Aione 26/05/2021Minha Irmã, a Serial-Killer é o thriller psicológico da nigeriana Oyinkan Brathwaite, traduzido por Carolina Kuhn Facchin e publicado no Brasil pela editora Kapulana.
Korede e Ayoola são irmãs muito diferentes entre si: enquanto Korede é pragmática e um tanto quanto amargurada, a aparência encantadora de Ayoola esconde o fato dela ter matado seus três últimos namorados. A delicada relação entre ambas é abordada entre intrigas, ressentimentos e um passado tortuoso, pouco a pouco revelado.
Oyinkan Brathwaite insere o leitor na atmosfera de Minha Irmã, a Serial-Killer desde o primeiro parágrafo, por meio de uma narrativa ágil, ácida e pungente. Os toques divertidos intensificam o tom crítico por revelarem a amargura latente de Korede, quem narra a história em primeira pessoa. Há um caráter de certa forma pontual no desenvolvimento do enredo; as passagens se desenvolvem de maneira linear e estão interconectadas, mas é como se cada capítulo fosse um relato isolado.
A construção das personagens é excelente. Toda a personalidade e características de Ayoola são apresentadas por meio de Korede, cuja amargura é evidente em cada fala. Assim, não pude deixar de questionar o quanto seus comentários seriam confiáveis, o que funciona como uma das formas de se criar tensão na leitura. Ayoola é inquestionavelmente uma sociopata, mas o que ressoa em Minha Irmã, a Serial-Killer é se Korede — com seu jeito objetivo de proteger a irmã — também não seria.
Para além dos conflitos e ressentimentos familiares, que aos poucos revelam os segredos do passado — outro ponto de tensão narrativa —, Minha Irmã, a Serial-Killer questiona os padrões de beleza e os privilégios dele advindos. A forma como Korede e Ayoola são tratadas diverge especialmente por Ayoola ser considerada extremamente bela, o que lhe dá tratamentos especiais ao longo da vida.
Minha Irmã, a Serial-Killer é um livro que pode ser lido bastante rapidamente, seja por sua escrita ágil e bem desenvolvida, seja pela curiosidade despertada pela leitura. O suspense e tensão crescentes, mesclados à amargura que salta das páginas, encaminham o leitor para um final irônico, no mínimo, e que resume com exatidão todos os sentimentos e conflitos desenvolvidos ao longo do enredo.
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