que meus incipit se interrrompem? Alguns críticos (...) e alguns leitores de gosto refinado sustentam que não: eles os consideram relatos acabados, que dizem tudo que deve dizer e aos quais não há nada para acrescentar. Sobre esse ponto não me pronuncio. Posso dizer que, de início, queria fazer romances interrompidos (..)" - Aqui tenho um pitaco. Alguns começos, incipits, possuem uma estrutura perfeita de conto - o melhor exemplo pra mim é "Ao redor de uma cova vazia" que é excelente, e é em certo ponto fechado. Se Calvino quisesse continuar, teria problemas porque muito já foi dito, e falar mais tenderia a ser "chuva no molhado". Além disso, esse incipit termina tão bem, com uma bela cena digno de conto excelente. Há outros exemplos de incipit-contos, mas discordo de quem vê em todos os inícios contos acabados. Não é bem assim, parece-me. "numa rede de linhas que se entrelaçam", por exemplo, até pode ser chamado de relato completo... mas então teremos de assumí-lo como um relato ruim, em que as cenas desenham-se mal - que faltou mais organização, o que seria um absurdo já que sabemos da capacidade fodástica do ítalo de conduzir uma narrativa. Bem, o pitaco fica por aqui. A leitura está recomenda. E, bem, foi o primeiro livro dele que li. Mas tenho certeza, só de ler as outras sinopses, de que vou gostar mais de outras obras dele (eduardo, é impressão minha ou ainda você está tentando desculpar-se?). Palomar e As cidades Invisíveis, são pitacos. Tenho certeza que a hora que lê-los (esse das Cidades vou ler nas férias, já tá marcado ;P) vou amar, só de saber o tema. Bom, agora vou tratar de digitar alguma daquelas passagens que achei foda. Ah, lembrando, o começo do romance é demais, te prende, porque fala justamente sobre as nossa manias de leitores. Assim, empatizar com elas é facílimo, já que todo mundo tem suas manias. Eu me vi, durante essas primeiras páginas, quando ítalo descreve aquele leitor que compra um livro e começa a abrir no escritório, em meio a documentos aborrecedores, fingindo que está concentrado em algum deles, mas - qual!- tá é abrindo o livro cuidadosamente e curtindo as primeiras linhas. Só não contem isso pro meu chefe. esse lance de empatia foi brincadeira, tá?

PS: esse texto foi feito inicialmente para o blog Www.osujeitooculto.blogspot.com
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Leo 21/06/2009

Um leitor vai até uma loja e compra um exemplar do novo livro de Italo Calvino, chamado “Se um viajante numa noite de inverno”. Ao chegar em casa e dar início à leitura, descobre que sua edição possui um defeito e decide voltar à loja para trocá-la, tarefa que se revela impossível e acaba por envolver o personagem em uma grande intriga, envolvendo ordens secretas, livros apócrifos e uma leitora, com a qual formará um par romântico.

Parece confuso, e talvez seja. Mas o estranhamento inicial é uma marca de Calvino, um escritor sempre em busca da reinvenção. "Se um viajante numa noite de inverno" é composto por capítulos que intercalam a trama do leitor (que segue até o fim buscando um exemplar completo do romance) e o início dos livros que acabam caindo em suas mãos, todos eles interrompidos em seu ponto culminante.

É importante ressaltar que a trama – rocambolesca – é um meio, e não um fim em si mesma. A história é um artifício do autor para traçar um imenso painel envolvendo todos os aspectos do ato da leitura. É uma proposta ambiciosa, e Calvino, um dos mais influentes escritores do século XX, consegue levá-la a cabo de forma genial, a ponto de praticamente esgotar todas as suas possibilidades.

Os capítulos referentes aos inícios dos livros merecem um destaque à parte. Apesar de terem sido concebidos de forma a representar os arquétipos fundamentais da literatura ocidental (o romance cínico, o romance nebuloso etc.), eles acabam funcionando como contos autônomos e podem inclusive ser lidos separadamente.

Como todas as obras do autor, “Se um viajante numa noite de inverno” é um livro engraçado e inteligente, engenhoso e criativo, além de extremamente bem escrito. Passear por suas páginas é uma experiência gratificante, porque em nenhum momento Calvino subestima a inteligência do leitor. Pelo contrário: confia que ele será capaz de ler as entrelinhas, de perceber as sutilezas.

Embarque nessa viagem sem pressa, dê a cada trecho o tempo que ele precisa para ser digerido. Somente assim a jornada do leitor real de “Se um viajante numa noite de inverno” será tão fascinante quanto a do leitor personagem.
MK 21/09/2009minha estante
Realmente, esse livro é uma obra-prima. Também não seria de se esperar coisa diversa de Calvino.


Renata CCS 08/10/2013minha estante
Instigante a sua resenha! Fiquei com vontade deste livro.


Georgiana Maia 27/05/2015minha estante
Ótima resenha!


Sarah 24/04/2016minha estante
Excelente a sua resenha! O livro é uma experiência de leitura incrível! Li outro livro com uma proposta semelhante, confere aí:
http://relacionandolivros.blogspot.com.br/2016_02_01_archive.html




Ka Castoldi 16/05/2009

É um livro que exige atenção pra acompanhar a leitura, um pouco denso. Inovador. Completamente inesperado. Mas de uma qualidade ímpar na escrita, tão bem elaborado, muito bem pensado, muito bem escrito. Quem sabe tenha me faltado tempo pra ler, mas achei que ficou devendo na empolgação, apesar de ser um livro naturalmente "inquieto". Italo Calvino joga com palavras, conceitos, histórias. Atiça nossa curiosidade com as histórias inacabadas que na realidade não precisam de final, falam por si só. O cara manda muito bem. xD Tem o dom, realmente.
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André Goeldner 04/02/2009

Inteligente
Enredo muito bem construído e escrito.

No fundo, me pareceu uma declaração de amor a leitura.
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