"Ana Paula" 11/02/2019É sempre muito difícil terminar uma série que acompanho. Ainda mais uma que acompanho a tanto tempo. São mais de 7 anos esperando, ano a ano, os próximos livros e rezando para que o autor ou a editora não parem de publicá-los e que um final seja dado. Quando o último livro chegou, eu travei. Recebi esse volume em novembro do ano passado e, desde então, venho adiando terminar essa saga que me conquistou há tantos anos e que eu não queria, de jeito nenhum, me despedir. Mas... chega uma hora que já deu, neh? Pois bem, A Era dos Mortos Parte 2 está repela de pontos finais. Os leitores vão sentir falta de cada zumbi e garanto: Quem já leu não se arrepende e quem ainda não leu deve ler.
"Com golpes letais na cabeça, eles matavam os zumbis e avançavam até a criatura seguinte. A dupla de assassinos mais letal do mundo produzia uma trilha de corpos à medida que ganhava terreno. Ao todo, eles derrubaram mais de trista seres em poucos minutos.
Quando finalmente se aproximaram do portão, os dois correram como loucos, deixando o complexo para trás e ganhando a noite. Lado a lado, Sarah e Fernando fugiram daquele inferno, enquanto a Usina Moreno queimava até virar pó."
Este volume começa exatamente de onde o Parte 1 parou. Vamos acompanhar o crescimento dos novos personagens principais, Sarah e Fernando, que para quem acompanha a saga, sabe que não são tão novos assim. Eles crescem, amadurecem e partem para a briga com o pior dos piores vilões já criado: Otávio, o prefeito de Ilhabela.
Não vou falar muito sobre a história, pois se trata do último volume e isso pode causar spoilers não desejados. O que posso dizer é que, mais uma vez, Rodrigo de Oliveira conseguiu me surpreender positivamente. Gostei muito de como ele encaminhou a história para o desfecho inusitado; só senti que, nas últimas 20 páginas, o enredo pareceu dar uma corrida, encaminhando-se rapidamente para o fim.
A escrita do autor é descritiva, o que pode ser enfadonho para alguns leitores, mas para mim sempre foi maravilhoso. Rodrigo possui alguns vícios marcantes que, com o passar dos anos e dos livros lidos, aprendi a identificá-los. Como sou da região onde a história se passa, fico reconhecendo lugares e imaginando os acontecimentos do livro sendo realizados ali. O enredo é repleto de ação e reviravoltas, poucas vezes o leitor tem tempo para respirar antes que algo mais ocorra, o que é ótimo pois não perdemos o foco na leitura.
"Quando o avião atingiu o solo, a explosão desencadeada abriu uma cratera de um quilômetro de largura próxima ao centro de São Paulo, começando na alameda Santos e terminando na rua Salto. Todos os prédios, postes e construções num raio de vários quarteirões simplesmente desapareceram. Metade dos edifícios da avenida Paulista tombaram como peças de dominó, mudando definitivamente uma paisagem que persistira inalterada por dezenas de anos."
Os personagens são tão reais que fica impossível o leitor não se apegar a eles. Confesso que Ivan, Estela, Mariana, Canino e Isabel foram e sempre serão os personagens da minha vida. Não posso deixar de citar Jezebel também. Apesar de sua queda para o lado negro, Jezebel, mesmo zumbi, mostrou-se mais humana que muita gente por ai.
Ainda falando sobre personagens, Otávio será o vilão de quem me lembrarei sempre que eu ver algum político falando sobre religião. O fanatismo existe. Pessoas muito religiosas nunca deveriam chegar ao poder. Sempre deve haver igualdade e respeito. Ninguém é Deus. Cada um segue o que acredita e Otávio tá ai para nos mostrar o que pode acontecer quando um indivíduo fanático une as duas coisas.
E o que falar dos zumbis? A evolução que os acompanhou assusta e se torna plausível. Isso mostra que qualquer ser vivo, mesmo no caso dos zumbis, evolui. Desde a letargia implantada nos seres que conhecemos, até a criação de um ser que fala e entende de estratégia. Que pode ser e é um perigo para os sobreviventes. Todas as etapas implantadas pelo autor ao criar esses monstros é incrível. Haja imaginação para tanto!
"Todos tinham histórias para contar quanto ao terror imposto por Ilhabela ao resto do país. Quem não sofrera nas mãos deles conhecia alguém que tinha sofrido. Não havia um único desafortunado no Brasil que não tivesse algum tipo de ressentimento contra eles."
Como sempre, a edição está maravilhosa. Segue o parâmetro das edições anteriores e como vocês podem ver pelas fotos, as duas capas (parte 1 e 2) unidas, formam uma só imagem. Sou apaixonada pelos livros da Faro, sempre tão lindos, perfeitos, feito com tanto carinho que fica impossível não elogiar.
Enfim, quero agradecer muito a Faro Editorial que apostou nessa saga e não deixou ser só mais um livro parado na estante. Obrigada também ao Rodrigo por dar destaque ao Vale, principalmente São José dos Campos. Vocês não imaginam como fiquei eufórica lendo o primeiro livro. Foi e sempre será uma lembrança linda que guardarei para sempre.
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http://www.livrosdeelite.com.br/2019/02/resenha-era-dos-mortos-as-cronicas-dos.html