Biia Rozante | @atitudeliteraria
15/11/2020Emoções mil...A vida não deveria ser tão frágil. E a perda mais fácil de superar. Tegan tem vivido os piores momentos de sua vida, sua dor é tanta que não existe uma maneira simples de lidar com ela. Como pode o que era perfeito, quase como um sonho, se transformar em um verdadeiro pesadelo de um segundo para o outro? Por mais que tente, que reflita e insista, sua capacidade de encontrar uma resposta para isso, parece cada vez mais distante. O que a tem tornado refém não é apenas o luto, são as lembranças daquela trágica noite em que lhe foi roubado seu bem mais precioso, a tornando um ser amargo, frustrado, devastado e por vezes furioso. A tristeza a atormenta, a torna depressiva e é totalmente compreensível, porém a raiva, essa não tem como controlar, a domina e quando se torna ciente, só se revela ainda mais cruel. O alvo de sua dor, é Gabe, seu marido amado, mas também o responsável por todo seu sofrimento.
“Como você explica a alguém que, se pudesse, abriria o próprio peito e jogaria as cinzas ali dentro para elas poderem descansar para sempre junto ao seu coração? Como um cobertor para diminuir o frio do pesar. É impossível explicar, então você não explica.”
Era para ser um natal especial, um jantar na casa da família de seu marido, porém, uma tragédia acontece e rouba de Tegan seu grande sonho – ela perde o filho. Por mais que tente lidar com a perda, com o luto, dia após dia, seu sofrimento parece aumentar, assim como sua raiva por Gabe, que era quem estava dirigindo. Nada mais parece certo, fazer sentido, e a dor ameaça consumi-la a cada segundo, até que um ato impulsivo faz com que compreenda a dimensão de seu problema, e Gabe que já não suporta e não tem mais meios para tirá-la deste desequilíbrio, trás a tona um “pote” dos desejos, algo que construíram juntos, planos para um futuro que nunca chegou, mas que agora poderia ser o momento perfeito para realizar. E é assim, que em meio a relutância e recordações lindas que partem em busca de cura, libertação, superação, e quem sabe... um recomeço.
Uau... eu li VEM COMIGO a mais ou menos uma semana e ainda não fui capaz de absorver as muitas emoções que a história fervilhou dentro de mim. Tegan é uma mulher que está devastada pela dor, cega por sua perda e luto, inconformada com o rumo que sua vida acabou tomando. É como se o mundo a tivesse dado uma rasteira, roubando seus sorrisos, sua alegria, sonhos, amor e vontade de viver. Tudo ganhou um gosto amargo e ácido, o que antes era colorido se transformou em cinza e mesmo após meses nada foi digerido, suas emoções seguem a flor da pele, os pesadelos não tem fim e tudo que ela mais quer é voltar a respirar, ter um momento de paz e tranquilidade. Talvez esquecer aquela noite cruel e tudo que ela tomou. Porém, parafraseando William Shakespeare “Não importa em quantos pedaços o seu coração foi partido, o mundo não para, para que você o concerte.” E ela precisa lidar ou vai sucumbir, e é somente por essa razão que ela encontra forças para aceitar o conselho de Gabe e viajar em busca de novas lembranças, talvez encontrar uma cura, uma libertação da agonia. E cada destino vai revelando mais sobre esse jovem casal, seus sonhos, suas esperanças, seus desejos... E ao virar das páginas começamos a vislumbrar um pouco mais de como eram antes de tudo acontecer e torcemos vorazmente por uma reconciliação, reaproximação e nada nos prepara para o que vamos encontrar.
“Tento afastar a amargura da voz, mas não consigo. O oscilar das emoções ainda me surpreende. Ou talvez seja mais uma questão de como é rápido ir de estar me sentindo bem, até mesmo conseguindo rir de uma piada, a me sentir triste e com raiva. É como se eu fosse um navio em meio a uma tormenta feroz — o balançar de um lado para o outro, extremo e alarmante.”
VEM COMIGO é intenso, doloroso e comovente. O tipo de enredo que marca, que deixa nosso coração pequenininho, cheio de reflexões e emoções mil. Eu AMEI! Amei acompanhar cada passo desses personagens e suas lutas. Amei desvendar suas qualidades e defeitos, senti-los tão próximos, porque a narrativa da autora nos proporciona essa intimidade, ela torna o enredo verossímil, palpável... é tudo muito cru, exposto, uma ferida que está aberta e que vai cicatrizar junto ao leitor. A cada página vamos nos dando conta de que não há garantias sobre um final feliz, sobre o que está por vir e isso torna a leitura ainda mais eletrizante e viciante. Em meio a cenários de roubar o fôlego, com uma narrativa fluida e envolvente – ainda que tenha momentos densos -, se prepare para se apaixonar, se emocionar, chorar MUITO e se comover com essa linda história de amor e perda.
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