"O romance vence sempre por pontos, enquanto o conto deve vencer por nocaute.", opinou, certa vez, Julio Cortázar. Para Marcelino Freire, um bom conto é um soco na boca do estômago. Mário de Andrade: "Conto é tudo aquilo que chamamos de conto". Diversos escritores definiram o conceito de conto.
Autor do romance "Os Dois Fazendeiros" (editora Autografia, 2018), Matheus Zucato, ao escrever este compilado de narrativas curtas, reafirma, principalmente, a frase de Mário de Andrade. O autor deste livro de sente livre para criar personagens que, ao romperem com a realidade pré-estabelecida em nosso cotidiano, originam outra realidade na qual o extraordinário se torna ordinário. A partir dessa liberdade, Zucato explora as múltiplas possibilidades de narrar histórias fantásticas, mágicas, enquadradas no Realismo Mágico, um subgênero literário pouco disseminado no Brasil.
Quando não envereda pelos caminhos do Realismo Mágico, Zucato nos apresenta a realidade de modo incômodo, doloroso, insuportável; uma realidade que, para não causar danos irreversíveis, precisa ser rompida. Os vinte e oito contos que compõem Realidades Rompidas se destacam pela clareza, precisão e capacidade de Zucato criar mundos próprios onde nós, leitores, somos arremessados e, gradativamente, nos acostumamos com as leis que mantêm de pé as narrativas do escritor.
Hugo Pernet - Escritor.
Contos