A arte de ler

A arte de ler Michèle Petit




Resenhas - A arte de ler


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Henrique 22/05/2014

"Quando leio, ponho o dedo na ferida e no luto como se toca com mãos nuas a corrente elétrica, entretanto, não morro. Não chego a captar como se opera esse milagre."
Recentemente me propus a ler alguns livros sobre livros, que possuam como tema principal a leitura, os leitores, a literatura, a escrita e/ou os livros. A arte de ler ou como resistir à adversidade foi a segunda leitura concluída desse meu projeto e o primeiro que irei esboçar em análise aqui. Ele veio para fazer exatamente o que espero desse projeto: potencializar meu amor pelos livros e pela leitura e alimentar meu cabedal de conhecimentos nessa área, me dando material mais que suficiente para entender a abrangência dessa poderosa atividade que é a leitura e desfrutar o máximo de minhas leituras.

Os relatos contidos nessa obra são emocionantes e chocantes, tendo o poder primordial de aproximar as pessoas não apenas da leitura, mas uma das outras. As abordagens feitas pela autora me lançaram de cabeça em realidades caóticas vivenciadas por pessoas marginalizadas e traumatizadas pela adversidade, e que encontraram na leitura um sopro de vida.

Sobre a Obra

"Fazemos uso dos livros da mesma forma que um caracol faz uso do rastro que deixa quando vaga, para não danificar o corpo, para não inutilizar a mente."
A antropóloga francesa Michéle Petit põe diante do leitor uma série de relatos envolvendo pessoas que tomaram a iniciativa de levar a leitura aos luares em crise, pessoas que ela denomina apropriadamente mediadores de livros. Trata-se de homens e mulheres que, por meio dos livros conseguem retirar desde crianças e adolescentes à adultos e idosos do estado de "pobreza mental" (e como consequência, sentimental) em que se encontram. São pessoas que vivem ou vivenciaram circunstâncias de crise e nada possuem além da força física para conseguirem levar adiante suas vidas, pessoas que não conseguem enxergar possibilidades. Os relatos são acompanhados por abordagens apropriadas feitas pela autora, informando o leitor a respeito de diversos aspectos que giram em torno da importância e do caráter fundamental da leitura na vida das pessoas, com enfase nos benefícios da mesma em tempos de crise, de adversidade, em seu incontestável poder reparador e transcendental.

A obra é o resultado de diversas entrevistas realizadas em vários locais de conflitos em algumas partes do globo, um trabalho realizado com paixão e profissionalismo. Bem escrito e com abordagens consistentes dentro dos temas propostos. Um convite para conhecermos o poder dos livros, da literatura, da leitura e diversas formas de artes na recuperação do sentido e da subjetividade de indivíduos marginalizados, assaltados pela calamidade, vítimas de uma sociedade capitalistas onde predominam a pobreza extrema e os livros são algo a se evitar. Pessoas que encontraram, quando menos se esperava, a chance de conhecerem a si mesmas, aos outros e o mundo ao redor. Mortos ressuscitados para a vida pelo sopro da leitura, com a ajuda de mediadores que um dia decidiram resgatá-los por meio dela.

Crise

"Deixei de fazer parte do grupo de jovens que quebravam os vidros das janelas da biblioteca. Agora eu estava do outro lado."

São infinitas as situações que podem nos colocar em estado de desequilíbrio, de desgaste ou de conflito. Infinitas, também, são as intensidades com as quais uma crise pode interferir na vida de um indivíduo, pois cada um reagirá à ela de maneira distinta. A humanidade é uma corrente formada por elos diferentes, o que garante que uma mesma situação surtirá efeitos diversos naqueles que a presenciarem ou vivenciarem. Tudo ocorre na mente. Uma palavra, uma catástrofe, uma perda... os eventos externos invadem e alteram o ambiente interno, a mente. O resultado pode ser avassalador ou não, algumas mentes estão imunes mesmo à queda dos céus.

Os "muros" que circundam nossas emoções e sentimentos divergem de pessoa à pessoa, desse modo a perda de um ente querido, por exemplo, irá me afetar de maneira distinta em relação a diversas outras pessoas. A minha mente será afeta com base no quanto estou preparado para lidar com o problema, com a crise.

