The Starless Sea

The Starless Sea Erin Morgenstern




Resenhas - The Starless Sea


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Vivs | vivsbookshelf 11/08/2021

Difícil de explicar, mas extremamente imersivo e reflexivo
?Nem todas as páginas falam com todos os leitores, mas todos os leitores vão encontrar uma história que o faça em algum momento, em algum lugar.?

A autora utiliza de uma narrativa intensa e descritiva, que você passa a refletir e entender se existem explicações e significados entre as linhas da história. O mar sem estrelas é uma experiência de leitura, você começa confuso, acha que está entendendo e fica ainda pior de quando começou. Mas é tão bem escrito que faz você sentir parte da história. Decorei o nome inteiro do protagonista, me surpreendi com os plots e adorei toda a fantasia mística. Se eu entendi tudo? Não sei, acho que ele deve ser lido várias vezes, certamente a cada leitura terá muitos significados.

A estrutura do livro instiga e desafia o leitor, entre a narrativa principal, contos e a escrita extremamente encantadora. Não posso dizer que recomendo essa leitura a qualquer um, porque é um livro que terá significados individuais. Para mim, foi como estar dentro da narrativa, é quase como eu me sinto normalmente lendo fantasia ao ligar e relacionar as histórias com a minha vida, só que desta vez, imersa na história.

Queria muito dar a maior nota possível, mas sou aquele tipo de pessoa que precisa de uma explicação. Mas esse livro certamente é um favorito da vida.
Ana Usui 11/08/2021minha estante
Sua resenha me intrigou, estou indo pesquisar esse livro agr mesmo


Vivs | vivsbookshelf 11/08/2021minha estante
Exatamente como eu senti quando lia esse livro: intrigada! Se você tiver vontade de uma aventura fantástica cheia de metáforas, vai em frente!


Ana Usui 11/08/2021minha estante
Parece-me o meu tipo de viagem kkkkk




Amanda 07/03/2020

Simplesmente perfeito
"He cannot see but he still believes"

📖Quando Zachary Ezra Rawlins encontra um antigo e misterioso livro na biblioteca da universidade, ele o leva para ler como faria com qualquer outro, mas além de histórias cativantes e personagens apaixonados, as páginas do livro também guardam algo impossível: Uma lembrança da própria infância de Zachary.

Determinado a entender o mistério por trás do objeto, ele segue as pistas gravadas na capa - uma abelha, uma chave e uma espada - e elas o guiam até a porta de um labirinto subterrâneo repleto de novas histórias prontas para serem ouvidas. .
.

💬 Eu não tinha dúvidas sobre a capacidade da Erin Morgenstern como escritora, mas também não imaginava que ela me faria sonhar com os olhos abertos e desejar desesperadamente poder entrar nas páginas do seu livro, mesmo que apenas por alguns segundos.

Eu admiro qualquer autor que tenha coragem de compartilhar suas histórias com o mundo, e admiro ainda mais quando esse autor consegue criar um universo tão completo em apenas um volume, fazendo com que eu termine a leitura sentindo que passei horas da minha vida contemplando algo que foi perfeito em todos os aspectos.
Foi exatamente assim que me senti com 'The Starless Sea'. A jornada de Zachary e os pequenos contos que a autora introduz entre esses capítulos, me fizeram agradecer por ter a leitura como uma das minhas maiores paixões. Eu não consigo imaginar como seria minha vida se eu não pudesse apreciar histórias como essa.

Nada que eu disser aqui vai fazer jus ao livro e sinto que posso tirar grande parte da magia ao tentar resumir aqui o conteúdo das suas 500 páginas.
Não é apenas um livro, é uma declaração de amor para leitores e contadores de histórias, repleto de personagens carismáticos e um dos melhores universos que conheci nos últimos tempos.
Espero que todos os futuros leitores gostem dele tanto quanto eu.

site: https://www.instagram.com/atracaliteraria/
Bruno 26/04/2020minha estante
sim! uma grande história de amor para as histórias




Lauraa Machado 05/01/2022

Fiquei entre dar 2 estrelas ou 3 e só o final ajudou a aumentar
Esse é o livro mais caro que eu já comprei na vida. Fiz questão de encontrar a edição britânica em capa dura, porque era a capa que eu queria e porque eu jurava que ia amá-lo mais que tudo. Pela sinopse, é claro, mas principalmente por indicações de pessoas em quem confio demais! Por isso, talvez ele seja uma pequena decepção, já que eu esperava bem mais. Não é um livro ruim, nem nada assim, mas acho que nunca vou querer reler ou vou ler outro livro da autora. Ele tem um estilo que definitivamente não bate comigo.

