Resenhas - Morangos Mofados

Rânnia 16/04/2022

é um tipo de escrita (ou nesse caso, vários tipos) q eu não tô acostumada, foi mt interessante de ler. é bem intimista, foca mt em relações, geralmente entre 2 pessoas, com questões de comunicação e tal, e tb foca em emoções e sensação de vazio.
uma coisa q gostei é q tem uma ligação com música bem forte.

meus favoritos foram "além do ponto" e "transformações", mas também gostei de "natureza viva" e "aqueles dois"

só não dou mais estrelas por uma questão de experiência pessoal de não ter entendido/sabido interpretar a maioria

Will 14/04/2022

Acerta no sublime, mas desliza nas exposições
Repleto de contos que traduzem uma geração (que não a minha), esse livro é curioso e desafiador. Vejam bem, muitos dos seus contos repetem certos elementos mais banais, como consumo de drogas, cigarros, vinhos, blues, uma referência intelectual aqui e acolá; em alguns, esses penduricalhos ora ornam histórias sublimes de amor e/ou paixão, ora ornam histórias rocambolescas e imaginativas de sacanagem (em sua maioria homoeróticas). Sempre preferi histórias mais contidas, pois sou daqueles que me atraio mais pelo que não é visto. Caio Fernando Abreu acerta de forma esplêndida em alguns desses contos, em outros já não me fisgou.

Maria.Batagin 04/04/2022

Contos
Um livro de contos, porém nem todos me conquistou na leitura
? fui percebendo, por dentro da chuva, que talvez eu não quisesse que ele soubesse que eu era eu, e eu era." "uma feridantiga mede-se mais exatamente pela dor que provocou, e para sempre perdeu-se no momento em que cessou de doer, embora lateje louca nos dias de chuva.

vitherartt 28/03/2022

O Mofo, Os Morangos, Morangos Mofados;
o livro é dividido em três partes: o mofo, os morangos e morangos mofados; os contos são bons, uns me agradaram e pegaram mais que outros - mas tudo isso é relativo, cada um é cada um! ótimas indicações musicais também - e amo isso. confesso que talvez eu tenha certo apego devido memórias afetivas com a pessoa que me indicou a leitura, mas é uma delícia e vale muito dar uma chance!

Giovana.rAdua 27/03/2022

Abro outro livro do Caio Fernando, choro e agradeço por nascer brasileira
'' Sabes de tudo sobre esse possível amargo futuro. Sabes também que já não poderias voltar atrás, que estás inteiramente subjugado e as tuas palavras, sejam quais forem, não serão jamais sábias o suficiente para determinar que essa porta a ser aberta agora, logo após teres dito tudo, te conduza ao céu ou ao inferno. Mas sabes principalmente, com uma certa misericórdia doce por ti, por todos, que tudo passará um dia, quem sabe tão de repente quanto veio, ou lentamente, não importa.Só não saberás nunca que neste exato momento tens a beleza insuportável da coisa inteiramente viva''

Cica 24/03/2022

Primeiro livro que leio de Caio e fiquei completamente apaixonada, a forma de escrita me fascinou, me sentia numa conversa ou numa roda de histórias. Começava o conto e eu já queria saber como ia terminar. Vivências apaixonantes, e algumas doloridas.

Agnes.Camargo 17/03/2022

Ler CFA
é sempre estar disposto a mergulhar profundo.
Caio não se atinha à superfície das coisas, cada conto mexe com você de uma forma diferente, só é preciso se abrir para sentir.

Uma delicia!

Cris 10/03/2022

Desgraçamento puro
Tinha uma aversão ao autor, resolvi dar uma chance para essa obra e foi a minha melhor escolha.
Em cada trecho um surto

"Já li tudo, cara, já tentei macrobiótica, psicanalise, drogas, acupuntura, suicídio, ioga, dança, natação cooper, astrologia, patins, marxismo, candomblé, boate gay, ecologia, sobrou só esse nó no peito, agora falo o quê?"

