GilbertoOrtegaJr 10/12/2012Divã – Martha Medeiros
Eu realmente gostaria de ter um motivo mais inteligente ou diferenciado para comprar, e ler, este livro... Mas a verdade é que eu não tenho uma justificativa, além da minha clássica: vi um pedaço do filme na televisão, mas como prefiro ler o livro a ver o filme foi o que fiz, o comprei e guardei durante um bom tempo, e somente agora me sobrou tempo pra que eu pudesse ler ele.
Mercedes é uma mulher, de quarenta e poucos anos, que decidi fazer análise, isso a leva e pensar e repensar sua vida e condição, o que resulta sempre em mais dúvidas do que respostas. Porém é como se ela passasse a se descobrir mais, a tirar o conforto da prioridade... É com se ela decidisse pensar isso é confortável, não machuca ninguém, mas me faz feliz?
O que me ajudou muito a gostar facilmente do livro é que há uma empatia muito grande entre o texto de Martha e o leitor, não no sentido de sei como uma mulher de 40 anos se sente, mas no de muitas vezes pensar isso é tão simples e comum que poderia ter acontecido comigo ou com qualquer um.
“Nunca assisti a um atropelamento. Nunca fui cantada por um amigo de um filho meu. Nunca fui assaltada. Nunca ganhei um concurso. Não saberia dizer qual seria minha reação diante disto tudo. O que eu vivi até hoje foi o que costuma ser vivido por todos...”
(Página 167)
Todos os capítulos são curtos de no máximo quatro páginas, e vão desfilando acontecimentos que vão desde lembranças do casamento dela, passando por perda de virgindade, morte de pessoas próximas, amantes, relacionamentos com parentes que ela não se dá muito bem, e tudo isso vem mesclado com reflexão e bom humor.
“‘ De uma hora pra outra, meu corpo mudou, fiquei mais matrona e menos temperada. Eu que dormia de cobertor em fevereiro, passei a sonhar com frigoríficos e excursões pela Sibéria.”
(Página 140)
Ouvi muito falar que ele dava pra ser lido em uma sentada, mas eu preferi ler alguns capítulos e tomar um ar pra que tudo fosse se encaixando de forma calma e natural em mim. Como se fosse constantes mergulhos na alma de alguém, e assim como mergulhar na água exige que voltemos pra respirar, tive que sair pra fora do livro pra ir tomando fôlego e deixando tudo se encaixar em mim. E acabou que não tinha notado até agora que fiz esta resenha, o quanto o livro se encaixou em mim de uma forma positiva.