SimoneSMM 17/11/2022"No dia seguinte ninguém morreu". Assim começa essa narrativa na qual a morte decide não matar, "essa pequena morte quotidiana", "que até mesmo nos piores desastres é incapaz de impedir que a vida continue", decide mostrar aos homens de um país como seria viver sem ela.
Dando lições bem humoradas, demonstrando que faz a vida continuar e perpassando a hipocrisia da religião e a crueza do capitalismo, é filósofa e professora.
Em meio às críticas e ironias, surge o humanismo profundo, que vê o humano do homem.
Num momento divertido, o autor nos confessa a falta de verossimilhança da narrativa, porém garante não querer abusar da nossa credulidade de leitores... assim como expõe uma crítica ao seu próprio modo de escrever, fala em "sintaxe caótica" e, "pecado sem perdão, da intencional e quase diabólica abolição da letra maiúscula"...
Um livro, portanto, tão cheio de humor, crítica e humanismo, que até humaniza a morte. E esta, humana, é, inconfundivelmente, mulher!
E "no dia seguinte ninguém morreu".