Resenhas - Ricardo e Vânia

Vinicius 07/10/2023

Mais um acerto de Felitti
Como todos os livros do Chico, um convite para olharmos com mais empatia para personagens marginalizados, uma chance de conhecer o outro lado da história, agora contada por eles.

E também como os demais, termino com um misto de tristeza e compaixão aflorados. Com a leitura nos freamos nos julgamentos por um instante e passamos a conhecer os seres humanos por trás das lendas urbanas. Uma espécie de reparação por todas as injustiças cometidas.

Chico é mestre em desenhar essas histórias complexas, cheia de erros e acertos, mas tão próximas de nós. Tão próximas de qualquer pessoa no mundo, afinal todos estamos tentando fazer o melhor que podemos com os recursos disponíveis. Com um diferencial, os biografados pelo autor sofrem de um tipo de exclusão mais cruel, suas vidas escapam da norma, e por isso foram relegados aos degraus mais baixos da escada social.

Gostei como a história de Vânia tomou uma proporção grande e dividiu a biografia com Ricardo. O final em que a acompanhamos nos dá uma lufada de esperança. Destaco o audiolivro narrado pela atriz trans Renata Carvalho, que enche a narração de significado e vida.

Que histórias como esta se tornem populares e que possamos aprender com as injustiças para que outras pessoas LGBT+ no futuro possam ter uma vida digna.

Diego Piu 24/10/2022

Separa uma caixa de lenços
Não recordo de ter chorado tanto em um livro, mas ele me fez sorrir também. Talvez a palavra que resuma as duas situações seja: emocionante!

Desde que a matéria sobre o Ricardo foi publicada na internet, foi uma história que despertou o meu interesse. Pois numas das minhas idas a SP, lembro de alguém comentar no táxi: Olha ali o Fofão da Augusta (forma pejorativa como era conhecido), mas como eu tava do lado do carro que não favorecia vê-lo, não entendi direito a referência, mas o nome ficou gravado na memória.

Ganhei o livro de aniversário de uma amiga que amo muito. E nele conheci a história de Vânia.

Falando em amor, esse livro foi lido em voz alta do início ao fim, pois queria dividir essa experiência com o meu marido.

Embora nossas vidas tenham sido bem diferentes das vidas de Ricardo e Vânia, foi impossível não nos encontrarmos nas histórias deles: os medos, as violências (verbais ou não), as rejeições, mas tbm os closes.

Enfim, mexeu muito com a gente!

Rosangela Max 17/07/2023

Uma história intrigante e bem escrita.
Ricardo e todas as nuances de sua vida relatadas pelo autor formam um personagem emblemático e misterioso. Embora o conteúdo sobre Ricardo não preenche nem a metade do livro, ele abre espaço para a história de outros personagens interessantes como Carlos, Marcelo, Flavio, Vânia e tantos outros que conviveram com Ricardo.
Gostei da forma que o autor desenvolveu a história. Foi sensível e também soube usar o ?suspense? em determinados momentos. Pena que não tinha mais fatos e fotos sobre Ricardo.
Recomendo a leitura.

Ana Athanasio 27/02/2019

Livro-reportagem precioso e honesto
Típico livro-reportagem que nos pega logo de início, principalmente se o leitor chegou a cruzar com Ricardo em algum momento ou leu a reportagem que Chico Felitti fez para a Buzzfeed Brasil. É jornalismo de qualidade e honesto.

Além disso, as histórias que o escritor nos traz têm tudo aquilo que talvez falte não só ao cinema, mas à produção literária brasileira para que seja mais reconhecida no exterior: a pegada de universalismo.

Temas universais e necessários atualmente são tratados de forma extremamente sensível. Homossexualidade e todos os entraves que pessoas como Ricardo e Vânia tiveram lá nos inícios dos anos 70/80 - sobretudo no interior tradicional paulista -, problemas psiquiátricos como esquizofrenia, parâmetros de beleza que mudam com o tempo e as maneiras encontradas para alcançá-los, relacionamentos abusivos, imigração, prostituição, invisibilidade social etc.

@eleeoslivros 01/03/2019

eu tô extremamente tocado e apixonado por essa história.
nós seres humanos temos mania de estereotipar algumas pessoas e por conta disso não temos uma visão do quanto maravilhosas essas pessoas são ou foram um dia.
eu nunca vou me perdoar por ter cortado o caminho de ricardo todas as vezes que o encontrei na rua ou ter fechado o vidro do carro. tudo isso pois me diziam que ele era uma pessoa muito violenta e eu ficava com medo.
eu tô sem palavras. apaixonado. querendo mais histórias sobre eles.

Stephen Rose 05/03/2019

Jornalismo em essência
Chico Felitti escreve com paixão. Paixão pela investigação e pela pessoa humana, o que deveria ser intrínseco à profissão de jornalista mas infelizmente em tempos obtusos não é. Chico não perde tempo com o próprio ego, apesar de ser personagem importante na história de Ricardo e de Vânia. Leitura obrigatória para estudantes de jornalismo.

