a quarta parede

a quarta parede Paulo Franco



Resenhas - a quarta parede


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JURA 22/04/2010

A quarta parede: Poesia encenação Por Jurandir Rodrigues
Paulo Franco, um poeta que põe a alma translúcida à mostra na frente do palco como nos versos iniciais do livro e do poema “A estátua”:

“A alma estendida no varal
a me conter de encantos.
Desalinhos no que sou
confundem o que sinto
num quintal de prantos.”
Poeta que brinca e sofre com o seus versos que nos remete a outro poeta brincador-sofredor-fingidor nas estrofes abaixo dos poemas “A pessoa” e “Infinito”, respectivamente:
“Do outro lado da minha janela
inúmeros donos de tabacaria
riem-se de mim
que não me sinto pessoa.”
“E nunca sei se escrevo
a parte que me cabe
do que sei de mim
e , às vezes, calo
pra fingir o que não sinto.”
Com claras e enigmáticas referências ao teatro, ou à vida como símbolo e metáfora de encenações e roteiros a serem seguidos, a atores perdidos nas coxias e textos. O título já nos remete a tudo isso e também os versos abaixo do poema “O Camarote”:
“A peça é parte arredia
do contexto de paixões intensas
que se quebram em instantes
desfazendo as emoções dos outros
para sempre.”
A mesma metáfora da vida que se confunde com o palco, roteiros previamente escritos que seguimos estão presentes nos versos abaixo do poema “O circo”.
“Do alto do meu espetáculo
observo na plateia
o que não quero ser
e represento pros que aplaudem
o teatro do que somos
nas coxias onde estamos,
mas mostrando um picadeiro
que não quero ver.”
A quarta parede, um livro de poemas que se confunde com uma peça de teatro em que os poemas são personagens que nos dizem, sem medo e amarras, quem somos e que nos espreita a alma maquiada para um grande espetáculo, ou nossa alma pálida fugindo dos palcos para esconder nas coxias fragilidades e temores.
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