Resenhas - O Ateneu

Clio0 15/06/2024

O Ateneu é a história de um trauma descrito pelas mãos de quem o viveu e diferente da literatura atual, em que escritores simulam um livro de terapia com ficção, não há preparos para tornar essa uma leitura dinâmica e envolvente.

A atmosfera acolhedora primeiramente apresentada da casa materna é bruscamente trocada para o ambiente árido do internato, o "ateneu", onde o protagonista passa a maior parte de sua adolescência. Não sendo alguém descrito como particularmente atlético, inteligente ou mesmo popular, restou ao autor a posição inferior que numa época em que agressões eram vistas como métodos de ensino naturais ou instituicionais, o relegava a miséria.

Como muitos que revivem memórias violentas, Pompéia reproduz meticulosamente certos detalhes, como se a floração do quotidiano pudesse banalizar os incidentes. São portas abertas, livros fechados, cabelos escovados e outros artíficios recorrentes no texto que tem uma ótima estrutura em termos mais técnicos.

Aqueles mais interessados no sensacionalismo barato das alusões de homossexualidade e castigos corpóreos vão ficar decepcionados. Essa é sobretudo uma obra circunspecta.

gui.miqln 09/06/2024

"Ilustrar o espírito é pouco; temperar o caráter é tudo"
A obra "O Ateneu", de Raul Pompeia, foi bastante curiosa para mim, despertou muitas vezes certo espanto, além de ter causado surpresas que eu não esperaria anteriormente. O livro foi um completo deleite em questão de escrita, já que o autor transcrevia suas ideias da forma mais poética possível. Eu queria muito ter gostado mais, mas há capítulos que eu considero extremamente insípidos; bastante desinteressantes. No entanto, é claro que o livro de fato merece ser titulado como um clássico da nossa literatura, Raul Pompeia escrevia como ninguém, além de ter sido o único resquício de movimento Impressionista no Brasil. Foi uma leitura muito rica e prazerosa, eu diria, mas muitas vezes me desprendi bastante por conta do detalhamento excessivo do autor.

imbeuytr 22/05/2024

Li dois livros juntos: o Ateneu e o dicionário
Ganhei uma edição bem pequeninha de presente de uma querida amiga leitora e fiquei muitíssimo feliz porque essa obra estava na minha lista de leitura pro verão. Li o livro em menos de 3 horas e quando terminei, me lembro de pensar: "é só isso mesmo?"

É um clássico, disso não se tem dúvida. O uso exagerado de hipérboles, de metáforas, figuras de linguagem deixa isso bem claro pra gente, mas também não chega a ser uma leitura fascinante, não chega a ser uma história que realmente te interesse, entende?

Gosto de usar como o exemplo o Jorge Amado, grande autor de best sellers brasileiro que sabia muito bem como entreter um leitor, de forma que o desejo de ser "clássico" não importava tanto assim em um todo

E eu também não acho que existe mal em desejar ser clássico e reverente, são apenas características que marcam cada obra e cada autor (e geralmente eu prefiro ler as histórias mais carismáticas rs)

Em resumo, o Ateneu pra mim é basicamente mais um livro de estudo do que um livro que se leria pra se ter entreternimento e lazer, o que não faz dele necessariamente ruim mas é difícil dizer que a experiência de ler foi divertida porque em certos pontos a leitura foi muito muito muito muito chata

Paulo, o Vitor 22/05/2024

Esperava mais
Apesar de ter umas tensões, um clímax a maior parte do livro é parada e bastante descritiva, sem ação alguma o que o torna monótono e chatinho. Mas para análise de época é até que interessante

Camila0831 17/05/2024

Posição privilegiada
Romance de formação interessantíssimo que, a parte ser um recorte puramente masculino, nos apresenta uma visão do descobrir e enfrentar o mundo, com a vantagem de sua posição privilegiada que o protege a cada momento de sua vida, mas ainda permite a nós, expectadores, pensar sobre a educação e a existência como escolhas a se fazerem durante a vida.

