Quem matou meu pai

Quem matou meu pai Édouard Louis




Resenhas -


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Carla Verçoza 14/01/2024

Outro livro autobiográfico, dessa vez focado na difícil relação do autor com meu pai.
Dificuldades financeiras, violência, alcoolismo, a vergonha por ele ser uma menino diferente do que se esperava dele, a relação pesada com o pai.
Tudo muito bem desenvolvido nesse curto livro, vale muito a pena conhecer a escrita de Édouard Louis.
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JoAo366 23/02/2024

Perfeito. Sem tirar nem botar. Meu livro está TODO marcado. O jeito que ele começa o livro já me pegou de uma forma muito forte. A linguagem que ele usa pra conseguir tecer um fio entre suas memórias, a homofobia do pai, seus sentimentos mais ínfimos e como a política afetou sua família, é bizarro. ?A violência me salvou da violência? pra mim é uma das passagens mais fortes junto com ?quando penso no passado e na nossa vida comum, lembro primeiro de tudo que eu não disse a você, minhas lembranças são do que não aconteceu.?

Recomendo MUITO! Ja quero ler todos dele
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Marcos Junior 01/11/2023

Excelente! livro curto com grande impacto.
a forma como o autor vai humanizando seu pai no decorrer da história é muito bonito e especial.
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Faluz 30/10/2023

Quem matou meu pai - Edouard Louis
Leitura rápida mas densa. Uma relação entre pai e filho que mesmo depois da vida adulta não consegue se desenvolver. Um distanciamento constante presente, não permite que as relações se entrelacem.
Rasqueante.
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Fabi 11/05/2024

Não tenho certeza de que faça parte de uma trilogia biográfica. É o 3o livro em que o autor fala de sua infância, adolescência e início da vida adulta. O 1o que li o enfoque é nele mesmo, o 2o na relação com a mãe e este traz à tona a rotina com o pai. Acredito que por esta razão soou repetitivo para mim. Ainda assim, é uma leitura que impacta e traz um pano de fundo psicológico forte.
Pra quem chegou até aqui: leia este livro antes dos outros e aposto que apreciará mais do que eu.
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Christian90 04/11/2023

Eduardo Lois é foda
Desde de o primeiro livro que li de Eduardo lois (O Fim de Eddy) fiquei fascinado! A força, a vontade de gritar, o modo da escrita me prende de uma forma que poucos escritores me prendem.

Além de Eduardo lois se tornou um dos meus escritores preferidos

Tem alguns momento que ele escreve:
"A masculinidade o condenou a pobreza, a falta de dinheiro."

"Os poderosos podem reclamar de um governo de direita, de esquerda. Mas o governo não lhes causa problemas digestivos, um governo nunca lhes tritura as costas, um governo nunca lhes arrasta para praia"

" o que fizeram com seu corpo não lhe dá a oportunidade de desvendar a pessoa que você se tornou "
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@emedepaula 24/07/2023

Cortante
Literatura e sua arma de afetar. Uma leitura rápida e que vai no centro nervoso de um problema social amplamente testemunhado em todas as sociedades. O esmagamento físico e porque não, cognitivo, ao qual estamos submetidos, a violência de Estado e suas implicações na vida material e subjetiva das famílias mais pobres. Admiro profundamente a crueza e coragem de Édouard Louis para fazer desse testemunho uma denúncia pungente. Bravo!
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Paulo 06/02/2024

Em sua terceira publicação, no Brasil as duas primeiras pela Tusquets (esgotadas), selo da editora Planeta, e as seguintes pela Todavia, Édouard Louis se mantém no romance autobiográfico.
Neste, Louis ainda aborda a família, mas focando agora especificamente no pai. Além do aprofundamento na sua parca relação com o pai, de mais (poucos) detalhes da história dele, Louis agora aborda diretamente a política, e políticos, e reconhece totalmente aqui a formação do indivíduo na e pela sociedade, que o indivíduo é além de um âmbito pessoal e de um âmbito familiar, nenhum indivíduo é como é por si só, por sua natureza, ou só por sua escolha.

