Tico Menezes 23/01/2023
Corajoso, ousado e profundamente sensível!
Com um personagem como o Superman, sua tão admirável humanidade e seu riquíssimo background de ficção científica, toda e qualquer história começa com potencial. Com "Brainiac" não foi diferente. Mas o que veio em seguida me trouxe os mais diversos sentimentos.
Superman - Brainiac é uma história sobre dor, trauma e perda. Apesar de começar com o bom humor costumeiro, o olhar esperançoso e as bonitas relações de Clark seus pais e com Lois, de um ponto em diante a trama se intensifica e entra numa estrada sombria. O vilão, apesar da apresentação meio qualquer coisa, é um apropriador intelectual genocida. Invade, invalida, sequestra, rouba, assassina e traumatiza sem empatia. E antes de presenciarmos seus atos, os vemos pelos traumatizados olhos de Kara Danvers, a queridíssima Supergirl (que tem aqui um traço nada sexualizado e um desenvolvimento coerente com sua idade e história, ponto para a equipe criativa!).
Esse encadernado cruza uma linha na história do Superman, há um antes e depois de Brainiac na cronologia e o peso disso é sentido pelo leitor. O roteiro é ousado, corajoso e consciente. Não é o grande combate final ou o vilão que importam, mas os personagens e seus sentimentos. Desde o bully do trabalho que não superou sua personalidade babaca do colegial ao conforto do café da tarde na casa dos pais, pontos comuns à vida humana engrandecem esse encadernado e aprofundam a complexidade de Clark Kent.
O traço de Gary Frank presta homenagem ao incomparável Christopher Reeve e isso me arrancou vários sorrisos, assim como uma ou outra lágrima. As cores de Brad Anderson trazem ainda mais vida e peso para cada momento, dos mais triviais aos de ação ininterrupta. Uma baita equipe criativa que fez jus à magnitude de Superman e colocaram seu trabalho no mapa de forma inesquecível.
É, definitivamente, um dos melhores arcos do Azulão. Por mais histórias assim.
Para o alto e avante!