Vou tentar explicar melhor! O livro começa sem explicar nada, com histórias paralelas à principal, do Zachary, e eu adoro isso. Adoro ficar perdida no começo e depois ir juntando os detalhes, é verdade. Mas acho que a autora fez isso demais neste daqui, deixando tudo vago quase o tempo inteiro, usando metáforas até na hora de explicar as coisas e nunca dizendo nada claro e específico. Acho que é muito fácil dizer que é mágica e que simplesmente acontece, porque aí ela pode se livrar de ter que criar um universo com lógica e não deixar buracos. Mesmo depois de terminar o livro, eu continuo com a sensação de que nada é concreto e que a própria autora não criou regras para nada do livro. Não gosto de histórias em que tudo é possível e aceitável, prefiro ter uma noção melhor dos limites dos acontecimentos e dos personagens antes do climax, para ter pelo que torcer e me sentir mais investida na história.

Mas isso é algo mais pessoal e nem é uma das razões para eu ter pensado muito antes de decidir a nota que daria para esse livro. Eu gostei do final e da razão de tudo, ainda que ache a razão muito fraca para sustentar a história, por isso minha nota é 3,5. Senão não fosse por isso, teria dado 3 no máximo.

Primeiro, por causa dos personagens. Eu realmente achei que poderia confiar cegamente que esse livro teria personagens complexos, mas todos são bastante superficiais. Zachary, por exemplo, além de não ter desenvolvimento nenhum pela história, era para ter alguma substância, para invocar algum tipo de empatia no leitor, para ter alguma emoção tocante durante o livro. Não teve nada. Ele acaba mais ou menos como termina, e eu não consegui me importar direito com ele. No começo, queria demais gostar dele e até gostava, porque acreditava que mais estava por vir, que logo eu sentiria que o conhecia, que ele se mostraria tridimensional e complexo. Essa foi a minha maior decepção.

Eu não estava esperando que tivesse romance, mas quem estiver vai se decepcionar também. O interesse romântico dele é de fato interessante de cara, mas eles mal interagem e logo estão falando que estão apaixonados um pelo outro e isso não faz o menor sentido! Eles mal interagem depois disso também! Mas até que eu entendo que a autora não conseguiu desenvolver uma emoção humana, já que os próprios personagens eram bem superficiais.
Também esperava mais da Mirabel depois de ela aparecer, apesar de ter me surpreendido com a Kat no final. Me surpreendi, na verdade, por ela ter mais importância do que eu imaginava.

Outra coisa que me incomodou demais foi a sinopse, que me prometeu aventura e emoção, ser tão diferente do livro. As coisas acontecem com Zachary, ele nunca toma uma atitude porque quer, nunca se arrisca por vontade própria ou toma uma decisão sozinho. Eu achei que ele embarcaria numa aventura daquelas que te faz querer participar, em um mundo mágico e encantador. Mas, para falar bem a verdade, todo o Harbor (não sei como traduziram) me pareceu meio inútil. Sim, eu amo histórias e livros, mas Zachary nunca pareceu curtir e se divertir lá tanto quanto ele se divertiu com as comidas. Então, foi difícil eu mesma me divertir.

Acho que os caminhos diferentes no final ficaram muito confusos à toa, só porque a autora gosta de deixar tudo vago, não explicar nada e nem usar as palavras certas para descrever as coisas. É tudo em metáfora e floreio desnecessário. Mas se eu ignorar a escrita dela, admito que gostei do que aconteceu realmente.

