Um pai: puzzle

Um pai: puzzle Sibylle Lacan


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Um pai: puzzle





Um pai. O artigo indefinido do título pode parecer paradoxal quando se sabe que a autora é filha de Jacques Lacan. Com precisão, Sibylle expõe no título a posição que assumiu: "falar do pai que Jacques Lacan foi para mim, não do homem em geral e muito menos do psicanalista".
A relação de qualquer filha com seu pai contém sempre um pedacinho do inferno. Mas o que atesta essa dor, quando o tempo passa, é o amor que foi ferido em nós, no próprio lugar de nossa linguagem.
É por isso que este livro não pode ser definido como um romance ou uma autobiografia, mas como uma vontade furiosa de expressão e de autenticidade que permite a uma mulher conquistar sua própria fala.

Numa noite de 1991, Sibylle Lacan, filha Jacques Lacan, escreve de uma só vez este livro - texto fragmentado, carregado de forte emoção, que a autora afirma não se tratar de um diário, mas sim de um puzzle. Lembranças sofridas que expõem sua relação de amor e ódio com um pai todo-poderoso, que amava sem restrições outra filha, Judith, fruto de seu segundo casamento.
Um Pai é, acima de tudo, um desabafo doloroso. Lacan foi, com Sibylle, um pai ausente. Já separado da primeira mulher na época do seu nascimento, Sibylle e seus dois irmãos imaginavam-no sempre em viagem. Seus encontros restringiam-se a esparsos jantares requintados e posteriores decepções.
Jacques Lacan, ao se casar pela segunda vez com Sylvia Bataille, pouco contato mantinha com os filhos do primeiro casamento. Conta Sibylle, que até mesmo para aumentar a pensão de sua mãe, foi preciso que ela lhe pedisse, mostrando-lhe com quão pouco ele contribuía para a sobrevivência da primeira mulher.
Consciente da brutal diferença na qualidade do amor que Lacan lhe dispensava, comparativamente à adoração irrestrita que possuía por Judith, Sibylle sucumbe a uma terrível depressão. Decidida a superar à distância esse relacionamento que tanto lhe causava amargura, decide partir para a União Soviética, para aprimorar seus conhecimentos de língua russa e superar estas constantes decepções.
Um Pai, contudo, é mais do que apenas um grito de rejeição. É a estréia de Sibylle Lacan na literatura e, conseqüentemente, um novo nascimento. Livro curto e cinzelado, Sibylle Lacan retraça, em pouco mais de vinte cenas, seus laços tortuosos com o pai . Um pai que só publica no "Who's who" sua última paternidade. Um pai imprevisível e sedutor, mundialmente famoso, que não exerce na vida da filha um papel coadjuvante. Ele é o ator principal de uma relação desgastante, nada diferente de tantos outros pais. Um Pai é u m grito de amor, solitário, cujos ecos ultrapassam o tempo da leitura e permanecem na memória.

Biografia, Autobiografia, Memórias / Psicologia

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Resenhas para Um pai: puzzle (3)

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Resenha publicada no Booksgram @cellobooks ?
on 9/10/23


O livro "Um Pai (Puzzle)" é um curto livro de memórias escrito por Sibylle Lacan, filha do psicanalista Jacques Lacan. Logo de início ela alerta que não pretende falar do homem de forma geral, muito menos do psicanalista, mas sim do pai que Jacques Lacan foi para ela. O relacionamento entre pai e filha é sempre complexo, e Sibylle busca explorar as nuances desse relacionamento específico. O livro é uma comovente exposição de memórias e sentimentos da relação entre Sibylle e seu pai. ... leia mais

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Erica Kodaira
cadastrou em:
04/08/2018 21:05:18

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