Mas talvez tão interessante, e em algum grau surpreendente, quanto a questão política e social que Louis traz de forma contundente, são também os sentimentos pelo pai - em "O Fim de Eddy", sua primeira publicação, e aqui também, Louis pinta a figura grotesca do pai e expõe seu desprezo por ele. Tendo essa perspectiva de sermos formado na sociedade, formados no ambiente, é natural que Louis consiga passar a enxergar o pai com outra perspectiva, uma de empatia, de compreensão. O pai é tanto um aprendiz e reprodutor do machismo extremo, da misoginia, da homofobia etc., quanto é uma vítima do ambiente, e também do Estado e por ele negligenciado quando adoece e precisa de auxílio, e quando governantes fazem, refazem e desfazem leis para negligenciar os assistidos pelo Estado, Louis cita os nomes dos políticos (Nicolas Sarkozy, por exemplo) e os anos das leis, assim como os motivos, que são sempre os mesmos: o pobre é despesa, o pobre que se f@da; e jogam pobre contra pobre dizendo que o necessitado de assistência estatal é um folgado parasita.

O texto é escrito num tom de cartas, como que destinadas ao pai, talvez num desejo de lhe dizer diretamente, ou talvez para a narrativa funcionar para o leitor. A questão que não fica clara é quando o pai morreu, se ainda estava vivo quando Louis publicou ou mesmo quando escreveu esses textos.

A dedicatória "Para Xavier Dolan" precede o início do livro. Fiquei muitos segundos olhando surpreso para essa frase, só a vi quando peguei o livro para ler. Isso me surpreendeu e maravilhou porque trato Dolan (diretor, roteirista e ator canadense, queridinho de Cannes) como um semideus, e Louis virou um dos meus escritores preferidos, então ver um mencionar o outro é emocionante.
De lado essas questões pessoais e emocionais, comecei a pensar depois que talvez o filme e longa metragem de estreia de Dolan, "Eu Matei Minha Mãe" (2009), um filme semiautobiográfico, tenha influenciado Louis a expor as vísceras de sua vida pessoal e familiar de forma tão explícita.
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Luis.Henrique 30/03/2024

De toda a obra de Édouard Louis essa nos dá uma sensação de síntese, mas de uma síntese onde tudo que era demais ficou depurado, decantado. Restou o essencial.
Esse essencial é duro, emocionante, verdadeiro.
Humano e político

Tudo na medida exata da verdade.
Uma obra prima da contemporaneidade.
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Glemerson 06/11/2023

Muito bom...
Incrível como o autor aborda vários temas que nos rodeiam e coloca como essas questões podem refletir sobre nossa vida. Temas como machismo, homofobia e questões de classe.

O autor retoma memórias do seu pai e de suas atitudes no passado, o que daria 1 milhão de motivos para abandoná-lo. O autor tem uma noção política e social muito grande e com isso, se mostra uma pessoa empática ao pai, demonstrando que tudo que ele é, não é sua culpa, mas sim, da sua condição.
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Campos40 24/12/2023

Emocionante
"Quem Matou Meu Pai", do renomado autor Édouard Louis, é uma obra que mergulha nas complexidades sociais e políticas que moldam as vidas dos menos favorecidos. Através da perspectiva íntima e pessoal do autor, o livro revela as consequências devastadoras das políticas sociais e econômicas sobre as famílias operárias. Louis constrói um relato poderoso, questionando quem são os verdadeiros responsáveis pela violência e injustiça que moldam o destino de tantos.

A narrativa é marcada por uma mistura de raiva e ternura, proporcionando uma visão emocional e visceral da luta contra a marginalização. "Quem Matou Meu Pai" não é apenas uma busca por culpados, mas uma reflexão profunda sobre o impacto humano das decisões políticas. O autor desafia os leitores a confrontarem as consequências de sistemas que perpetuam desigualdades, oferecendo um chamado à ação e empatia em face das narrativas muitas vezes negligenciadas.
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Cristian Monteiro 09/10/2023

Como pode tão curto e tão pesado? Tão distante e tão perto?

Edouard Louis é um dos melhores autores contemporâneos, a forma com que ele narra o cotidiano, os dilemas e sobretudo as dores de sua família é tão crua, verdadeira e tão íntima que a torna universal.

