spoiler visualizarBrujo 14/06/2022
THE DRAGON MASTERS
O Planeta dos Dragões é um livro de ficção científica/ fantasia publicado em 1962 (sendo que esta edição brasileira é de 1979) e é ganhador do conhecido prêmio Hugo, no ano de 1963.
A história se passa milhares de anos no futuro no planeta Aerlith, onde os dois últimos grupos humanos sobrevivem em um planeta árido e rochoso de forma medieval. Estes dois grupos são liderados por Joaz Bambeck e Ervis Carcolo. Ambos possuem diversas raças de "dragões" sob seus domínios, que são usados para locomoção e, principalmente, para a guerra. A origem destas feras é algo que é explicada no decorrer da história.
De tempos em tempos, o planeta Aerlith é invadido pela raça chamada de Grefos, em uma nave negra, com o objetivo de tomar quantos humanos for possível, para fins que também são explicados futuramente.
Todo esse conceito é ótimo, não é? Tudo parece muito empolgante e criativo. O problema é que um bom livro não é construído apenas de boas ideias, bons conceitos. É necessária uma boa construção de enredo e desenvolvimento de personagens, mas não encontramos nada disso por aqui.
Há um terceiro grupo de humanos e neles reside o que melhor Jack Vance oferece nesta obra. Trata-se do grupo de Sacerdotes, pessoas enigmáticas, magras e pálidas, com cabelos muito compridos e que andam todos nus, apenas com um colar de ouro no pescoço. Eles possuem aversão aos homens, considerando-se acima deles, e evitam ao máximo contato com os mesmos. Possuem como filosofia viver pelo conhecimento e só dizerem a verdade. Porém, quando os "homens absolutos" (como eles chamam os demais humanos) tentam se comunicar com eles, devido ao desdém eles somente dão respostas vagas e evasivas. Estas tentativas de comunicação são realmente bem escritas, deixando claro que estamos diante de um bom escritor. Dá para se pensar no mundo real, onde duas pessoas podem até falar a mesma língua, mas devido a diferença na forma de pensar, da educação e das crenças, muitas vezes simplesmente não se compreendem, o que gera muitos conflitos. Esta interação entre os homens e os Sacerdotes é a pérola deste livro.
Todos os demais conceitos que citei não são desenvolvidos. Os dragões dos Homens surgiram da manipulação genética de um grupo de Grefos capturados anos atrás por um antepassado de Joaz (vem daí o fato dos Homens chamarem estes invasores de "Básicos"), assim como todo o exército dos Grefos também descende de humanos capturados nas invasões que ocorreram. De alguma forma, a revelação destas origens deveria ter sido um belo plot twist, mas eu sequer me lembro do momento em que descobri isso durante a leitura, tão pequeno foi o impacto que teve.
Até as descrições das batalhas, primeiro entre os dois grupos humanos e depois com os Básicos, que deveriam ser momentos empolgantes, para mim foram basicamente decepção, mesmo eu conseguindo notar que o autor sabe escrever de certa forma elegante. Resumindo, este livro me parece um grande ensaio, um rascunho de um mundo fantástico que deveria ser épico, mas que ficou apenas no mundo das ideias.
Pretendo ler outros livros do Jack Vance (mesmo porque comprei vários que achei em sebos por aí) mas confesso que fiquei desapontado com esse contato inicial. Que isso mude nos próximos livros !