As crises podem ocorrer em pequenos espaços, como no seio familiar, ou em grandes espaços, como em uma cidade destruída pelo terremoto. Elas estão tão presente em nossa realidade que é impossível escapar, pois a própria fragilidade das coisas nos coloca em estado de tensão. Por exemplo, ao mesmo tempo que a gravidez pode ser encarada como um período sublime, de formação de mais uma vida, pode também desencadear preocupações extremas, desespero que será compartilhado, desequilíbrio e uma série de outras consequências. Cada indivíduo lida de maneira diferenciada e esse "lidar" é de suma importância, pois definirá a intensidade das consequências (benéficas ou maléficas) dos traumas que as crises visam inserir dentro de nós.

A grande desvantagem é que as crises são imprevisíveis e complexas demais para serem sequer previstas as suas consequências, pois não há como saber de que forma reagirei a um furacão que destroçou minha casa, matou meus amigos e me deixou perigosamente ferido e isso me coloca em posição passiva, completamente desarmado para enfrentar a situação. Mas nem tudo são trevas. A boa notícia é que podemos saber como outras pessoas reagiram e é esta a nossa maior vantagem e é esse conhecimento que nos momentos de conflito nos enche de esperança, de vontade de continuar, de certezas, de calma e de felicidade.

Os livros nos mandam uma mensagem: você não está sozinho.

Mediadores entre Livros e Homens

"Livros, muitas vezes vindos do outro lado do mundo, vêm nos trazer notícias sobre nós mesmos."

E foi exatamente isso o que aconteceu com as personagens reais que surgem a todo instante das páginas dessa entrevista, elas receberam a visita de homens e mulheres, muitos dos quais já estão "mortos" há séculos, por meio dos livros que eles nos deixaram. Elas descobriram mais sobre si mesmas do que poderiam imaginar. Os livros são a prova de que, sim, nós podemos fazer "magia".

Michèle Petit foi em busca dos homens e das mulheres que resolveram da início à projetos que assumiram e continuam a assumir, proporções gigantescas, trazendo benefícios tão imensos e valorosos, que nem mesmo todo o ouro do mundo poderia compensar. Há coisas mais importante que riquezas materiais, nossa subjetividade ou "identidade" é uma delas.

Dependentes químicos que foram estigmatizados como uma massa abjeta e descartável da sociedade, encontraram nos livros, por meio dos mediadores, o conhecimento a respeito de sentimentos que eles jamais vivenciaram e sequer sabiam que existiam. Como nos diz um deles tempos depois de ter contato com os livros: "Na rua faltavam palavras, o mundo se apresentava agressivo, silencioso para nós".

Jovens e adultos que antes depredavam e, em casos mais extremos, queimavam bibliotecas na França como protesto pela segregação, hoje as frequentam, encontram nas páginas dos livros verdades, mistérios. Como nos diz outro entrevistado: "Livros são pontos de referência para compreender muitos aspectos da realidade."

Há muitos outros exemplos de redenção social e individual causadas pelas iniciativas de mediadores ou por encontros inesperados com os livros presentes nas páginas escritas por Michèle Petit. Páginas que vêm nos aproximar dos livros e, acima de tudo, das pessoas. Me vi realizando anotações a todo instante enquanto lia, registrando palavras que guardam a luta e a conquista de pessoas que antes estavam perdidas dentro de si mesmas, cegas, incapazes de lerem os próprios sentimentos. Pessoas que agora "leem problemas como se lessem poemas."

Por Henrique Magalhães

Alguns dos livros envolvidos no projeto:

História Universal da Destruição dos Livros
O Homem que Amava Muito os Livros
A preparação do escritor
Conversando Com Mrs. Dalloway
A Questão dos Livros
Como e Por Que Ler
Os Livros Malditos
Os jovens e a leitura
Para ler como um escritor
Do mundo da leitura para a leitura do mundo
Uma História da Leitura
As artes da palavra
O Ano da Leitura Mágica... e alguns outros.

site: pilulasliterarias.blogspot.com.br
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Zaqueu 21/02/2023