Maria 06/05/2024

Inegável clássico. Se for pela originalidade e pelo livro em si, nota 5. Mas como eu dou nota me baseando na minha experiência de leitura, vou ficar em 3.5 mesmo. A linguagem é bem complicadinha e a história é meio paradona até certo ponto. Apesar de tudo, as críticas feitas no livro sobreviveram ao tempo e grande parte (se não todos) dos problemas apontados podem ser vistos hoje, ainda, no Brasil. Facilmente pode ser usado como exemplo para a teoria das "instituições totais", de Goffman.

Sem estante 02/05/2024

Um retrato da burguesia
Esse livro retrata de uma forma nua e crua a burguesia e os privilégios que eles tinham e tem devido a dinheiro e nome. É bastante tendencioso e as vezes dá até raiva de ler.

E como pode o ser humano ser considerado a espécie inteligente do planeta se tem atitudes tão questionáveis? Nunca vou entender.

Pra quem vai ler sugiro ir com o estômago bom, pq tem situações que são nauseantes nesse livro.

Bell 30/04/2024

As vezes tenho que agradecer pela mente pertubada do autor
Começarei primeiro pela linguagem e estética. A divisão dos capítulos ficou bacana, não são nem muitos curtos e nem muito extenso. Com relação a linguagem, acredito que quando reler por uma quinta vez ainda não vou ter entendido tudo, o que é algo positivo porque mostra um trabalho árduo, um empenho com as palavras em formar metáforas e alegorias poéticas que representem cenas de forma implícitas ? talvez pela época de publicação e por assuntos abordados isso é quase genial ? algumas descrições desnecessárias de cenários e objetos me incomodaram, mas considerando o caráter impressionista, é de se considerar. A história é fantástica ao mesmo tempo que perturbadora, vou deixar de lado agora o cunho autobiográfico, se não vai longe. O Sergio aos poucos se mostra além de nenhum pouco confiável, ele é manipulador e ardiloso, usa a submissão para dominar e isso em meu ponto de visto foi um tempero para a sua personalidade, seus ?protetores? em nenhum momento estavam no controle, com excessão talvez do Sanchas. O final aberto foi o toque final magnifico. O processo de catarse com o fogo serve tanto para o Sergio, escritor e leitor.

grazy 25/04/2024

O Ateneu
O Ateneu é uma leitura bem difícil, nem um pouco fluída, mas acho que talvez isso seja um ponto forte nele.
Pois aprendi muito vocabulário, muitas palavras que não conhecia.
Mas a escrita e o tema, não conseguiu prender minha atenção e a narrativa parece massante, cíclica e extensa conforme a leitura vai acontecendo. ?????

Sheila 14/04/2024

Um clássico que eu gosto muito
Gostei muito. Principalmente do Américo que passou como um relâmpago tocando fogo no parquinho (ops! internato).

Obs: estudei na infância / adolescência num colégio de freiras que muito me lembra o Ateneu: preferências pelos alunos que eram filhos de pais com maior poder aquisitivo, discriminação com outros, um verdadeiro pesadelo. Faltou um Américo na minha época.

Jackson 12/04/2024

Com uma escrita rebuscada beirando a sofisticação, o autor retrata as experiências traumáticas de um jovem em um pensionato, onde há uma relação de poder entre os meninos mais velhos e a submissão dos mais novos que são maltratados e forçados a manter uma certa relação de homo afetividade.

Matteus5 12/04/2024

"vais conhecer o mundo [...] Coragem para a luta". O Ateneu passa realmente um sentimento disciplinador, mas não só pela docência.

