Adriano 23/07/2023
Surpreso
Não esperava essa mudança de foco na segunda parte do livro. O afeto e a sinceridade do escritor em relação ao pai chamou a minha atenção.
Não acho justo comparar com Annie Ernaux. É uma outra realidade, um outro tempo, uma outra França.
Foi muito bom reencontrar Édouard Louis depois de 4 anos da leitura de O fim de Eddy
Trecho:
Hollande, Valls, El Khomri, Hirsch, Sarkozy, Ma-
cron, Bertrand, Chirac. A história do seu sofrimento tem nomes. A história da sua vida é a história dessas pessoas que se sucederam para abatê-lo.
A história do seu corpo é a história desses nomes
que se sucederam para destruí-lo. A história do seu corpo acusa a história política.
Esses nomes que mencionei há pouco, talvez aque-
les que vão me ler ou me ouvir não conheçam, talvez já os tenham esquecido ou nunca os tenham ouvido, mas é justamente por isso que desejo mencioná-los, porque há assassinos que nunca são denunciados pelos assassinatos que cometeram, há assassinos que escapam da vergonha graças ao anonimato ou graças ao esquecimento, tenho medo porque sei que o mundo age nas sombras e na noite. Eu me recuso a deixar que eles sejam esquecidos. Quero que sejam conhecidos hoje e sempre, em toda parte, no Laos, na Sibéria e na China, no Congo, na América, por toda parte pelos mares, no interior de todos os continentes, para além de todas as fronteiras.
Será que tudo sempre acaba sendo esquecido?
Quero que esses nomes se tornem tão inesquecíveis quanto Adolphe Thiers, Ricardo III de Shakespeare ou Jack, o Estripador.
Quero pôr seus nomes na história por vingança.