E a forma com que ele costura seus dilemas como indivíduo e o viés político de sua obra, sem nunca parecer forçado é coisa de gênio.
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Rafael Mussolini 16/05/2024

Quem matou meu pai
"Quem matou meu pai" do Édouard Louis (Editora Todavia, 2023) é um relato comovente e violento, onde o autor analisa a relação com o próprio pai através da penumbra da desigualdade social, da pobreza, da homofobia e de uma política que mata. Édouard Louis não deixa de lado suas mágoas em relação ao amor que esperava receber do pai, mas consegue ir além ao discutir sobre a influência do meio para a formação da subjetividade de um homem que sempre precisou lidar com a falta. Uma falta que aos poucos foi se transformando em silêncio e violência.

O livro é escrito em primeira pessoa e como se fosse uma carta endereçada ao pai. A narrativa começa após uma visita, feita depois de alguns anos de distanciamento, e após Édouard se deparar com um homem debilitado por conta de anos de serviço pesado e diversos tipos de privações causadas pela pobreza. O autor constrói uma espécie de manifesto político, que mostra como funciona o jogo da exploração dos mais pobres e como existe um mecanismo de escravização de corpos e mentes, onde pessoas exploradas são convencidas de que suas dificuldades e necessidades são “coisas da vida”. O mesmo mecanismo que conseguiu fazer com que seu pai, um operário, votasse em um candidato da extrema-direita.

"Você não estava ali. Não estava nem mesmo boquiaberto porque perdera o luxo do espanto e do horror, nada mais era inesperado porque você não esperava mais nada, nada mais era violento porque você não chamava a violência de violência, chamava de vida, você não a chamava, ela estava ali, existia."

Édouard Louis constrói uma voz literária imponente ao utilizar da autobiografia e da escrita poética para narrar suas memórias. Em meados dos anos 90 e início dos anos 2000, o autor levou uma vida pobre e cheia de privações ao lado da família. Seu pai sempre foi operário e sua mãe uma dona de casa. Viveram no norte da França em uma época de graves crises políticas, portanto, nos relatos de Édouard, vemos claramente o impacto da desigualdade social na vida da classe operária francesa.

Na obra de Louis estabelecemos contato com alguns tipos de ausências. Temos a ausência clássica do diálogo entre homens, fato que é impulsionado pelo machismo, pela homofobia e que, por vezes, esbarra na violência. No caso de Édouard soma-se o fato de que o autor é um homem gay que precisou enfrentar o preconceito muito antes que a sua sexualidade fosse uma questão para ele mesmo. Era um menino gay sendo criado por um homem que foi convencido pela estrutura social de que abandonar a escola o mais rápido possível era uma questão de masculinidade.

"Durante toda a minha infância ansiei por sua ausência. Voltava da escola no fim da tarde, lá pelas cinco horas. Quando me aproximava de casa, sabia que se o seu carro não estivesse estacionado na porta queria dizer que você tinha ido ao bar ou à casa do seu irmão e que voltaria tarde, talvez no início da madrugada. Se eu não via seu carro na calçada na frente de casa, sabia que iríamos comer sem você, que minha mãe acabaria dando de ombros e nos servindo o jantar e que eu só o veria no dia seguinte. Todos os dias, quando eu me aproximava da nossa rua, pensava no seu carro e implorava em silêncio: faça com que ele não esteja lá, faça com que ele não esteja lá, faça com que ele não esteja lá."

Desde muito cedo, Édouard precisou lidar com a ambivalência, com a ironia de ao mesmo tempo em que ansiava pelo amor do pai, também desejava distância de sua frieza e de seu silêncio. Quando pensamos sobre isso, o livro ganha um significado maior, pois estamos diante da sede de um filho por respostas e ele logo percebe que elas estavam todas ali. O autor parte de algo particular para descobrir que tudo era de instância cultural e coletiva.

"Um dia, escrevi a seu respeito num caderno: escrever a história da vida dele é escrever a história da minha ausência."

