ritita 14/03/2020Para quem ama teatroNão concordo com biografia de pessoas vivas, mas é a Fernandona, minha atriz de teatro predileta, comecei a ler no Kindle e me empolguei, ah, esta empolgação ta acabando comigo e meus parcos caraminguás.
O livro é ruim? Longe disto. O livro é ótimo? Só enquanto ela conta sobre a vida pessoal e o início e perrengues da carreira até se tornar quem é, após isto o país tomou um rumo mais que esquisito em relação à cultura, e principalmente, ao teatro, onde as peças são encenadas ao vivo e sem repetição, o infeliz período da ditadura, onde tudo era proibido, tudo era encarado como rebeldia contra o sistema que desconhecia e não queria conhecer, só vetar financiamentos, obras e artistas.
Quando penso que Gota d’água (Chico Buarque & Paulo Pontes- 1975), adaptada da peça grega clássica de Eurípedes sobre o mito de Medeia, teve vários trechos censurados fico atônita com os motivos.
Do meio para o final, é um tal de elogia fulano, beatifica sicrano, enaltece beltrano que fica insuportável de ler, mas fui guerreira, li aquela chatice até o final.
Decerto que no país de hoje, onde a cultura é banalizada e os teatros sobrevivem de “stand-ups” de famosos da “hora”, as Fernandas, Cacildas, Tonias e tantas outras não teriam sobrevida.
Que grande teatro lotaria hoje com uma peça de Sófocles, Molière ou Tchekhov? Os pequenos, talvez.
Mais que a biografia de Fernanda, um louvor à magnífica arte que é o teatro.
Bom para quem gosta de teatro e tem paciência com detalhes insignificativos para o leitor.