Foi a escrita dela, aliás, que me fez querer dar nota 2 para o livro ou talvez menos. Nunca tinha lido um livro com a narrativa tão desconfortável e forçada na minha vida! Ela tentou demais soar inteligente e única, mas não funcionou de jeito nenhum! Muito pelo contrário, dava para ver que estava forçado, nada soava natural e acabou incomodando em vez de cativar. Isso criou uma distância entre o que acontecia e o jeito que era narrado que me impediu de vez de me conectar com a história ou qualquer coisa desse livro. Pela escrita pretensiosa e forçada dela, nunca mais quero ler nada dessa autora.

A falta de carisma e naturalidade da escrita da autora afetou demais as histórias paralelas, na minha opinião. Elas são todas muito picadas, sem quase nada de informação e que só importam muito mais para a frente, quando eu já nem me lembrava direito delas. Mas se elas tivessem sido narradas de um jeito mais charmoso e cativante, tenho certeza de que teriam marcado e instigado, não se tornado algo que eu queria ler por cima só para falar que não pulei. Acho que esse livro teria funcionado bem melhor se tivesse sido bem editado ou escrito com menos intenção constante de não falar nada claro. Mas confesso que não consigo imaginar a autora, pelo que conheci dela com ele, fazendo jus à sua própria ideia e a desenvolvendo com emoção, carisma ou diversão.

O livro em si não é ruim, acho que ainda recomendaria, mas não vai esperando nada que vai mudar sua vida (como eu fui), nem um livro excelente que te faça querer viver nele. Acho que a ideia era muito boa, se ao menos Zachary tivesse sido mais cativante, se a escrita fosse mais natural e tudo tivesse um pouco mais de carisma. Se os personagens fossem mais humanos, se eles mesmos tivessem se divertido ou sentido alguma urgência ou propósito, se eles parecessem querer fazer parte da história, acho que eu iria querer também. Do jeito que ficou, é um livro bom, mas que poderia ter sido bem melhor.
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tábata 14/09/2020

"We are all stardust and stories".
Queria muito poder esquecer essa história, só para poder descobrir ela de novo.
Entrei nessa leitura com certo receio pois não gostei nem um pouco do outro livro da autora, mas o tema me interessou, então resolvi tentar.
Cada palavra, frase, capítulo é mágico. Tem passagens que parecem que são trechos de um conto de fadas antigo, que você leu quando era criança. Essa história abraçou minha alma.
Com certeza é uma homenagem a arte de contar histórias.
Fico tão feliz que resolvi dar outra chance para a autora. Um dos melhores de 2020, para mim.
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Denise 24/06/2021

O livro mais lindo do universo
Eu não sei se tenho PALAVRAS para explicar o que foi essa leitura. A Erin tem um jeito narrativo tão único que é simplesmente ler para entender; tal como a Laini Taylor, ela tece uma história bizarra e criativa sobre um mundo sob o nosso mundo e uma história dentro de infinitas outras histórias. A trama do Zachary se intercala a tantas outras e se torna uma coisa grandiosa com o passar das páginas; tem um pouco de romance impossível, um pouco de aventura impossível, um pouco de tudo impossível. Que livro LINDO!
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Hey there Delilah 14/01/2021

The Starless Sea
Para falar deste livro, eu teria que escrever outro. Uma das melhores experiências de leitura que tive na vida toda. É A obra-prima. Obrigada por tanto, Erin Morgenstern.
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Ro 16/03/2021

Minhas resenhas andam parecendo os blurbs do S. king
The starless sea é a fantasia que ando recomendando para todos os meus alunos. O plot é diferente do que andamos vendo nas fantasias mais comentadas, o universo é incrível e toda a relação: Zachary, livros e mundo além das páginas é fascinante. A única coisa que não curti foi a formação de casal. Tem livros que não precisam de par romântico paga engatar e acredito que esse era um deles.
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nadi.bortoluzzi 29/01/2022

Uma confusão maravilhosa - melhor leitura de 2022
Esse livro é extremamente dificil de explicar, de ler, porém é tão imersivo e também muito reflexivo. A escrita é bem detalhada, mas não de uma maneira entediante. O livro tem como personagem principal Zachary, porém sao histórias, dentro de histórias, dentro de histórias e por aí vai, com todas se conectando. Os personagens são muito bem escritos, todos, até os gatos!

"But if he's in a story within a story who is telling it?"