A verdadeira boa arte
Leitura bem fluida e com assuntos que eu particularmente sou fascinado que é a leitura.No decorrer dessa obra a autora percorre vários países em busca de histórias de pessoas que tiveram suas vidas mudadas pelo motivo da vontade de ler.Cada capitulo uma história de superação e vemos quantas pessoas que mesmo passando por todas as dificuldades ainda acham algum lugar e tempo para ler e conhecer algo que engradeça sua vida e faça dela uma verdadeiro sentido.Não foi a melhor leitura que eu fiz sobre esse tema, mais agregou bastante em minha vida pois me trouxe várias lembranças do passado quando eu também passava pelos meus momentos de dificuldade e me refugiava nos livros.Seja no Brasil,Argentina,Paraguai ou outro pais sabemos que no decorrer da história passamos de um povo criativo para uma sociedade de consumo e que na grande parte não reconhecemos a influência da leitura e de uma vida ordenada e é por esse motivo que temos uma sociedade tão perdida,pois na grande maioria das vezes perdemos tanto tempo com coisas banais que não agrega e nem faz a gente pensar como ser humano.Vivemos em épocas abundante de informações e uma escassez grande do interesse das pessoas pelo conhecimento.Tudo está muito na superfície e nada mais se aprofunda, estamos entrando em grande opiniões do nosso cotidiano sem ter o conhecimento real daquilo ou seja vivemos na época do ruido.A vida na leitura de bons livros faz com que deixamos esses ruídos de lado e focamos em nos aperfeiçoar como pessoa para que assim possamos agregar na vida de mais pessoas e essas pessoas possam passar para adiante aquilo que aprenderam com a gente e isso se torna um vício virtuoso e somente assim a civilização caminhara para uma vida cada vez mais plena e cheio de propósito.
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Margô 17/07/2020

Michele Petit, foi uma inspiração acertada na minha vida. Desenvolvo ações que incentivam a leitura para crianças e adultos. Formar leitores, mediar leituras, é algo que me estimula a voluntariamente criar e fomentar grupos de leitura, e atividades similares. Quando li a Arte de Ler, foi deslumbrante saber que muitas pessoas, em diversos espaços do mundo também preocupa-se com esta questão. A autora narra uma fartura de casos bem sucedidos, que ocorreram aqui na América Latina, em Medellín na Colômbia, África e no Brasil, etc.
Sem contar com as informações benéficas da leitura que a mesma apresenta, ilustrando casos de pessoas que contornaram problemas existenciais, graças à leitura de um bom livro.
É uma obra que todos educadores, leitores e mediadores da leitura devem ter como livro de cabeceira.
Super recomendo.
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@vidaliterata 23/10/2021

É um livro bom, mas não pra todo mundo
Basicamente a história é sobre uma antropóloga francesa que relata ao longo do livro, o poder transformador que os mediadores e a leitura pode ter na vida de alguém, principalmente em situações de crise.
A leitura serve como "terapia": ajuda eles a se recompor, a se erguer diante das crises e se autoconhecer, além de distrair e vários outros benefícios que a leitura traz.
No livro tem vários relatos de alunos, professores e mediadores, de diversos países, que são bem emocionantes e estimulam vc a querer ler mais.

Porém, confesso que teve várias partes do livro que fiquei entediado e achei até meio repetitivo, tanto que não via a hora de acabar o livro rs
Fui ler ele por curiosidade, não sou da área de Letras, embora tenho interesse de ser um dia. Acho que esse livro é ideal pra pessoas que são dessa área e querem conhecer sobre a mediação de livros, biblioterapia e sobre o papel da leitura na vida do indivíduo.

Outro livro sobre o tema e que particularmente gostei mais e recomendo é "A Literatura como remédio" de Dante Gallian.
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Margô 04/07/2017

