Bianca2406 29/04/2021
UM LIVRO SOBRE CRESCIMENTO PESSOAL
Renata Vicenzo, nossa menina problemática, acabou de ser expulsa da escola, seus “amigos” viraram contra si, perdeu status, seu namorado e todos os privilégios de ser uma verdadeira herdeira do império tecnológico criado pelo pai e pela mãe que é Promotora de Justiça. Agora precisa recomeçar do zero em um internato católico, onde todo mundo parece olhar para a menina de nariz em pé de uma forma meio estranha.
A primeira vista Renata nos é apresentada como a garota mimada, que sempre teve tudo nas mãos, ela se isola no internato, porque está convicta que não se encaixa ali de jeito nenhum, nem com a amiga de quarto, Lívia, ela consegue se entender, mal trivialidades conversam. Logo no início, o único refúgio da herdeira é a aula de Literatura com a professora Trenetim, que sempre geram debates e isso é o ponto principal da evolução da personagem, de alguém que se acha a dona do mundo para “ok, talvez existam pessoas ao meu redor que eu não enxergava porque não fazem parte do meu meio social”.
Então, a Herdeira passa por um choque, a professora Trenetim é demitida sem mais nem menos, o que deixa não só ela, mas vários dos alunos do internato encucados, porém, ninguém, além dela e de Guilherme (um menino que ela trocou olhares no início do livro e que parecia não ir muito com a cara dela) que resolveram embarcar em uma aventura para descobrir o que houve, com a possibilidade de serem expulsos.
Eu gosto muito desse tipo de personagem que não é perfeito e termina o livro também sem ser 100%, porém, evolui a todo momento, reconhece seu erros e tentar aprender com eles. É muito mais real do que nas histórias em que todo mundo parece a personificação do ser humano ideal, até porque na realidade nós não somos assim, nós erramos, o tempo todo. Entendo que muitas pessoas leem para fugir da realidade, mas quando é uma ficção e não um livro de fantasia, eu acredito que quanto mais próximo da realidade, mais o leitor se sente abraçado, pelo menos é assim comigo.
Amei e odiei a Renata em diversos sentidos, a achei coerente em inúmeras situações, como foi incoerente em outras e em algumas que deveria ter explodido como explodiu numa determinada cena no refeitório, ela se manteve passiva e isso me matava por dentro. Mas, num geral, a Herdeira é humana e o final foi o melhor possível, pode não agradar todo mundo, porém por quem Renata mostrou ser o livro inteiro, o final foi ela sendo ela e pesando suas prioridades.
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