A narrativa é intensa, não é pra todos os leitores, mas quando você realmente entra na história você passa a refletir e imaginar se existem explicações ou significados entre as linhas das histórias.

"He has walked through puddles of ink and left footprints
that formed stories in his wake that he did not turn around
toread"

O livro termina com um belo gostinho de 'quero mais", porém ao mesmo tempo você sabe que acabou do melhor jeito que poderia, com o suficiente pra você criar o final que você quer.

"But the world is strange and the endings are not truly
endings no matter how the stars might wish it so"

Acho que é o tipo de livro que cada leitor vai sair com uma mensagem e também é um livro que você pode ler várias vezes e sempre vai tirar novas lições.

"Not all stories speak to all listeners, but all listeners can find a story that does, somewhere, sometime."


Enfim, 10/10, super recomendo!
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julia 12/06/2020

Resenha: The Starless Sea
Acho que não tenho palavras para descrever o quanto eu amei The Starless Sea. Acertou em cheio tantas das minhas coisas favoritas, da narrativa não-linear para os contos entre capítulos até a mágica e como tudo se resolveu no fim. Essa foi uma história cheia de mistério e tensões e o enredo foi muito bem escrito. As reviravoltas, os personagens, o mundo--tudo foi fenomenal.

Erin Morgenstern tem um dom em criar universos novas e singulares. The Starless Sea teve tanto detalhe e ainda conseguiu manter uma atmosfera de suspense. A lenta descoberta sobre os fatos mais importantes e como eles estavam interligados, junto com a história pessoal do Zachary, foi tão cativante que eu não consegui largar o livro.

A escrita foi tão linda!!! O ritmo foi meio devagar, mas funcionou bem para estabelecer e desenvolver o mundo e os personagens. Tantos parágrafos me fizeram sorrir e muitas passagens ficaram guardadas no meu coração.

O final foi fantástico e caótico e, na minha opinião, perfeito para o livro. Foi a culminância de tudo e a leve alteração de perspectiva para incluir outros personagens só me fez gostar ainda mais do livro. Um novo favorito!
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Karoline 07/09/2020

A experiência de leitura desse livro foi como um abraço bem apertado e quentinho no qual me senti transportada para um lugar que até aquele momento eu nem imaginava que poderia existir, mas que existe e, de um jeito muito mágico, é tudo o que tinha procurado na minha vida, nas histórias que eu li e leio, na minha busca por refúgio e fuga da realidade...

Eu nunca quis tanto morar nesse lugar.
Eu nunca quis tanto que não fosse ficção.
Eu nunca quis tanto um Dorian pra chamar de meu. (Desculpa. Eu tinha que deixar isso registrado. Não me julguem, mas como não se encantar com esse homem?? haha)

Recomendo principalmente a todos àqueles que possam ter fraquejado em algum momento, mas que no fundo nunca realmente deixaram de acreditar na magia das estórias.
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kordeindies 29/08/2021

Tudo para mim
Esse livro é perfeito do começo ao fim. O jeito que eu senti a história do começo ao fim foi muito forte e agradeço muito quem me indicou.

5? + ??
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João 25/01/2021

Às vezes almejamos tantas coisas e a forma que encontramos para alcançá-las é por meio de uma bela pilha de confusão.


A ideia de Morgenstern é maravilhosa na teoria, fábulas e mitos inter-relacionados com a história principal, porém na prática se mostrou um tanto confuso. Em determinado ponto da história o plot é completamente pelo conceito, fazendo com que alguns personagens fiquem perdidos no meio disso e suas jornadas e motivações sejam completamente sem propósito.

A escrita da autora é linda, cheia de metáforas, charadas e um fortíssimo tom poético. Porém, da metade pra frente tudo parece um tanto sem propósito; coisas acontecem sem serem explicadas e alguns plots parecem um tanto aleatórios.

