Morangos mofados

Morangos mofados Caio Fernando Abreu




Resenhas - Morangos Mofados


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Eduardo 16/10/2022

Um nó no peito
Quão difícil, doloroso e libertador é entender e ser o que se é quando se está num mundo que não foi feito para você? Essa pergunta eu acho crucial para tentarmos entender a escrita caótica e visceral de Caio Fernando Abreu em Morangos Mofados.

Na obra, há 18 contos divididos em duas partes: o mofo e morangos. Senti neles um autor que busca por pra fora toda angústia que sente. A dor, o medo, a solidão, a violência e o prazer são marcas presentes em todos os contos. Cada um ditando o seu próprio estilo. E eles possuem um tom quase biográfico, pois o autor era homossexual e escreveu as histórias durante a ditadura militar. Período marcado pela repressão a todas as manifestações contrárias ao governo, incluindo a de não pertencer ao estilo heteronormativo.

Caio faz inúmeras referências tanto literárias quanto musicais (para cada conto recomenda-se uma música). Fã de Clarice Lispector, a sua escrita é complexa e densa. Percebe-se que tudo deve ser contado a ter a última gota e de uma vez só, sem nada de deixar resto dentro de si ou para depois. Um gozo profundo e sem mais arrependimentos.
Entre romances frustrados, desejos não realizados, violência simbólica e física a homossexuais, vemos uma visão de um autor que escreveu tudo que sentia para não implodir.

Ler os contos talvez não seja uma tarefa das mais fáceis, talvez tenha de se reler outras vezes para compreender melhor, pode até ser que o autor desejou ser assim, mas a experiência ao se fazer é sensorial e única. Coloque na sua lista, caso não tenha lido ainda.
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Ângela Bittencourt Cardoso 10/08/2020

Strawberry fields forever
A maneira como Caio faz críticas em seus contos é admirável. Esse livro se divide em três partes: o mofo (que aborda o uso de drogas como um modo de fuga, a solidão, amores perdidos), os morangos (com o excesso, as paixões, o preconceito) e, por fim, morangos mofados (A epígrafe tem versos de Strawberry fields forever e a história é sobre a personagem que cisma que tem uma doença, mas apenas o que sente é um gosto de morangos mofados que persiste na boca). Eu já havia lido outro livro dele, mas esse me agradou ainda mais. Para felicidade do leitor, a obra termina com uma carta dele explicando como faz suas criações.
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anajulialuza 23/07/2023

Chato
Talvez eu seja burra por isso, mas achei chato e não vou me explicar mto, talvez não seja o livro pra mim msm. acho que tem uns 3 ou 4 contos que se salvam, mas, de resto, uma leitura beeem tediosa
jackpveras 26/07/2023minha estante
Eu juro por Deus que pensava ser o único ser humano a não gostar desta obra. Felicíssimo agora por saber que não fui o único. Tamo junto, Ana Júlia!! ?


Paulo.Victor 10/11/2023minha estante
quanto mais eu lia, menos eu entendia




poli! 18/07/2022

sem palavras para esse livro. a maneira como Caio Fernando de Abreu vomita as palavras é... inexplicável.
sua forma de escrever não é simples de entender, é preciso pensar, refletir, questionar. há contos que, mesmo relendo algumas vezes, não consegui entender completamente. às vezes a escrita de Caio é confusa e íntima demais, mas é essa característica que a torna especial e única. Caio escreve sem pudores, despeja tudo mesmo. é uma escrita corajosa e eu admiro isso.
meus contos favoritos são:
- o dia em que júpiter encontrou saturno
- natureza viva
- transformações
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Thami 09/05/2023

Me conectei com alguns contos, amei alguns, tive dificuldade com outros. Mas que gosta de um bom desbravamento mental, vai curtir esses personagens que nos pegando torcendo por eles mas raramente ficando contentes em como os deixamos ?
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Marcelo217 27/05/2022

Não funcionou pra mim
Primeiramente, é inegável o talento do Caio Fernando Abreu como escritor. O livro é arranjado, dividido em tantas partes, com narrativas que conversam e cheias de eloquências e de um lirismo frenético, mas, em parte, não me agradou.

As narrativas mais bem delineadas são interessantes, cheias de referências que mostram o talento e o intelecto do autor, mas nas narrativas onde há o forte fluxo de consciência é quase impossível de acompanhar. É enigmático demais e melodramático demais. Essas partes foram totalmente esquecíveis.

Outro aspecto que me incomodou bastante foi a artificialidade dos diálogos em algumas partes e o enredo de algumas histórias. De tão incomodado acho que não consegui aproveitar o livro.

