Lucas1429 08/04/2021
Resenha: Amante Eterno
Eu vou começar essa resenha dizendo que eu me considero um leitor muito versátil, e digo isso porque eu gosto de ler de tudo. Eu tenho uma certa preferência, alguns gêneros que aparecem mais do que outros nas minhas leituras, mas eu não me prendo a eles quando sinto vontade de começar algo novo. Livros de fantasia são meus preferidos, e eu consigo me divertir tanto com Percy Jackson quanto com Senhor dos Anéis, salvas as devidas proporções. E acho importante dizer isso pra deixar clara que essa resenha não vem de um cara preconceituoso, que começou a ler esse livro já querendo falar mal. Eu comecei a saga com coração aberto porque tava afim de ler alguma coisa mais tranquila e longa, como se fosse um refúgio mesmo. Mas, sinceramente, só encontrei decepção.
O primeiro livro não foi grande coisa mas ainda me deu vontade de continuar. Eu escrevi uma resenha dele também, caso tenha interesse em ler. Mas esse segundo é simplesmente terrível e eu não sei da onde que vem toda a fama da série de modo geral. Eu não sei como um personagem como o Rhage se tornou um favorito dos fãs e não entendo como as merdas que a Irmandade faz não se tornaram algo completamente fora da realidade.
Trocando em miúdos, esse livro relativiza estupro e relacionamentos abusivos, colocando a Mary como uma personagem passiva, completamente sem força de vontade e manipulável ao extremo, tudo porque o Rhage é gostoso pra caralho, o mais lindo do mundo e o mais pirocudo do planeta.
Logo no começo do livro já tem uma metralhadora de cenas questionáveis: a primeira vez que Rhage e Mary se encontram, no banheiro da mansão, ele simplesmente prensa ela na parede e fica se roçando, apertando o pescoço dela e literalmente encostando as partes íntimas nela. Em TODA essa cena ela tá pedindo pra ele parar, pra ele se afastar e o rapaz simplesmente não escuta. Ele consegue sentir que ela está excitada - coisa que eu tenho muitas, muitas dúvidas que uma mulher ficaria na vida real - e isso se torna justificativa pra que ele não pare. Mesmo, de novo, ela PEDINDO pra ele parar. Ele só para quando outros vampiros chegam e veem ele assim, porque o macho só vai abaixar a cabeça pra outro macho, né?
Seguindo a mesma cena temos outra personagem, a Bella, se encontrando pela primeira vez com outro machão da Irmandade, o Zsadist, que também tenta abusar dela. Não existe outra palavra pra isso. Ele só não continua porque, de novo, outro macho aparece, manda ele parar, e ele obedece. Podia parar por aí, né? Mas não.
Mary vai embora e os machões tão batendo papo, Rhage falando que ele quer pegar a humana pra ele. Wrath não deixa, diz que é contra as regras, Rhage insiste e o que o Rei dos Vampiros faz? Ele diz 'Faz o que quiser, só apaga a memória dela depois'. Mano??? Pra fechar com chave de outro, Rhage liga pra Bella e diz com todas as letras que se ela não marcar um encontro dele com a Mary ele vai 'entrar na casa da Mary e tomar ela à força'.
Esse é o livro que, segundo os fãs, é muito melhor do que o primeiro. É onde a saga fica show. Rhage é um dos favoritos, dono dos sonhos molhados dos leitores. Pelo amor de Deus, como isso é normal?
Depois a história fica simplesmente morna. Mary não lembra de ter sido abusada no banheiro porque a memória dela foi apagada, então eles começam a sair e essa cena seria fofa se não fosse tudo o que aconteceu antes. Eles tem mesmo muito mais química do que Wrath e Beth do primeiro livro, mas esse gosto amargo nunca saiu da minha boca. E todas as cenas que não tem eles dois são chatas e tediosas.
Outra cena horrível é quando ele chega no quarto, tendo acabado de transar com outras garotas pra 'controlar a fera dentro dele', e a Mary simplesmente resolve transar com ele pela primeira vez. Isso é ou não é uma pessoa que na vida real a gente diria que não tem amor próprio nenhum? Então não dá, eu não consigo. Queria muito entender qual é o grande atrativo desses personagens, porque não é possível que seja isso que as pessoas procuram num cara. Eu, como homem bissexual, não senti nem um pingo de atração por nenhum deles. Só senti nojo e raiva em como a autora faz um monte de troglodita machista parecer atraente.
Eu gosto muito de livros de romance e tenho gostado de alguns livros de literatura erótica que li esses tempos, não era um gênero que eu conhecia muito, mas essa série com certeza está fora de qualquer plano futuro.