Saulo 24/03/2019

Muito bom!
Há alguns anos eu li a matéria sobre o personagem principal do livro no BuzzFeed. Fiquei estupefato com a reportagem. Que personagem! Triste! Violento! Apaixonante! Até tentei entrar em contato com o autor, mas imagino que milhares de pessoas tentaram fazer o mesmo. Quando comprei o livro, fiquei com medo de ser mais do mesmo (afinal já tinha lido a reportagem). Preconceituosamente temi que o autor chafurdasse na dor daquele personagem. Mas que surpresa espetacular. Tudo é escrito com tanto respeito. Tanto carinho. Tanto profissionalismo.
No meio do livro, o autor tem a feliz ideia de deixar de lado um pouco a vida de Ricardo (em vez de esmiuçar tragédias) e passear pela vida de Vânia. A princípio causa um pouco de estranheza, fiquei com a sensação de que era duas histórias independentes. Mas é interessante ver como duas pessoas com tantos traços em comum seguem destinos e caminhos tão diferentes.
Um grande livro! Se o nosso país não fosse tão preconceituoso, acho que se tornaria um clássico instantâneo.
Imperdível!
Queria apenas que tivessem mais fotos de Ricardo no livro.

Marcia 07/04/2019

O(s) tema(s) tratados no livro são fascinantes e chamam a minha atenção. Infelizmente, o autor parece ter escrito o livro "correndo", a fim de publicar logo. Há parágrafos com duas linhas. Frases terminam do nada e começam do nada. Faltam conectivos. Ele coloca ponto final só para ganhar espaço, porque logo parte para a frase seguinte. Vai citar um exemplo ou explicar algo, que, pela lógica, seria introduzido por vírgula, por exemplo, mas ele prefere parar ali, colocar um ponto final e, então, iniciar outra sentença, só com o exemplo, bem solto. É gramaticalmente pobre. Achei mal escrito, mal revisado. Os capítulos parecem soltos, há citações cujas aspas são o único indício de que quem nos fala aquilo é uma terceira pessoa (cabe a nós adivinhar), porque ele prefere terminar uma frase e iniciar um parágrafo, que é a tal citação. Mesmo assim, vale a leitura, que desperta em nós vontade de continuar e pesquisar mais e mais...

Pipoco 08/04/2019

Livro emocionante, por vezes doloroso, mas também com passagens divertidas e, obviamente, permeado de memórias. O autor humaniza e valoriza a vida dos personagens que dão título, apresentando suas trajetórias de vida de maneira contundente e sincera.

Ariane335 13/05/2024

Em 2017, o Hospital das Clínicas foi ocupado por um homem anônimo que há 20 anos circulava pela rua Augusta, onde panfletava e pedia esmolas. Sua aparência lhe rendeu o status de lenda urbana. Por trás do apelido ofensivo de Fofão da Augusta, estava um cabeleireiro disputado nos anos 70 e 80, esquizofrênico, drag queen, artista de rua e frequentador do underground. Felitti investigou sua história e publicou uma reportagem que viralizou. Mais de 1 milhão de pessoas souberam o nome por trás do rosto remodelado por silicone e cirurgias: Ricardo Correa da Silva. Logo viriam outros personagens atravessados por sua trajetória. Sobretudo Vânia, que um dia se chamou Vagner e foi o amor de sua vida.

Henrique Nascimento 24/04/2019

História boa, livro nem tanto
No dia seguinte à publicação da matéria sobre o Fofão da Augusta, eu a li descompromissadamente. O meu aplicativo de leitura me informava que eu levaria trinta minutos para ler todo o texto, mas fiquei tão preso na história de Ricardo Corrêa da Silva que não consegui abaixar o celular antes de terminar. Minha ansiedade para ler esse livro, então, não era pouca. E, infelizmente, acabei me decepcionando.

Não é que é um livro ruim. A história é excelente, mas a forma como ela é contada nem tanto. A matéria que deu origem ao livro é bem amarrada e traz uma fluidez que te leva ao fim do texto sem o menor esforço, algo que não é visto no livro. Nos primeiros capítulos, Chico resgata a história de Ricardo, contando também o processo de produção da reportagem. Em seguida, liga a história de Ricardo à de Vânia, que era o amor da vida de Ricardo, e, da metade para o fim, o foco fica em Vânia.

Como disse, o problema não está na história. O trabalho do autor foi bem feito e ele pegou informações que deixarão o leitor satisfeito. Porém, faltou pulso firme na escrita ou, talvez, na edição.

A história tem idas e vindas que, em alguns momentos, deixam o leitor perdido. Outro problema é a tentativa de romantizar as cenas, procurando fugir das narrativas rigorosas do Jornalismo, mas que acabam não colando. Em um momento, por exemplo, ele conta como entraram em uma espécie de depósito para resgatar algumas memórias guardadas por Vânia e repete a palavra "sandália" algumas vezes, indicando que a mulher tem muitos pares do calçado. Só que a informação fica perdida no texto porque não tem relevância alguma.

