Agatha - @emmeufoco 30/01/2014Uma comédia bem estruturadaFoi uma agradável surpresa ler este livro, engraçado como a mente da gente funciona não? Ao me falarem que o livro era um monólogo, que não havia uma única conversação entre duas personagens e que o tempo inteiro seriamos apresentados a vasão dos pensamentos por vezes confusos e conturbados de uma protagonista que insiste em não seguir uma lógica, fiquei: “Tem certeza de que você acha que eu vou gostar desse livro pois eu ainda nem li e já estou relutante...”, mas me falaram para insistir e ler que no fim eu iria gostar.
Devo dizer apenas que apesar da demora inicial, sabe aquelas primeiras páginas que você passa lentamente quando não quer ler um livro? Essas aí, bom assim que passei e engajei com Mercedes a leitura foi fluída e eu percebi que o livro era sim muito bom! No fim estavam certos...
“'Divã' conta a história de Mercedes - uma mulher com mais de 40, casada, filhos - que resolve fazer análise. O que começa como uma simples brincadeira acaba por se transformar num ato de libertação - poético, divertido, devastador. Movida pela angústia existencial, que se não é coisa triste tampouco é libertadora, a busca da protagonista de Martha é universal e atemporal - quer descobrir, entre todas aquelas que ela é, quem é a chefe, quem manda dentro dela. Marinheira de primeira viagem em terapia a personagem encara o consultório como se fosse uma espécie de alfândega que vai dar o visto para ela passar para o lado mais oculto de sua personalidade. Na verdade, o mundo inventado por sua protagonista é abertamente inspirado na realidade que ela captura em suas deliciosas crônicas.”
Somos apresentados a uma jovem senhora e por meio de consultas terapêuticas passamos a conhecer uma mulher cheia de vida, dúvidas, alegrias e dores. Em tantos momentos eu me identifiquei com a protagonista, e não, não tenho 40 anos, não sou mãe e não sou casada ou qualquer outra coisa que a ela seja ou tenha feito, mas por vezes me identifiquei com a essência do que dizia e passava.
É incrível como Martha Medeiros conseguiu colocar no papel situações, emoções e ações tão corriqueiras e ao mesmo tempo tão intangíveis! Ficava ansiosa por cada capítulo, pensando “O que Mercedes vai revelar agora?”, e como o tempo passou rápido!!!
Em um virar de páginas tinha se passado anos, nossa protagonista tinha amadurecido e percebido como a vida é imprevisível, como o todo é mais importante que o individual e que não adianta querer entender aquilo que não foi feito para ser compreendido, há coisas que é melhor continuarem o mistério que são.
É um livro bom, realmente gostei, a autora soube como começar, pegou o bonde e desceu no ponto certo, não se atrasou um segundo sequer, isso é importante, a estória tem início, meio e fim, tudo contextualizado, não é o tipo de livro que você acaba e fica se perguntando “Nossa só isso?!”.
Super recomendo, tanto para as mulheres quanto para os homens, apesar deste último grupo talvez apreciar menos, entretanto um compreensão melhor do universo feminino pode ser um bônus bem vindo.