Cris 18/12/2020
A infelicidade de cada um à sua maneira.
(...) Todas as famílias felizes são iguais, as infelizes são infelizes cada uma à sua maneira.
Esta é, sem dúvidas, a frase que automaticamente resenha Anna Karenina, de Liev Tolstói. Em cada capítulo o autor esmiuça a infelicidade alheia nos relacionamentos inseridos na história.
A trama começa com um jovem casal em crise após a descoberta de uma traição, logo, Anna Karenina é chamada às pressas para aconselhar e tentar salvar o casamento de seu irmão, o aristocrata Stepan Oblónski. Não muito longe dali, Levin, um homem deveras inteligente embora simples e do campo é rejeitado pela única mulher que já amou na vida e, perdido em seus próprios pensamentos, questiona-se se algum dia será feliz, porém, antes mesmo de encontrar a felicidade, caberá a ele definir a importância e significado dessa palavra.
Voltando à personagem título do livro, Anna Karenina se deu por satisfeita em sua empreitada, entretanto, criou-se dentro dela uma crise matrimonial ao se ver envolvida sentimentalmente pelo rico e galanteador conde Vrónski. Anna Karenina era casada e mãe de um garotinho, e a todo custo tentou reprimir a tentação de se ver em um outro relacionamento senão com seu marido, o respeitado Alexei Karenin. Mas daí, a frase célebre de Tólstoi entra com força e vigor: " Todas as famílias felizes são iguais, as infelizes são infelizes cada uma a sua maneira."
"Anna Karenina", foi publicado no ano de 1877 e traz muitos infortúnios em suas páginas. O triângulo amoroso é o foco central da história, porém a partir dele, surgem outras tramas e o autor tece assuntos correlacionados ao amor, ao casamento e também a fé. Afora, pincela sorrateiramente questões políticas, dando ênfase ao ilusório socialismo. Até Tolstói sabia que isso era balela, abafa o caso. Lendo tudo isso, por que não amei "Anna Karenina" sendo um livro bem escrito e trágico até a última gota? A resposta é: não senti aquela emoção e drama com conflitos de sentimentos dos personagens. Um livro que traz em seu encalço relacionamentos extraconjugais precisa no mínimo de um carretel de dúvidas, arrependimentos, tristezas... enfim. Talvez a intenção do autor fora unicamente trazer à tona como nós podemos ser egoístas e calculistas quando nos vemos em uma situação adversa. Talvez também tudo seja carnal e tão mais simples. Sei lá!
(...)Qualquer que seja ou venha a ser o nosso destino, somos nós que o fazemos, e não nos lamentamos.
A fluidez da narrativa me fez terminar a leitura muito antes do esperado e, embora tenha achado muitas cenas cansativas em excesso, gostei do que li. Confesso também que esperava sentir alguma dificuldade
no entendimento de sua escrita, isso não aconteceu rs, Liev Tolstói escreve de maneira prática, sucinta e muito, mas muito resoluta.
Creio que depositei expectativas demais em cima do livro, mas sempre que lembrar do meu descontentamento, me focarei no detalhe de ter lido Tólstoi. Isso me basta. Ainda lerei "Guerra e Paz", dessa vez não criarei expectativas, irei com calma e cautela para melhor aproveitar a leitura. Quem sabe, não é mesmo? Um clássico é sempre um clássico.