Mas ainda sim tem muita coisa boa: Diálogos, Os sobreviventes, O dia em que Urano entrou em escorpião, os companheiros, Sargento Garcia, Aqueles Dois são excelentes contos.

Talvez numa outra oportunidade eu seja capaz de apreciar melhor o trabalho dele ou talvez só as narrativas mais simples sejam pra mim.
Frankcimarks 28/05/2022minha estante
Já abandonei um livro dele, não rolou. Kkk


Marcelo217 29/05/2022minha estante
Te entendo kkk




Day 19/04/2021

Leitura para Abrir Horizontes
Morangos Mofados foi um livro chocante para mim! Eu estava na adolescência quando li, mas lembro da sensação até hoje! Lembro de sentir que estava fazendo algo errado lendo aquele livro, lembro que não compartilhava da leitura, e que um universo novo se abria pra mim. Um universo que não era legal. Morangos mofados fala de relacionamentos homossexuais, que foram julgados pela população, é dolorido de ler. Foi doloroso pq eu aparentemente não era homossexual, não sabia aliás, pq minha infância e adolescência foi sem informação a respeito disso, e o mínimo que eu tive é de que era nojento e errado. Então quando eu li, foi como se eu estivesse violando um código secreto de coisas que eu não deveria saber. Lia escondido dos meus pais, lia sozinha no quarto. Mas foi forte tbem pq não é um livro que fala sobre a importância da liberdade, respeito.. não. é um livro que mostra como podemos ser podres, julgadores, e muito mais coisa. Mostra o sofrimento, a dor. Vale a pena ler, mas não será fácil.
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Juliana 09/10/2021

Viceral
Há tempos vi uma resenha desse livro e bateu aquela vontade de ler. E nossa, é sensacional. Existe algo meio caótico e decepcionado, desiludidos, desesperançados nós personagens que eu imediatamente me identifiquei. A escrita dele é fantástico e alguns contos me deixaram... sei lá acho que impactada.
Recomendo demais.
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jackpveras 20/07/2023

Leitura Mofada
Achei a obra engessada e tediosa.
Contos que, de tão intimistas, tornaram-se labirínticos, confusos e abstratos. Claro que não estou falando de todos, mas a maioria deles é bem enfadonha mesmo. No entanto, a segunda parte do livro, Os morangos, é mais interessante, com uma linearidade livre dos exagerados fluxos de (in) consciência e sem os devaneios etéreos que me encheram a paciência. O último conto, aquele que nomeia o livro, inclusive, é o melhor, pois aborda uma questão existencial que muitas vezes paira sobre os nossos momentos mais íntimos e secretos. Sem dúvidas, a melhor parte do livro é uma carta de Caio Fernando enviada ao amigo, o jornalista José Márcio Penido. Em minha humilde e inútil opinião, a obra poderia ter sido construída apenas por cartas idealizadas por C.F.A, que é um puta escritor, mas que, com Morangos Mofados, ficou um tanto hermético, repetitivo e chato.
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Débora 22/04/2024

Não encontrei uma linearidade entre os contos. São todos muito sensíveis. Uns contos vão até o topo, brilham, são inovadores, bonitos. Tão bonitos. Os outros eu não sei. Ou não falam comigo, ou falam muito pouco.

No geral, é bom, porque os contos muuuuito bons fazem valer a pena. Acho que é um retrato de sua geração. O Caio me lembrou muito o Cazuza, não só pela causa da morte em comum. É de uma juventude selvagem que morre cedo. Os cigarros saíram de moda, pegam mal, e pena que eles morreram assim.
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paloma 11/07/2020

“Morangos Mofados” foi publicado em 1982 e é permeado pelo período do Regime Militar brasileiro, período esse de sentimentos intensos e de uma realidade dura, amarga para os jovens brasileiros. O livro é dividido em três partes: O mofo (9 contos), Morangos (8 contos) e Morangos mofados (conto homônimo).

O mofo
retrata e transcende ao nos fazer vivenciar, junto a escrita, um gosto amargo, uma angústia, uma solidão doída, um sentimento de fracasso, uma embriaguez imersa em confusão fundamentada na derrota, na desilusão com o presente e com o que está por vir. É cru, é doído e é profundo.

“"Apesar das minhas unhas crescidas, ainda não estão longas nem afiadas o suficiente para que possa cravá-las em minha própria garganta.”

“Mas não se preocupe, não vou tomar nenhuma medida drástica, a não ser continuar, tem coisa mais autodestrutiva do que insistir sem fé nenhuma?"


