macla 03/06/2024
Ao ler o primeiro capítulo, já era vísivel o motivo desse livro ser um clássico. Fiquei mais do que persuadida pela narração satírica e contraditória do Brás Cubas, e ao mesmo tempo que senti repulsa por suas muitas ações duvidosas, também ponderei muito sobre seus pensamentos e filosofias. Aliás, o que mais fiz durante a leitura foi ponderar, pesquisar e anotar as mais diversas divagações, e acabei o livro com uma bagagem cultural muito maior do que quando o iniciei. A escrita de Machado de Assis é extremamente cativante, com sua maneira crua de expor os acontecimentos e brincar com as mais puras emoções humanas, além de monólogos e diálogos repletos de incontáveis referências que demonstram sua inteligência fazem dele um mestre. A maneira como os temas da obra se interligam e se exemplificam ao longo do texto me deixou apaixonada, a interligação de filosofias, como o Humanitismo de Quincas Borba, que demonstra a hipocrisia de teorias da época como o Darwinismo Social e outros preceitos elitistas e preconceituosos, e a forma como o personagem do Brás representa todos esses aspectos da elite brasileira do século 17, sua hipocrisia e honestidade foram ao mesmo tempo divertidas e repugnantes de ler, pois representam os mais diversos comportamentos da nossa sociedade até os dias atuais. Poderia passar horas discutindo sobre os tópicos dessa história, assim como muitas outras pessoas o fizeram desde 1881 e vão fazer por muitos outros anos. Afinal, contrariando o próprio Brás Cubas, que afirmou que as folhas misérrimas de seu cipreste haviam de cair no esquecimento, leitores de todo mundo se deliciam com suas memórias postúmas mais de um século depois.