Esther 07/09/2012Uma grata surpresaAcho interessante como alguns escritores conseguem se refletir em seus livros. Isso fica absurdamente mais claro quando comparamos obras de um mesmo autor que pertençam a gêneros diferentes. Ainda estou decidindo se isso é apenas um traço que define o autor, permitindo a sua identificação do mesmo modo que acontece com os pintores, ou se é uma falha de alguém que não consegue mergulhar totalmente em algum personagem/época/cenário e criar algo totalmente novo – dissociado de seus antigos trabalhos.
No caso do livro Aprendendo a Seduzir, da Patricia Cabot, eu estou tentada a seguir a primeira linha de raciocínio. Confesso que não foi o primeiro livro da Patricia Cabot (pseudônimo de Meg Cabot) que eu li, mas mesmo assim me surpreendeu pelo fato da autora retratar tão bem a época sem abandonar o espírito chick-lit que baixa claramente em algumas cenas.
Então, achei nesse livro tudo o que eu costumo gostar para uma leitura de fim de semana: humor, romance e tudo ambientado na sociedade vitoriana do séc. XIX.
Basicamente, Caroline não tem muita chance de quebrar o noivado sem criar uma grande confusão e perder uma quantidade considerável de dinheiro por causa de uma lei que vigorava na época. A lei diz que se um casamento fosse rompido sem justa causa, a parte “prejudicada” podia entrar com um processo.
Assim, a nossa mocinha decide buscar ajuda de Braden Granville. A escolha não foi aleatória. A mulher com quem o noivo de Caroline a estava traindo é nada mais, nada menos do que a noiva de Braden. E ele sabe que está sendo traído, mas precisa pegar a noiva em flagrante para não ser processado. Assim, Caroline decide propor a ele um negócio: ela depõe contra a noiva de Braden desde que ele a ensine como fazer amor. Como todo o livro nesse sentido, é óbvio que a relação professor e aluna não dura muito e logo na primeira aula, Braden tasca um beijo em Caroline que já a faz reconsiderar o noivado.
Só me irritei em algumas vezes porque, mesmo depois que Caroline admite para si mesmo que está apaixonada pelo Braden, ela continua firme na ideia do casamento porque o marques de Winchilsea, seu noivo, salvou a vida do irmão dela no início do livro. Além disso, Braden também não é tão seguro de si quanto aparenta. Ele cresceu em um bairro pobre e é um arrivista (pessoa com dinheiro que tentava subir na escala social londrina, obtendo algum título). Assim, está sempre se questionando se as pessoas o olham de cima, se o aceitam ou não, mesmo que no final ele nem ligue para isso.
O melhor são os diálogos entre os dois. Braden é experiente, sarcástico e malicioso, mas não sabe lidar com moças inocentes. Já Caroline é uma mistura interessante de rebeldia e inocência – parece aqui uma Meg Cabot limitada pelas exigências da sociedade :P -. Por exemplo, ela quer corresponder aos desejos da mãe sendo comportada e tal, mas ao mesmo tempo quer aprender a ser uma amante habilidosa porque ser virginal é um saco.
"- Sim, é claro que pediu. - Caroline disse impaciente - E eu sei que ele me adora. Mas você não vê Tommy? Não é suficiente.
Thomas estava começando a ficar alarmado. – Não?
- Não, é claro que não. Homens adoram seus cachorros Eu quero que o homem que se case comigo seja completa e irrevogavelmente apaixonado por mim. Então, você vê, eu só preciso saber como evitar ser – bem, um fracasso, como você disse. O que significa que eu tenho que aprender como fazer amor. O que os homens gostam. Que tipo de coisa. Então,
porque você só não me diz? Isso vai me poupar muito tempo e problemas, Tommy, de verdade. É tão cansativo ser uma virgem. Você não faz idéia."
Não sei se sou eu apenas que acha isso, mas sempre achei que todas as personagens da Patricia/Meg Cabot são um pouco rebeldes mesmo que às vezes abaixem a cabeça para as convenções. Pode ser apenas impressão minha ou ser um reflexo do gênero chick lit. Ainda estou decidindo sobre o que pensar.
De qualquer jeito, a história é boa e você lê o livro rapidamente sem ter vontade de parar. Além disso, as cenas são hot do tipo meu-Deus-não-sabia-que-a-meg-cabot-escrevia-assim! Excelente escolha para entreter na tarde de um feriado.