"mato, nao mato, atordôo minha sede com sapatinhas do Ferro's Bar ou encho a cara sozinha aos sábados esperando o telefone tocar, e nunca toca, neste apartamento que pago com o suor do meu po-ten-ci-al criativo da bunda que dou oito horas diárias para aquela multinacional fodida. Mas, eu quero dizer, e ela me corta mansa, claro que você não tem culpa coração, caímos exatamente na mesma ratoeira, a unica diferença é que voce pensa que pode escapar, e eu quero chafurdar na dor deste ferro enfiado fundo na minha garganta seca que só umedece com vodca, me passa o cigarro, nao nao estou desesperada, nao mais do que sempre estive, nothing special, baby, não estou louca nem bêbada, estou é lúcida pra [*****] e sei claramente que não tenho nenhuma saída."

"Mas não se preocupe, não vou tomar nenhuma medida drástica, a não ser continuar, tem coisa mais autodestrutiva do que insistir sem fé nenhuma?"

"te desejo uma fé enorme, em qualquer coisa, não importa o quê, como aquela fé que a gente teve um dia, me deseja tambem uma coisa bem bonita, uma coisa qualquer maravilhosa, que faça acreditar em tudo de novo, que nos faça acreditar em tudo outra vez, que leve para longe da minha boca este gosto podre de fracasso, este travo de derrota sem nobreza, não tem jeito, companheiro, nos perdemos no meio da estrada e nunca tivemos mapa algum, ninguem dá mais carona e a noite já vem chegando"

"O deserto fica maior. Fica cada vez maior. Os desertos não param nunca de crescer, sabia?"

"permanecia mudo parado suspenso entre várias coisas que já não eram e outra tantas que poderiam vir a ser, ou não"

"Tenho pensado se não guardarei indisfarçáveis remendos das muitas quedas, dos muitos toques, embora sempre os tenha evitado aprendi que minhas delicadezas nem sempre são suficientes para despertar a suavidade alheia, e mesmo assim insisto."

"Pouco sossego encontro até em meu próprio sossego"

"em cada minuto de cada novo dia, chorarás desamparado atravessando madrugadas em tua cama vazia, não conseguirás sorrir nem caminhar alheio pelas ruas sem descobrires em algum jeito alheio o jeito exato dele, em algum cheiro estranho o cheiro preciso dele."

"É daquele emaranhado cheio de dor e angustia fria e solidão escura que ela arranca essa beleza que joga para fora"

"Zézim, vou te falar um lugar-comum desprezível, agora, lá vai: você não vai encontrar caminho nenhuma fora de você, E você sabe disso. O caminho é in, não off. Você não vai encontra-lo em Deus nem na maconha, nem mudando para Nova York, nem."

h4gatha 01/03/2022

só quero entender pq ele tem tesão em lamber orelha
primeiro contato com a escrita do Caio e me surpreendeu demais (positivamente). Esse livro parece demais uma carta de peito aberto, e é, definitivamente, muito pessoal.

A maioria dos personagens é da "geração ditadura" e isso é muito presente nos contos, juntamente com a censura, a falta de diálogos e a morte constante da liberdade de expressão. Embora seja melancólico na maioria do tempo, Morangos Mofados tem uma mensagem otimista e é recheado de referências

Sha 19/02/2022

Esse livro é tãooo sensível, mexe muito com a gente em vários sentidos! É o primeiro livro que eu li do Caio, e me apaixonei, simplesmente! É um livro que contém vários contos e alguns precisam de mais atenção do que outros. Os contos que eu mais gostei foram: Diálogo, Os sobreviventes, O dia em que Urano entrou em Escorpião, Pela passagem de uma grande dor, Além do ponto, Terça feira gorda, Luz e Sombra, Pêra, uva ou maçã, Aqueles dois e a Carta do Caio ??????????

Déborah 17/02/2022

Literatura não é consenso!
Comecei esse livro com as expectativas lá em cima, e todos sabemos o que acontece quando esperamos demais de algo, né?