Não é uma história ruim, pelo contrário, mas sinto que um pouco de sua grandiosidade foi perdido durante a execução.
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Matheus Monteiro 23/04/2021

Ode a narrativa
Em um dos vários contos e fábulas de The Starless Sea da escritora estadunidense Erin Morgenstern, há uma fábula sobre uma escultora de histórias. No começo, ela usava materiais efêmeros como fumaça, névoa, para contar suas histórias. Depois começou a usar materiais mais resistentes, areia, vidro, até que recebeu a tarefa de criar uma história-cofre. Feita de ferro, intrincada e com diversas histórias dentro de si, essa história-cofre guardaria no interior de sua estrutura um segredo.
Essa é uma ótima forma de entender a própria criação de Erin.
The Starless Sea é um livro de fantasia que narra a história de Zachary Ezra Rawlins (acredite, você vai aprender o nome dele bem direitinho), um rapaz que está na faculdade e que certo dia, na biblioteca do campus, encontra um livro que conta sua própria história. Intrigado, com aquele volume que descreve não apenas seu presente, como fatos do seu passado (como quando em sua infância, ele quase abriu uma porta desenhada na parede) e ações futuras, Zachary começa a tentar entender de onde aquele livro surgiu, o que o leva a uma jornada misteriosa envolvendo organizações secretas e ambientes fantásticos, incluindo o misterioso Mar Sem Estrelas.
A primeira coisa que precisa ser elogiada é a escrita de Erin. Extremamente visual, lúdica e quase onírica, a escolha de palavras da autora para descrever não apenas os ambientes de sua história, como os próprios fatos é de um encantamento e deslumbramento impressionantes. Erin se aproxima da linguagem vista em contos de fadas e dos mitos, com uma narração distanciada, contemplativa, quase em um estado meditativo ao mostrar seu universo fantástico. As partes onde ela descreve processos ritualísticos do seu universo é um dos momentos mais impressionantes da narrativa.
E que narrativa. Retornando ao primeiro parágrafo, é possível entender o livro como um grande cofre que guarda um segredo. Erin cria uma aura de mistério e desconhecido por grande parte da sua obra, sem quase nunca entregar respostas evidentes, e mesmo as entregando não permitindo que sejam objetivas, seja usando da metáfora ou da personificação de conceitos para criar mais de um sentido. A jornada de Zachary por respostas é isso. É uma grande jornada por respostas, que não ficam exatamente claras. É um caminhar à procura de sentido, em um universo de diversas histórias.
Assim como a escultora de seu conto, Erin cria uma estrutura repleta de outras histórias. Há contos, fábulas, extratos de diários, que intercalam com os capítulos da jornada de Zachary. Histórias que são explicação de universo, histórias pregressas de outros personagens, histórias que talvez não se conectem com a de Zachary diretamente. Um mosaico narrativo que traz não apenas a capacidade de criação da autora, como o tensionamento da própria ideia de narrativa que temos. Em determinado momento, é possível se questionar: Zachary é de fato o protagonista de The Starless Sea? Em um livro com tantos contos, personagens, momentos e eventos, o que valida a existência de Zachary como protagonista? Porque ele não pode ser apenas um outro conto a qual vemos mais detalhes? Se nos contos entre os capítulos, a linguagem simplifica eventos para uma experiência de tempo mais acelerada para a pessoa que lê, o que garante que Zachary não seja apenas um conto de fadas com mais tempo de duração? Ele inegavelmente é o protagonista de seu próprio conto de fadas, mas porque esse conto de fadas é o principal dentre tantos?
Erin tensiona essa questão de história múltipla, até mesmo entrando em aspectos metalinguísticos quando cria uma personagem pintora que influencia na narrativa de uma maneira holística (Erin além de escritora, é pintora e artista visual), até mesmo sugerindo que o livro pode ser sobre encontros. Buscas de pessoas desaparecidas, respostas, sentido.
“Eu acho que pessoas vêm para cá pela mesma razão que nós viemos.” Dorian diz. “Na procura de algo. Mesmo se nós não soubermos o que era. Algo a mais. Algo a se maravilhar. Algo a pertencer. Nós perambulamos através das histórias dos outros, procurando pela nossa.” - The Starless Sea, página 297. (tradução livre)
Uma coisa que foi impossível ignorar, e me fez caçar entrevistas da autora para saber se eu não estava imaginando coisas, é a atmosfera que lembra os trabalhos do escritor argentino Jorge Luís Borges (confirmei minha impressão numa entrevista a qual ela afirma que faz referência ao trabalho do escritor). Para quem não conhece, Jorge Luís Borges foi um escritor argentino que possuía trabalhos no âmbito do fantástico, mas que desafiava convenções e possuía fortes tons metafísicos e teóricos-especulativos, com sua narrativa indo em linguagens de teorização ou de mitologia. The Starless Sea ressoa muito a densidade e as especulações narrativas do escritor, que possui um conto que, por exemplo, imagina como seria criar um sistema de catalogação para uma Biblioteca Infinita. Estrutura que lembra o próprio Porto, a qual é um hotel labiríntico que guarda livros e leitores por extensões nunca bem definidas. Para quem gosta dos trabalhos do argentino, Erin pode oferecer uma experiência muito boa, e vice-versa.
Sobre os personagens e representação. The Starless Sea é vendido como um livro de representação de personagens da comunidade LGBTQIAP+ (não encontrei informações se a autoria está nessa comunidade), e de fato, isso ocorre. Zachary é um rapaz gay e não apenas o único. Ele é confortável com sua sexualidade (assim como os demais), e há um caráter romântico no decorrer dos capítulos. Mas esse não é o foco, mesmo que seja importante em determinado ponto da história.
Existe algo que pode afastar quando falamos sobre os personagens desse livro. Eles têm vozes distintas, eles possuem bagagens narrativas que os impedem de ser apenas peças ilustrativas no jogo de palavras de Erin, mas ainda assim não é um livro sobre personagens. Existe um foco muito maior nos eventos e no universo, do que numa exploração psicológica de cada um dos personagens. Particularmente, isso não me deixou incomodado, e meus problemas com o ritmo do livro só aparecem nas partes finais quando o ritmo tropeça um pouco em sua (in)resolução. E devo dizer que a parte final (mais especificamente a parte 6, O diário secreto de Katrina Hawkins) chega a ser assustadora e angustiante quando o universo do livro se comporta quase como se estivesse numa narrativa de horror cósmico.
Um ponto a ser comentado sobre o Zachary, e aqui jogo mais como teoria porque não há necessariamente confirmação, é que Zachary não é um personagem branco, mas ainda que sua pele seja descrita como marrom, também não me deu a entender ser um personagem negro. Em determinada parte, é explicitado que sua mãe é uma fortune teller (vidente) que é um termo muito utilizado na mídia anglófona para mulheres ciganas. Não encontrei confirmações de que a autora escreveu visando esse grupo étnico, mas acho que é um ponto a se observar.
The Starless Sea é um livro de fantasia e mistério que foge bastante da produção estadunidense contemporânea do gênero. Tem uma escrita encantadora, uma estrutura que instiga e desafia, e apesar de perder um pouco o ritmo ao final, entrega uma história impressionante, extremamente fiel a linguagem a qual é realizada, e sendo um verdadeiro ode a linguagem escrita e o poder de narrativa.
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ana 24/04/2021

