P3te3rr 04/04/2024
A melhor HQ de todos os tempos...
Na década de 80, o universo da DC Comics estava uma bagunça enorme, com um multiverso bagunçado, histórias malucas e muitas publicações medíocres. Eis que surge uma grande ideia na editora: reiniciar tudo! Em 1986, um mega evento da DC ocorre: "A Crise nas Infinitas Terras".
Após isso foi preciso pensar em maneiras novas de escrever seus três principais personagens: o Batman, o Superman e a Mulher-Maravilha; a trindade da DC. Para o Homem de Aço, ficou encarregado o roteirista e desenhista John Byrne a dar uma nova roupagem ao herói. Fez isso com sucesso, pois essa é uma das melhores HQs que já li.
A Mulher-Maravilha também foi rebootada, mas não sei muito sobre ela, pois foi o único reboot da trindade que ainda não li. Mas a tarefa mais difícil era a de rebootar o homem-morcego. Como eles fariam isso? O Batman já estava perfeito para eles (ênfase no PARA ELES).
Ainda nesse contexto, havia um roteirista que já era considerado ali um dos maiores, se não o maior roteirista de todos os tempos: Frank Miller. Miller fez um trabalho excepcional na Marvel, levando o Demolidor para outro patamar. Na DC, havia escrito a HQ Ronin e Batman: O Cavaleiro das Trevas, dois sucessos estrondosos dos gibis. Ele era perfeito para o papel.
Mas ele não queria desenhar, como em seus outros trabalhos na DC (agradeço por isso kkkkk). Então precisaram chamar um desenhista. Mais um gênio entra nessa obra, o artista David Mazzucchelli. Miller e Mazzucchelli já haviam trabalhado juntos, então tudo certo.
Com um roteiro FANTÁSTICO que não se prende a nada surreal, Miller escreve uma história para o Batman completamente pé no chão, onde Bruce ainda está iniciando em sua jornada contra o mundo do crime e Jim Gordon está enfrentando dificuldades em seu casamento com a Barbara e na filiação com a polícia corrupta de Gotham. A história gira em torno desses dois núcleos, criando um terceiro mais secundário com a Selina Kyle.
A premissa da HQ não apresenta nada tão grandioso, isso é um fato. Mas o que se torna genial aqui é a narrativa, a forma como essa história é contada, algo jamais visto no mundo dos quadrinhos. Eu me arrepio até hoje com diálogos e cenas dessa HQ.
Para complementar essa profundidade toda em uma narrativa fabulosa, Mazzucchelli cria desenhos perfeitos para a história, trazendo um estilo que, para mim, é a melhor arte que já vi em todos os quadrinhos que já li.
Mas a genialidade não acaba por aí...
As cores eram limitadas na época por conta do tipo de papel utilizado na publicação (papel jornal). E aí entra mais uma gênio, a colorista Richmond Lewis que teve uma limitação de 60 cores em seu arsenal. Quando a HQ foi encadernada, ela fez um retrabalho na arte, melhorando ainda mais a qualidade e a profundidade dessa obra.
Esses 3 gênios criaram a melhor HQ já escrita (pelo menos pra mim). E sinceramente, não sei se essa opinião vai mudar...