letpitt 28/04/2024
Um livro mais do que essencial
"Quem controla o passado, controla o futuro: quem controla o presente, controla o passado."
Poucos são os livros que me marcam da forma como "1984" fez. Custei demais para pegá-lo para ler, pois sentia que ia ser uma leitura massante.
Como eu estava errada.
Não abordarei aqui as minúcias da história de Winston, nosso personagem principal, membro do Partido Interno e funcionário do Ministério da Verdade. Acredito que sua história foi apenas uma estrada para as inúmeras reflexões e críticas de Orwell para o totalitarismo.
Importante ter em mente que 1984 não é um livro para "passar o tempo", na minha opinião. Se trata de uma obra complexa e intrigante, que nos tira da zona de conforto. É um livro extremamente político, desperta em quem lê questionamentos gigantescos, uma vez que ele é - infelizmente- mais atual do que nunca.
Apenas quem leu essa obra consegue entender toda a sua importância e relevância. Em um mundo politicamente polarizado, no qual somos constantemente vigiados e manipulados mediante informações conflitantes, Orwell aparece como um colega que nos oferece uma luz sobre a realidade que nos cerca.
Orwell entende que somos - em suas próprias palavras - os "proletas", criaturas que representam 85% da população, mas não possuem controle sobre sua própria privacidade ou liberdade de pensamento plena. Somos manipulados pelo "Grande Irmão", por essa entidade que representa o topo da oligarquia. Todas as revoluções e reviravoltas históricas são vistas por Orwell como apenas um breve (e ineficiente) balanço em uma estrutura que é cíclica - aqueles que chegam ao poder perpetuam a dor anteriormente causada pelo grupo antecedente.
"Quem detém o poder, não é importante, desde que a estrutura hierárquica permaneça sempre a mesma."
A sensação de ser uma peça de xadrez, uma formiguinha na mão de algo maior, é ao mesmo tempo assustador e empoderador. Pensar por si só nunca foi tão importante quanto nos dias atuais. Orwell, como eu disse, apenas mostra aquilo que - talvez- não queríamos ver (ou não queriam que soubéssemos).
"Se é que há esperança, a esperança está nos proletas."
Talvez um dos livros mais importantes já escritos. Definitivamente, um dos mais importantes para mim.