A escrita desse livro é magnífica!! O jeito que a autora escreve é lindo, e tem várias histórias que se conectam de um jeito muito bem feito, e amei a ambientação.
Minha única reclamação é que em alguns momentos achei que ficou meio confuso, e algumas horas os side plots estavam mais interessantes que a história do Zachary. Mas foi um livro belíssimo, pretendo reler ele futuramente para ver se eu entendo melhor alguns detalhes.
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Luiza 08/07/2021

To seeking. To finding.
Eu sinceramente não faço ideia de como descrever o mix de sensações que essa leitura provocou em mim, mas sei dizer que a última e talvez a mais intensa delas seja a sensação de desejo por mais. The Starless Sea é a história de um lugar que guarda histórias. É a história de um rapaz, que antes foi menino, e que, eventualmente, decide abrir uma porta. É a história de como família é um conceito mais amplo do que laços sanguíneos. É a história sobre como talvez o lugar que você procura seja talvez uma pessoa. É a história sobre um mar sem estrelas. É a história de várias histórias.
Eu não queria me despedir desse livro que, mas que tudo, me trouxe o sentimento de pertencimento, de lar, de casa, mas talvez esse fim seja também um começo.
Afinal, somos todos protagonistas de histórias que se entrelaçam nessa rede mágica que é o mundo.
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