Morangos
é permeado por dualidade.
Macios e sutis ao primeiro toque, dão um “ar” de possibilidade, como se a vida pudesse ser mais leve, como se ao fim, enfim, as coisas pudessem ser direcionadas de forma diferente, todavia, ao mastigá-los a acidez invade a boca e o gosto predominante é “azedo”. O azedo do medo, da desilusão, do preconceito, de tudo que poderia ser e que não é. Por uma sociedade arcaica que esmaga os sonhadores.

“"Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra."”

"Deve haver alguma espécie de sentido ou o que virá depois? - são coisas assim as que penso pelas tardes."


Morangos mofados
um arremate, sopro de esperança vindouro, uma alternativa. Talvez seja possível divisar outro sonho, transcender a desesperança, o desencantamento e tentar de novo.

“"Você me pergunta: que que eu faço? Não faça, eu digo. Não faça nada, fazendo tudo, acordando todo dia, passando café, arrumando a cama, dando uma volta na quadra, ouvindo um som, alimentando a Pobre.”"

"Sem últimas esperanças. Temos esperanças novinhas em folha todos os dias. E nenhuma, fora de viver cada vez mais plenamente, mais confortáveis dentro do que a gente, sem culpa, é."



Nota: a maioria dos personagens não possui nome, quase como se fossem projeções do próprio autor e, tais projeções, nos traçam caminhos que beiram confusão.

Contos que mais gostei:
- Diálogo
- O dia em que Urano entrou em escorpião
- Além do Ponto
- Terça-feira gorda
- Caixinha de música
- O dia que Júpiter encontrou Saturno
- Aqueles dois
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Leila de Carvalho e Gonçalves 21/10/2019

Visceralidade
?A solução não está na temperança.? Esta frase, de Caio Fernando Abreu, expressa a visceralidade que norteou sua vida e igualmente lhe serviu de estratégia de escrita. Ela faz parte de uma carta endereçada a seu amigo José Penido que, datada de 1979, encerra todas as edições póstumas do escritor, um virginiano com ascendente em Escorpião que se tornou um dos nomes mais cultuados de sua geração. Caio também é presença frequente nas redes sociais, apesar de ter falecida em 1996, isto é, quando a internet engatinhava, por conta de trechos de livros ou artigos que nem sempre são de sua autoria.

?Morangos Mofados? é considerado seu melhor livro e esgotado há anos, acaba de ganhar uma nova edição pela Companhia das Letras. Uma iniciativa bem-vinda, pois até então a única maneira de adquiri-lo era optar por um exemplar usado ou pela caixa com todos os contos do escritor, escolhas nem sempre mais convenientes para o leitor.

A edição escolhida para reimpressão foi a de 1995, revisada pelo Caio um ano antes de sua morte e quinze após o lançamento do livro e como ele adianta nas primeiras páginas: ?trabalhar distanciado da emoção da criação foi como como voar sobre uma rede de segurança? e ele esperava não ter errado o salto. Como tenho a primeira edição, pude comparar e, de fato, o que interessa, conteúdo e estrutura, são os mesmos, a maioria das mudanças referem-se a pontuação, acréscimo e eliminação de parágrafos.

?Morangos Mofados? reúne dezoito contos que José Castello denomina ?indigestos? no Posfácio, ?A Escrita do Tremor?, que finaliza o livro. Um adjetivo adequado, à medida que ele trata de temas difíceis e até dolorosos, como homossexualidade, preconceito, drogas, solidão e morte.

Castelo também afirma que ?embora dividida em três partes ? a primeira, ?O mofo?, dedicada aos tempos da ditadura militar; a segunda, ?Os Morangos?, voltada às transformações interiores; e a terceira, ?Morangos Mofados?, ocupada pelo belo conto que empresta seu título ao livro ?, a obra mantém uma férrea unidade, em torno da coragem de se despir, da fidelidade aos sentimentos mais íntimos e mesmo os mais terríveis, e ainda da dificuldade de ser.?

Quanto aos contos, o ultimo conto foi inspirado num sucesso dos Beatles, ?Strawberry Fields Forever?, e carrega uma bela mensagem: mesmo mofados, os morangos guardam em seu interior o frescor do seu sabor, isto é, o gosto pela vida. Esse aceno de esperança está ligado a outra narrativa fundamental para entender a proposta do autor. Trata-se de ?Os Sobreviventes? que retrata a frustração de uma geração que viveu o auge da Contracultura e viu seus sonhos desmoronarem.

