Nati Amend @livrosdanati 20/07/2020Macabro e geladoEm ‘O Silêncio da Casa Fria’, acompanhamos o luto de Elsie que acabou de perder seu marido e, por causa da herança do matrimônio, se muda para uma mansão enorme e isolada. Acontece que a viúva não está tão sozinha quanto imaginava. Além dos criados da casa, Elsie descobre painéis de madeira em formato de pessoas — comuns na Era Vitoriana — que parecem a seguir com os olhos por onde ela vai.
Perturbador e bastante sombrio, este livro mexeu com a minha cabeça e com meus medos mais ocultos. Laura Purcell conseguiu reproduzir em seu livro uma atmosfera antiga, permeada por um clima gélido e denso, em que o arrepio na pele e o frio na espinha são consequências reais a cada página.
A narrativa é intercalada entre três momentos distintos da história: o passado da protagonista na casa, o seu presente internada em um manicômio e o passado de outra personagem que é relatado por meio de um diário. A dinâmica é muito angustiante e serve para nos deixar ainda mais tensos durante a leitura, pois o enredo nos é entregue lentamente. Ao final de cada capítulo, a curiosidade do leitor por respostas é novamente atiçada. E os seus medos também.
Como uma noite escura e fria de inverno, este livro foi se apossando aos poucos de mim e acabou se tornando um dos mais assustadores que já li. O horror retratado nele não envolve apenas o sobrenatural, mas também o horror humano. Aos poucos, a autora nos transporta para o passado de Elsie e revela traumas pesados e questões realmente delicadas.
E o final? O final dessa leitura é um soco no estômago. Não apenas pelo plot, mas também por algo que está subjetivo nessa história e que me chocou muito. É um livro que precisa ser digerido. Um verdadeiro tributo aos romances góticos e às histórias antigas de fantasmas. Aterrorizante na medida certa, mas macabro em suas nuances.
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