A arte de ser lido (e de ler)
Quando se fala de literatura para um público que está inserido às margens, corre-se o risco de ser tachado como antiquado, lunático etc. Falar de literatura como algo que pode remediar - ou simplesmente apaziguar - dores, é algo ainda mais passível de julgamentos. Entender a literatura, a leitura sobretudo, como algo que vai além de uma válvula de escape momentânea ou um entretenimento "bobo", é uma atividade que necessita de muita desconstrução de conceitos e estereótipos.
Não é, a ninguém, escondido que há no objeto livro um certo quê de inacessibilidade. Um quê de supérfluo, de esnobe.... Invadir, com esse objeto livro, um espaço devastado, mostrar àqueles ali inseridos que é, sim, acessível a eles, esse emaranhado de letras, frases, parágrafos e que, acima de tudo, eles querem dizer algo ao mundo (não apenas tristes histórias de amor, que terminam de maneiras clichês, ou grandes finais felizes "e viveram felizes para sempre") é um árduo trabalho necessário.
A nós, leitores assíduos, o livro já manifesta, há tempos, a função de abrigo, de leitor de nós. Porque, muitas vezes, sequer lemos o livro da maneira objetiva. O livro, às vezes, é que nos lê e, a partir dessa leitura que faz de nós, nos transforma. Por que seria diferente àqueles que, muitas vezes, se armam até os dentes de proteções contra os livros? Michèle Petit, em uma passagem diz que talvez aqueles que mais se negam a leitura, são os que mais precisam dela. E isso é, talvez, uma grande verdade. O por que dos talvez? É porque nem sempre é oferecido àqueles marginalizados o direito à literatura, o direito à escrita, à decifração de si.
Neste livro, sabiamente intitulado de "a arte de ler", somos colocados frente às duras realidades de pessoas que, devido às dificuldades que encontram nos caminhos da vida, estão isolados, trancafiados em si; transformam em pedra seus olharem e vislumbram - se vislumbram - "melhorias" bobas acerca das suas situações. Vemos, através das evocações dos depoimentos de diversos mediadores/contadores de histórias, a revolução que a literatura é capaz de fazer no seio onde é aceita.
As pessoas precisam de histórias. Histórias para apaziguar suas intermináveis tempestades, para remediar seus pensamentos amargurados. Histórias que sejam capazes de os transportar para além daquele mundo delimitado por paredes (e, em alguns casos, delimitados pela noite à céu aberto, em lugares devastados demais para se olhar a beleza do céu), que os mostre que há, em outro lugar, ali perto ou ali longe, alternativas para seus sofrimentos. As pessoas precisam de histórias que metaforizam suas dores para que eles possam entendê-las, pois, não querem encontrar espelhos, que os farão sofrer ainda mais, sozinhos. Querem sentir-se próximos de heróis, ou, ao menos saber que não estão sozinhos. Querem aprender a ter voz, a pensar por si próprias. Querem saber falar o que está, há muito, entalado na garganta. E o que mais os daria essas palavras senão a literatura? Senão a apropriação do objeto livro? Senão a apropriação das suas próprias culturas e, também, da escrita?
Petit perpassa por lares que muitos leitores construíram com base no relacionamento estreito com os livros. Mostra a intimidade que alguns falam sobre seus autores favoritos, como se fossem amigos íntimos, demarcando ali, sua inegável presença nas histórias contadas por eles. Cantando, a plenos pulmões, o seu lugar, conquistado com base no salto que a literatura os permite.
Longe de ser um exercício de mera tradução de códigos, decifração; a leitura é a bagunça que acontecerá dentro de cada um que ela ousar tocar. Ao abrir um livro, ou sentar para ouvir um leitor em voz alta, o leitor ou ouvinte, será imediatamente alçado para o universo aberto, onde tudo é possível, onde tudo é troca. Em todo livro acabado, há o lugar vago do leitor, que constrói a história com base nas suas vivências. Nenhuma história está perfeitamente acabada, como nenhum leitor está perfeitamente formado.
Petit nos incube da missão de descaracterizar a imagem do livro como algo inacessível. Nos incube a missão de levar adiante a prática da leitura, como algo prazeroso, livre, divertido, reflexivo. "A leitura é uma arte que se transmite mais do que se ensina [...]" (p. 22), se assim de fato é, que sejamos, todos, transmissores da leitura. Que carreguemos conosco a preocupação de fazer serem lidas as pessoas; lidas pelos livros que estão parados, necessitando serem ocupados.
Alisson.Gabriel 24/05/2018minha estante
Belíssimo comentário! Seu olhar da obra demonstrado com essa preciosa poesia me encantou.
Grato Margô.




Toni 24/04/2018

Precisei reler a introdução deste livro para a produção de um texto e danou-se (ou danei-me), só larguei quando dei cabo do livro todo. Em A arte de ler, a antropóloga Michèle Petit descreve e comenta experiências de mediadores de leituras em situações de adversidade na América Latina (Brasil, Argentina, Colômbia, Chile). A cada capítulo, entre depoimentos de participantes e mediadores, Petit defende com vasta erudição e simplicidade de tom a capacidade que as narrativas têm de atuar não somente como educadoras da sensibilidade, mas principalmente como instrumentos de resistência. Quem trabalha com contação de histórias, produção de texto, leitura e línguas precisa conhecer esse livrão lindo (e outros da Petit).
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GRIFO: "Ora, é talvez antes de tudo à parte exilada de cada um que os livros, e mais ainda a literatura, se endereça. A escrita literária é, em si mesma, em larga medida, uma tentativa de agarrar o que está perdido, faltando, ou inacabado, de superar espaços, abolir fronteiras, reunir o que está separado, reconstituir terras desaparecidas, épocas passadas. Há um laço patente entre a perda (sob todas as suas formas, o luto, a falta, a ausência, o exílio, a dor de amor...) e o desejo de moldar bens culturais ou de a eles recorrer — na ocasião da escrita ou da leitura." P. 265
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Rafaela.Oliveira 09/06/2021

