Pandora

Pandora Ana Paula Pacheco


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Pandora





Este romance experimental e bem-humorado, porém de contornos trágicos, acompanha a dissolução mental de Ana, uma professora universitária de literatura às voltas com o confinamento da pandemia de Covid-19. Recém-saída de um divórcio, ela tenta elaborar o programa da disciplina que deve ministrar à distância, enquanto se divide entre uma relação paranoica com seu gato Felício, um caso com seu psiquiatra e um mergulho de cabeça em três relacionamentos amorosos seguidos. O primeiro deles, com Alice, jovem que Ana conhece em uma ocupação habitacional e com quem ela desenvolve uma plataforma de prostituição on-line para garantir a renda das demais moradoras durante a quarentena. Os outros dois casamentos fincam pé no absurdo com uma riqueza de detalhes desconcertante: um pangolim e um morcego são os improváveis parceiros — e vítimas — de Ana.

Narrado em primeira pessoa, o romance intercala relatos de uma rotina de alta voltagem sexual com lembranças da juventude da protagonista, em que já se encontrava plantada a semente da paranoia de fundo político que volta a atacar no enclausuramento doméstico. Aos relatos íntimos somam-se ainda as experimentações literárias, que Ana tenta encaixar na disciplina que precisa lecionar. Animais antropomorfizados e carregados de simbologia povoam os contos que ela, em estado de liquidação mental, julga dignos de figurar no programa do curso, enquanto seus colegas a alertam dos perigos de ir contra a correnteza em tempos politicamente sombrios.

Com uma prosa cristalina, cortante e sedutora, e coroado por um epílogo que abre a narrativa para o mundo contemporâneo com uma história real que nos convida a repensar a própria ideia de verossimilhança, o romance se metamorfoseia na caixa de Pandora. Dela também saem outros mitos clássicos, possíveis chaves de compreensão dessa atmosfera sexualizada, grotesca e violenta. Mescla habilidosa de crítica social e implacável autoironia, Pandora lança mão do experimentalismo para melhor descrever uma realidade em que os perigos são palpáveis, mas as consequências não são compartilhadas de forma igualitária por todos.

Ficção / Literatura Brasileira / Romance

Edições (1)

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A casa deles
Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios
A natureza da mordida
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Resenhas para Pandora (2)

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on 19/5/23


Esse primeiro romance de Ana Paula é experimental e a escrita extremamente criativa, especialmente na ideia e forma que usou a pandemia para criar uma narrativa absurda - que é aqui uma espécie de autoficção, Ana também é personagem, forma literária em alta hoje, especialmente no nome de Annie Ernaux -, um tipo de realismo fantástico grotesco, no qual ela se relaciona com os animais suspeitos de serem o vetor de origem do coronavírus, não se limitando a descrever o compulsório processo... leia mais

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Jenifer
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16/01/2023 10:45:00
Jenifer
editou em:
16/01/2023 10:45:12

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