É complicado ter uma opinião impopular sobre um livro que é tão bem cotado!
Mas não vou dizer que achei ruim, não: Caio tem uma escrita crua, incômoda, feroz, não é pra qualquer pessoa, seus contos não são pra qualquer gosto.

Ele fala sobre dor, sobre solidão, um toque de erotismo que não chega a incomodar, e uma escrita tão? poética.

Eu AMEI dois contos! Com certeza irei reler esses dois contos várias vezes. Alguns maçantes, outros sequer entendi?

Mas é sempre (SEMPRE) valido a literatura nacional, e com toda certeza lerei mais de Caio. E, quem sabe, me reconcilio com sua escrita.

Teti 11/02/2022

desde a dedicatória de milhões e as referências musicais como angela ro ro até a carta final pro "zézim" em que conta sobre clarice lispector e que "escrever é enfiar o dedo na garganta", esse livro me acolheu. contos como "terça feira gorda", "sargento garcia", "fotografias", que me têm por inteira ao tecer de sexualidade e identidade e filosofia, guardam uma verborragia poética tão única do caio fernando abreu, mas que cabe ao leitor tomar, invadir, roubar. também tenho dezessete anos, quase dezoito, com esta tontura seca de estar começando a viver; também já li tudo, já tentei macrobiótica psicanálise drogas acupuntura suicídio ioga dança natação cooper astrologia patins marxismo candomblé boate gay ecologia e sobrou esse nó no peito. a liberdade de interpretar e possuir cada conto é nos dada, pois todos temos nossos morangos mofados. o livro tem um quê de clarice, de geração beat, de van gogh, de mpb, de cigarros compartilhados, de loucura cotidiana, de beatles, de virginia woolf.
além de tudo, é peça valiosíssima de uma perspectiva da resistência contra o regime militar, com a contracultura e o movimento desbunde.
outro ponto é que é uma obra similar a memes do twitter: você precisa saber de mil línguas mil referências mil culturas diferentes para entender kkkjjjkkkkjkj
enfim, estilo e estrutura literária que me inspiram a escrever algo do tipo futuramente!
pra reler, recitar e guardar no coração!

limoon 06/02/2022

"mas depois de pensar isso me deu um desgosto porque fui percebendo, por dentro da chuva, que talvez eu não quisesse que ele soubesse que eu era eu, e eu era".

Darah6 23/01/2022

Desesperança no ponto
?Quem procura não acha. É preciso estar distraído e não esperando absolutamente nada.? Achado por acaso, acabou se tornando um favorito.
?Ah, fumarás demais, beberás em excesso, aborrecerás todos os amigos com tuas histórias desesperadas, noites e noites a fio permanecerás insone, a fantasia desenfreada e o sexo em brasa, dormirás dias adentro, noites afora, faltarás ao trabalho, escreverás cartas que não serão nunca enviadas, consultarás búzios, números, cartas e astros, pensarás em fugas e suicídios em cada minuto de cada novo dia, chorarás desamparado atravessando madrugadas em tua cama vazia, não conseguirás sorrir nem caminhar alheio pelas ruas sem descobrires em algum jeito alheio o jeito exato dele, em algum cheiro estranho o cheiro preciso dele. Que não suspeitará da tua perdição,?

luigigui 21/01/2022

O gosto constante de morangos mofados.
Aqui Caio Fernando Abreu mostra todos os pontos mais bonitos e brutais da sua escrita, cada conto explora uma faceta diferente daquilo que nos torna seres humanos, inseguros, ansiosos, hora infelizes e hora esperançosos. Não foram todos os contos que me atingiram da mesma maneira, confesso que alguns chegaram a tornar a leitura um pouco arrastada pra mim. Ainda assim, mesmo aqueles contos que não foram os meus favoritos, contam com a genialidade que Caio não perde em nenhum momento da obra. Mesmo que não seja exatamente perfeito e tenha alguns momentos que dificultaram a leitura pra mim, "Morangos Mofados" continua sendo uma leitura indispensável.