A primeira vez que li o livro, ele acabara de chegar às livrarias e resolvi relê-lo a dias atrás, quando adquiri o e-book. Indubitavelmente, foi uma releitura marcada pelo saudosismo, mas que também me surpreendeu, ao constatar que antigas questões permaneceram inalteradas ao longo dos anos. Uma delas é o preconceito homofóbico e, infelizmente, a violência de ?Terca-Feira Gorda?, o medo que permeia ?Sargento Garcia? e a hipocrisia de ?Aqueles Dois? continuam assíduos no dia-a-dia.

Finalmente, Caio era um estudioso de Astrologia e o assunto é recorrente em seus contos. ?Morangos Mofados? apresenta dois bons exemplos: ?O Dia em que Urano entrou em Escorpião? e ?O Dia Que Júpiter Encontrou Saturno?. Minha sugestão, se você não curte Astrologia, é depois de lê-los, pesquisar o o que significa o trânsito de Urano em Escorpião e a conjunção de Júpiter e Saturno. Com certeza, seu entendimento desses textos será redimensionado.

Boa leitura!
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Sophia.schwarz 16/03/2023

Os morangos mofados, permanecem com seu frescor
Esse é o tipo de leitura que se lê com a alma e o guarda nas entranhas.
Cinheci esse título por meio de outro, uma fanfic do Wattpad chamada "Asian Scars". Me vi intrigada, porém demorei para ler por medo de ser complicado. E definitivamente, foi bem complicado.
Essa obra me revirou do avesso; expôs meus desejos sujos, emoções trepidantes e o cheiro de morangos mofados tomou conta do ambiente.
Não há palavras para descreve-lo, só inúmeros sentimentos. A leitura foi complicada tanto pela sua linguagem, quanto pelos temas sensíveis.
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Nick 15/06/2021

Na minha opinião, um livro de difícil entendimento. Alguns contos são mais fáceis que outros.
Os contos não cativam e não tive muito interesse em estar sempre lendo.
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Neto Guimarães 05/02/2014

A arte não tem tempo.
Não conhecia Caio. Na verdade, o conhecia sim, mas era o Caio dissimulado, amoroso e clichê que perambulava pelos perfis das redes sociais pseudo-cults. N'"Os sobreviventes" já foi um pedaço de mim cortado pela faca amolada da realidade paralela de Caio. Em "O dia em que saturno entrou em escorpião" foi-se outro pedaço. Apesar de não entender nada de astrologia, viadagem ou conhaque, Caio ia acertando suas flechas em mim aos poucos, como quem não quer acertar. Como quem quer acertar mas não anuncia isso aos gritos.

Uma transa no meio de uma madrugada chuvosa entre Bukowski e Drummond. E sem preconceitos ou esteriótipos de sociedade: temos como resultado uma bicha que devorou minha cabeça com suas palavras. Um cara que, mesmo preso nos anos oitenta e pouco, com sua vitrola e seus ideais, conseguiu fuzilar-me em meio às tecnologias e transporte públicos dos anos 10.

Fui flagrado lendo Caio num intervalo da faculdade e a professora me falou que o livro era uma crítica social aos anos 80 e todas as suas repressões e ideais que lá morreram. Eu então me prostrei a pensar: estaria eu com minha mente presa há 30 anos atrás?
Eu nem sequer tinha essa idade, mas havia algo de mim dentro de Caio - ou seria algo dele dentro de mim?. Eu também tinha um gosto estranho de morangos mofados na boca.

É a década de 10 revirando o estômago do tempo.

Os personagens são como amigos, concluo com uma amiga. E todos os personagens de Caio em "Morangos mofados" me parecem velhos conhecidos. Apesar de uma indevida introspecção, eles têm um pouco de mim e deles mesclando na essência do ser. E o que são os amigos afinal?

Na verdade, todos os contos me parecem um só. Todos os personagens me parecem um. Que na verdade, também se parece comigo. Todos eles com suas bebidas, seus trejeitos, seus cigarros, baseados, carreiras de cocaína, amores sujos e doentios, beijos amargos e um gosto amargo de morangos mofados. Todos os cenários são sépias. Aqueles que a descrição não diz se está amanhecendo ou anoitecendo. Só sabemos que a luz lambe as calçadas de leve e se derrama por entre os prédios.

Morangos é uma obra de arte. Não sei se a Obra-prima de Caio, já que foi minha primeira vez com ele, mas é uma obra sem dúvidas. Uma obra pintada à aquarela. Um quadro surrealista da realidade passageira que habita o meu quarto.

E que Caio empunhe sua arma e me fuzile mais vezes.

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