Durante o enredo, Sérgio, o protagonista, passa da inocência infantil para a consciência real, ao entrar no Ateneu com uma visão imaginária ele se perde na realidade, e vê o abismo entre o imaginário e o real, é o peso do amadurecimento. Lá ele faz "amizades" que lhe mostram o sentido de maldade e exploração. No fim, podemos ver o exteriorização dos sentimentos de Sérgio para com o colégio, num final impactante.

Há também no livro uma forte tendência homossexual. Sérgio em suas amizades sempre assume um papel feminino da época, geralmente representando uma fraqueza ou dependência, enquanto seus amigos têm para com ele cavalheirismo, romantismo e companheirismo doce. Não sei o que pensar quanto a isso, tendo em vista que o Ateneu é quase um relato autobiográfico, talvez essa tenha sido a experiência do autor no Abílio (colégio interno que frequentou). É interessante esse parâmetro, ele não é visto com tamanho maus olhos pelo autor, uma visão até a frente do seu tempo.

Em síntese, o livro é ótimo, algumas particularidades do enredo me deixaram cansado pelo delongamento excessivo e pela descrição exagerada, típica da época; contudo, o livro é um exemplar único da literatura brasileira, não se sabendo sequer em qual escola literária ele se encontra, com muitos críticos o colocando em uma posição única: o único exemplar de literatura impressionista do Brasil.

Leticia 04/04/2024

O Ateneu
O Ateneu é um livro autobiográfico que retrata a vida do menino Sérgio, inspirada na do próprio autor Raul Pompeia. No início do livro, Sérgio explica sua admiração e fascínio pelo colégio, desde menor tem o sonho de estudar lá e quando chega a idade, se muda para o Ateneu.
O livro retrata bastante de sua jornada tanto na adaptação na escola, quanto na busca de amizades. Sérgio é um menino de 11 anos, muito observador ( e com um vocabulário de um senhor de 70 anos ), e ele explica detalhadamente cada aluno, cada professor, cada trabalhador... enfim, cada personagem é muito bem esclarecido.
Sérgio passa boa parte do livro procurando um amigo para confiar e o guiar, uma amizade verdadeira. Ele deixa explícito desde o início o seu desejo por uma amizade em que ele se sentisse confortável, como achou e se sentiu no final.
O livro deixa claro também o amadurecimento de Sérgio, uma passagem de uma mente infantil para adulta.
No final, a versão romantizada do internato de Sérgio se desfaz, ele começa a ver como uma prisão e que todos seus sentimentos são comprometidos e enjaulados pelo Ateneu, pensamentos nunca visto antes como a reflexao sobre a sexualidade e etc. Começa a vim uma sensação de revolta.
O final é drástico, triste e chocante, nunca imaginei q o desfecho seria assim. Não quero falar porquê já é muito spoiler!
Gostei muito do livro, não foi uma leitura muito fácil pelo motivo de em diversos momentos, o autor ter enrolado muito em coisas insignificantes ao livro, com personagens chatos... mas no geral, gostei bastante, um livro confortável!

"O tempo é a ocasião passageira dos fatos, mas sobretudo ? o funeral para sempre das horas."

fontffc 03/04/2024

Nhé
É. Li por obrigação da escola. Não esperava absolutamente nada mais do que uma leitura massiva, muitos personagens e leitura lentíssima, e foi o que recebi.

A escrita é extremamente complexa, tediosa em alguns momentos, mas a história consegue te prender, apesar de ser um relato de diversas situações ocorridas com um jovem que passou da infância até a adolescência num internato

Ygor 31/03/2024

"[...] o tempo é a ocasião passageira dos fatos, mas sobretudo - o funeral para sempre das horas."

Demorei um tempo para conseguir engatar essa leitura, mas quanto mais me aprofundava no conceito de "crônica das saudades" mais conseguia apreciar as longas descrições e os diversos causos da vida de Sérgio, já que muitas coisas são Raul relembrando seu próprio passado, faz sentido ele mesmo estar perdido nas próprias lembranças.

Me marcou de uma forma que eu não esperava.