Existe uma outra ausência na obra que é a ausência política. Édouard Louis é brilhante ao criar um manifesto político que descreve a forma sutil como a má política faz a manutenção dos pobres e da pobreza em um país. Ele faz isso enquanto conta a história de vida de seu pai, que sempre precisou trabalhar muito para conquistar pouco, que sempre precisou lutar para viver com o mínimo de dignidade.

"Gostaria de tentar formular uma coisa: Quando penso nisso hoje, tenho a sensação de que a sua existência foi, apesar de você, e contra você, uma existência negativa. Você não teve dinheiro, não pôde estudar, não pôde viajar, não pôde realizar seus sonhos. Há na linguagem quase apenas negações para contar sua vida."

Édouard olha para seu pai, com a saúde frágil por conta dos anos de trabalho e ainda assim sem direito a uma assistência digna e se permite perdoar o homem que ele se tornou. Ele percebeu que estava olhando também para o povo pobre francês. O autor relata uma ocasião em que o pai ficou impossibilitado de trabalhar por conta de um acidente de trabalho e cita as inúmeras reformas e resoluções governamentais que foram diminuindo e até mesmo retirando os poucos auxílios que os trabalhadores tinham. Seu pai, com um problema sério de coluna, precisou voltar a trabalhar, encurvado, varrendo rua, para garantir sua sobrevivência.

"Agosto de 2017 – o governo de Emmanuel Macron tira cinco euros por mês dos franceses mais necessitados, retém cinco euros por mês dos auxílios sociais que permitem aos mais pobre na França encontrar moradia e pagar aluguel. No mesmo dia, ou quase, não importa, anuncia uma redução de impostos para as pessoas mais ricas da França. Considera que os pobres são ricos demais e que os ricos não são ricos o bastante. O governo Macron determina que cinco euros não é nada. Eles não sabem. Dizem essas frases criminosas porque não sabem. Emmanuel Macron tira a comida da sua boca."

Édouard tem a coragem de dar nome aos bois e deixar registrado para a posteridade os nomes dos poderosos responsáveis pela morte de seu pai, como se essa fosse pelo menos uma forma de fazer alguma justiça.

"Hollandre, Valls, El Khomri, Hirsch, Sarkozy, Macron, Bertrand, Chirac. A história do seu sofrimento tem nomes. A história da sua vida é a história dessas pessoas que se sucederam para abatê-lo. A história do seu corpo é a história desses nomes que se sucederam para destruí-lo. A história do seu corpo acusa a história política."

O posicionamento político de Édouard é doloroso e também serve como um alerta. Ao ver os seus e sua comunidade em um ciclo sem fim de abusos, opressões e limitações, o autor deixa um questionamento sobre o que a política representa para os políticos e como estamos diante de uma sucessão de nomes que entram e saem do poder, sem fazer uma mudança realmente significativa para mudar a ordem das coisas. Édouard critica o posicionamento de governos ditos de esquerda, mas que não conhecem sobre quem tanto falam.

"Os poderosos podem reclamar de um governo de esquerda, podem reclamar de um governo de direita, mas um governo nunca lhes causa problemas digestivos, um governo nunca lhes tritura as costas, um governo nunca os arrasta para a praia. A política não muda a vida deles, ou muda muito pouco. Isto também é estranho, eles fazem a política, mas a política não tem quase nenhum efeito em suas vidas. Para os poderosos, na maior parte do tempo, a política é uma questão estética: uma forma de pensar, uma forma de ver o mundo, de construir sua persona. Para nós, significa viver ou morrer."

Édouard Louis mostra-se a cada livro como uma pessoa comprometida com as próprias convicções. Aposta no confronto com as ideias pré-estabelecidas, na provocação da classe dominante política e dos poderosos como uma das maneiras mais eficazes de promover alguma mudança significativa. E quando parte de uma história tão próxima e tão real como do próprio pai, da própria família e de uma comunidade da qual fez parte, seus relatos ganham mais corpo, principalmente ao mostrar que temas como política e justiça social não estão desassociados das noções de sobrevivência, amor e ódio.

site: https://rafamussolini.blogspot.com/2024/05/quem-matou-meu-pai-do-edouard-louis.html
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