Pedro é um brincante junino que sonha em ser a rainha da quadrilha. Ao descobrir seu travestismo, sua mãe evangélica o escorraça de casa, praguejando-o. O jovem acha refúgio na capital do estado, Fortaleza, onde mora uma tia sua. Ali, além de assumir a persona artística Raquel Alencar e de ser coroado como sempre quis, envolve-se com uma dupla de rapazes os quais um dia já foram um casal. Forma-se então um trio em que desejo, rejeição e poder dançam juntos em performances quase sempre solo. A aparente apoteose de Pedro/Raquel Alencar é interrompida quando as palavras de ódio lançadas outrora pela mãe parecem começar a prejudicá-lo. Além de ver em risco seu lugar artístico, Pedro passa a viver de perto as trágicas consequências da guerra urbana no Ceará com o assentamento das facções criminosas no estado e a politização das polícias. Como reação a essa suposta praga, ele inicia uma vingança contra a mãe por meio do erotismo.
Lúcio Flávio Gondim, na voz de Pedro Bryan, encarnado na radiante Raquel Alencar, expõe as tessituras, as chagas e também a força, a recusa em permitir o acinzentamento da vida ao se viver no mundo Brasil.
É inevitável, neste solo, ser Maria, sabedora da orfandade de filhos para soldados berrando cadê!, cadê!.
Salve Rainha mãe de misericórdia vida doçura esperança nossa salve!
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