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Muitos exemplos de como os livros podem mudar a vida das pessoas,a importância da literatura,da cultura na vida das pessoas.
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regifreitas 04/04/2022

A ARTE DE LER OU COMO RESISTIR À ADVERSIDADE (L'Art de lire ou comment résister à l'adversité, 2008), de Michèle Petit; tradução Arthur Bueno & Camila Boldrini.

A antropóloga francesa Michèle Petit apresenta aqui as experiências de mediadores de leituras - bibliotecários, pedagogos, professores, pessoas que coordenam círculos ou clube de leitura -, em contextos extremos de pobreza, exclusão social e guerra civil. Através da literatura (contos, romances, quadrinhos, músicas, textos orais etc.), esses mediadores conseguem uma forma de aproximação dessas pessoas, que vivem situações críticas de privação, de violência, de abandono pelos poderes públicos, trazendo alguma espécie de alento para muitas delas.

Uma leitura muito boa, mas que se arrastou por vários meses. Um dos motivos foi o formato do texto: uma linguagem mais acadêmica, repleta de referências e notas de rodapé, que podem afastar o leitor mais descompromissado. Também as repetições ao longo do texto podem ser apontadas como outra das razões de a leitura ter se desenrolado de forma mais lenta. Muitas das situações relatadas eram muito parecidas de um capítulo para o outro, mudando-se apenas o contexto, o que me fez cansar um pouco da leitura em alguns momentos.
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Tauana Mariana 28/02/2016

Esta é a segunda obra que leio da Petit e penso: “wow, que livro incrível”.

Através de exemplos dos quatros cantos do mundo, a autora vai nos mostrar como a leitura pode auxiliar momentos de crise, de perda, de destruição. A leitura é o remédio para diversos males, tantos para crianças quanto para jovens e adultos.

Petit conta-nos sobre alguns projetos realizados por mediadores dos livros, onde este é o caminho para a fala, para o diálogo, para abrir-se ao mundo, compreendendo-o. Ao passar por traumas, muitas vezes não queremos deixar ainda mais vivas essas lembranças que tanto nos atormentam. Mas através da leitura, podemos falar do que nos aflige por meio das histórias, dos contos, das fábulas. Nesta literatura pode estar também a possibilidade de ver horizontes, de enxergar por cima do muro, de ver além da dor.

Para aqueles que sofrem, para aqueles que estão longe de suas casas, de suas famílias, “os livros lidos são moradas emprestadas onde é possível se sentir protegido e sonhar com outros futuros, elaborar uma distância, mudar de ponto de vista. Para além do caráter envolvente, protetor, habitável, da leitura, uma transformação das emoções e dos sentimentos, uma elaboração simbólica da experiência vivida tornam-se, em certas condições, possíveis” (p. 284).
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Gisa 24/05/2016

Esse livro quem me indicou foi o autor Oscar Bessi. É uma leitura bacana, mas não acredito que vá agradar qualquer leitor. Através deste livro nós conhecemos alguns trabalhos sociais realizados através da literatura. Para quem pretende trabalhar como mediador da leitura ou algo do tipo, a leitura é super válida.


site: http://profissao-escritor.blogspot.com.br/2016/05/lidos-mas-nao-resenhados-9.html#comment-form
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Joice (Jojo) 02/01/2017

Leio, logo existo
Comecei a ler este livro de Michele Petit mais por curiosidade do que por necessidade acadêmica. Como uma leitora voraz, fiquei intrigada com a proposta da autora em discutir a importância da leitura na superação de adversidades, detalhadas no livro num contexto geral, não particular. E o que li me agradou muito.

Petit é experiente e já acompanha há décadas trabalhos desenvolvidos em diversas partes do mundo (França, Brasil, Colômbia e Argentina, apenas para citar alguns países) que têm como objetivo a literatura como ferramenta no desenvolvimento (ou descobrimento) da identidade do indivíduo. O público-alvo da pesquisadora são aqueles grupos em situação de crise, como refugiados, imigrantes, ex-guerrilheiros, presidiários, soldados etc. Para Michele, a literatura é a única forma de realmente dialogar com a alma de alguém que tenha passado por uma experiência traumática.