Outro exemplo é o fato de Chico sempre chamar a mãe, que o acompanha durante a jornada, por Isabel, o que causa certa estranheza já que não conhecemos a relação entre os dois e não há nenhum motivo específico para o tratamento. Ainda, o autor parece não se decidir em como tratará Vânia, que já teve diversos pseudônimos durante a vida, e opta por usar todos eles, com justificativa, mas que acaba gerando confusão. A melhor opção, talvez, seria seguir com apenas um nome e trazer os demais quando fossem realmente necessários.

São detalhes, mas detalhes que desencorajam a leitura. É um livro pequeno, mas cansativo para terminar justamente por esses motivos. No entanto, a história vale muito a pena e é muito bom conhecer um pouco mais não só sobre Ricardo, mas também sobre o amor de sua vida.

Thamirys Santos 21/05/2019

Excelente!
Fiquei fascinada com a matéria de Chico Felitti sobre o "Fofão da Augusta" publicada no Buzzfeed, mas como não sou de São Paulo e nunca tive contato com o personagem, li e deletei da mente. Depois de ouvir uma entrevista do jornalista e autor do livro em um podcast, não resisti e corri pra baixar uma amostra do livro, e não consegui parar de ler! Comprei correndo pra terminar a leitura e o fiz em dois dias.
A história de Ricardo (nome real do "Fofão") é extremamente triste, mas muito rica. Através de sua vida vemos como o diferente sempre assustou, e assusta até os dias atuais, e como o preconceito e auto sabotagem podem mudar completamente a vida de uma pessoa e de todos a sua volta.
Terminei a leitura muito satisfeita e feliz com o trabalho incrível do autor. Também emocionada, depois de ler sobre a trajetória desse casal. A história de Vânia daria por si só um excelente livro, e os capítulos dedicados a ela apresentaram um novo lado do maquiador e cabeleireiro que caiu em decadência.
Gostei bastante do formato do livro, com capítulos curtos e diretos, fazendo a leitura fluir com muita facilidade e de forma prazerosa, mesmo tratando de temas delicados. Mérito também da escrito de Chico, claro.

Por fim, sugiro que leiam, pois é um livro muito enriquecedor e, apesar dos pesares, uma bela história de amor, lutas e desafios pra se ter conhecimento.

Rafael Mussolini 19/06/2019

O nome dele é Ricardo e o dela é Vânia
"Ricardo e Vânia: o maquiador, a garota de programa, o silicone e uma história de amor" de Chico Felitti (todavia, 2019) é um livro sobre a humanização de pessoas que foram abandonadas pela sociedade. É sem dúvida um livro que ajudou a devolver a voz e o próprio nome a Ricardo (pejorativamente apelidado de Fofão da Augusta), e a contar a história de luta e coragem de Vânia para conquistar o direito de ser.

A história de Ricardo e Vânia ganhou vida em livro graças à reportagem do jornalista Chico Felitti para o BuzzFeed Brasil, onde o mesmo relatou grande parte da história de Ricardo que estava internado em um hospital. A reportagem que viralizou nos sites e redes sociais desnudou a história de um personagem que São Paulo inteira conhecia mas não conhecia, como acontece com boa parte das pessoas que vivem em situação de rua.

A pesquisa minuciosa e apaixonada de Chico vem pra mostrar a todo mundo que as pessoas não nascem dos paralelepípedos e que aquela pessoa que você vê, suja e deitada numa esquina de uma grande cidade possui uma história de vida e que como no caso de Ricardo, pode ser uma história emocionante.

Como pode um cara que fez fama e dinheiro na cidade de São Paulo como maquiador e cabeleireiro das celebridades ir parar nas ruas? Como pode um cara de beleza estonteante começar a aplicar silicone no próprio rosto ao ponto de ficar deformado? Como pode a homofobia levar ao abandono da família e da sociedade a ponto de agravar um quadro de esquizofrenia?

Antes de ler essa biografia/reportagem, vale muito a pena ler a matéria do site e em seguida partir para a leitura do livro, que além de trazer mais detalhes sobre Ricardo, ainda se debruça sobre a história de Vânia, como se fosse um grande capítulo 2 que nos faz entender ainda mais a história de Ricardo Correa da Silva e a força de uma história de amor.

isa.dantas 26/01/2020

As vidas de Ricardo e Vânia são muito interessantes, e as informações coletadas são muito boas, mas a escrita deixa a desejar. Parágrafos curtos, não me parece haver um trabalho mais minucioso de ligação entre parágrafos e às vezes capítulos. Mais uma biografia lançada pela editora todavia que parece ser escrita as pressas.

Cris 10/02/2020

Bom
Gosto da temática, tanto que o meu TCC na faculdade foi um livro-reportagem sobre travestis. Chico Felitti conta a breve de história de Ricardo Correa da Silva, também conhecido como "Fofão da Augusta". Traz também outros personagens e relatos, como a de Vânia Munhoz, brasileira radicada na França, que um dia se chamou Vagner e foi o amor de sua vida.