Pragmatismos à parte, o trabalho de Petit é muito bom, e ajuda a elaborar uma resposta para aquela sempre intrigante pergunta: Afinal, por que lemos? Apaixonada pela psicanálise e uma antropóloga experiente, os argumentos da autora vão além de meros achismos, o que é válido tanto para acadêmicos como para leitores mais exigentes.

Recomendo!
Marta 10/01/2017minha estante
Interessante Joice! Acho que vou ler em paralelo com os outros. Boa dica!




Nathalie.Murcia 25/06/2019

Obra essencial para os que amam os livros, os que trabalham com a leitura e pessoas enfrentando crises.
É uma obra de metaliteratura que abrange, didaticamente, as questões e relatos envolvendo a escrita, a leitura, os leitores e os respectivos mediadores. Afora o significado mais corriqueiro de angariar conhecimento, normalmente aliado à educação formal, Michèle explicitou a importância da leitura como mecanismo de reconstrução do ser humano e de enfrentamento de crises pessoais e sociais.

Nesse diapasão, oficinas literárias, clubes de livros, leitura compartilhada, bibliotecas ou simplesmente um estímulo por parte de um terceiro, desenvolvem um papel proeminente nessa iniciação do leitor, seja por intermédio de contos, romances, quadrinhos, etc, desde que escritos. Os efeitos positivos foram observados especialmente em indivíduos afetados pela guerra, ex-combatentes, imigrantes refugiados, pessoas marginalizadas, vítimas de violência, suicidas, deprimidos e detentos.

A leitura, no bojo desses contextos de adversidade, serviu como um consolo para a emersão da realidade, além de constituir um avanço em termos de civilização, tolerância, senso crítico, desenvolvimento pessoal e sociocultural.

"Os livros lidos são moradas emprestadas onde é possível se sentir protegido e sonhar com outros futuros, elaborar uma distância, mudar de ponto de vista. Para além do caráter envolvente, protetor, habitável, da leitura, uma transformação das emoções e dos sentimentos, uma elaboração simbólica da experiência vivida tornam-se, em certas condições, possíveis."

"Para aqueles que foram privados de seus direitos fundamentais, ou de condições mínimas de vida, um livro é talvez a única porta que pode permitir-lhes cruzar a fronteira e saltar para o outro lado."

"Os livros são hospitaleiros e nos permitem suportar os exílios de que cada vida é feita, pensá-los, construir nossos lares interiores, inventar um fio condutor para nossas histórias, reescrevê-las dia após dia. E algumas vezes eles nos fazem atravessar oceanos, dão-nos o desejo e a força de descobrir paisagens, rostos nunca vistos, terras onde outra coisa, outros encontros serão talvez possíveis. Abramos então as janelas, abramos os livros."

Obra essencial para os que amam a leitura, os que trabalham diretamente com os livros e com pessoas enfrentando crises!

Mais resenhas no meu Instagram.

site: http://.instagram.com/nathaliemurcia/?hl=pt-br
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Pedro Matias 27/12/2021

Para que serve a literatura?
A literatura deve servir para algo, porque, apesar de sua sistemática desvalorização no sistema de ensino, ela segue sendo um interesse para massas de pessoas por todo mundo. Esse livro ajuda a desvendar, por meio de experiências de mediação de leitura, o que faz da literatura essa arte indispensável à vida.
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Rafael 12/03/2022

A prática viva da leitura
O título, de início, me fez pensar ser algo diferente. Imaginava de tratar de método práticos da leitura e suas principais consequências. Fiquei surpreso quando vi que era algo inesperado, onde a experiência dos projetos de leitura pelo mundo, em especial na America Latina dava frutos e dados para estudos. É ao mesmo tempo um livro sobre projetos e superação como também uma aventura pelas histórias daqueles que tiveram a sua vida transformada pela leitura.
Recomendo
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Dilso 17/08/2023

Texto ótimo de boas experiências com a literatura...
? A leitura de "A Arte de Ler", de Michèle Petit (estou lendo), soma-se à "Uma História de Leitura", de Alberto Manguel. De um lado uma pesquisadora francesa bastante dedicada ao "fenômeno" da literatura; e de outro, a de um leitor argentino tão poderoso a ponto de ter sido escolhido pelo próprio Jorge Luis Borges para ser seus olhos, digamos assim.
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