Flora, após a cerimônia de cremação de seu amigo Leo, relembra diversos episódios do passado em comum de ambos. As recordações de Flora não são, porém, impulsionadas somente pela tristeza e nostalgia natural de quem acaba de perder alguém que ama. Leo morreu de Aids. Flora pode estar contaminada.
Acompanhando as reminiscências da narradora, o leitor se transporta para a década de 80 e trava contato com o grupo de adolescentes que gravita em torno de Leo, rapaz que se destaca dos demais pela sua imaginação, pelos seus talentos, pelo seu modo de ser impulsivo e arrojado. Ainda na infância, Flora veio a conhecê-lo na cidade de Silvestre, Sul de Minas, onde ela passava uma temporada com a avó.
Desde esse primeiro encontro, o afeto entre os dois se manifesta de maneira intensa, embora nunca cheguem a ter um relacionamento amoroso duradouro. Mas a afinidade entre o casal acaba por gerar algo maior do que uma simples amizade, eles formam uma "parceria cósmica", nas palavras de Leo. Através dele, Flora conhece os outros integrantes do grupo de Silvestre, dos quais se destacam Nílton, Rato, Clarice, Olga e Lena, esta última, irmã de Leo.
Das brincadeiras e aventuras da infância, as recordações convergem para o início da adolescência, cujo acontecimento marcante é a formação do conjunto musical Epidemia, integrado por Rato, Nílton e Leo. Nesse momento também despertam as primeiras paixões dos componentes da turma, assim como todos têm seus primeiros contatos com a noite, os bares, a bebida e a droga. À essa altura, o local onde se concentra a ação do enredo passa a ser São Paulo, cidade para a qual o grupo vai se mudando aos poucos, por razões diversas.
Na cidade grande, Leo já se mostra um pouco distante da turma original. Tem novos amigos, entre os quais Ácaro, Grilo e Júlia, que em Flora não inspiram a mínima confiança. Com eles, Leo é introduzido no submundo da cocaína, que passa a utilizar com freqüência. Embora não se considere um viciado, o rapaz já está com a vida desestruturada: não se preocupa com os estudos e com sua futura vida profissional. Ao receber um prêmio num concurso de desenho, aproveita o dinheiro e parte para Londres, e lá permanece quase dois anos, freqüentando ambientes onde as drogas são comuns.
No retorno de Leo ao Brasil, o casal acaba tendo um relacionamento sexual. Mais de um ano depois, já namorando com Tomás, Flora é procurada por Leo, que lhe conta estar com Aids, cujo vírus foi contraído pelo uso de uma seringa contaminada e, segundo ele, numa época posterior à relação que tiveram. O rapaz lhe pede que não revele a ninguém o seu segredo, compartilhado por ele apenas com a própria mãe e a irmã.
Alguns meses depois, Leo morre. Desesperada - e grávida de Tomás -, Flora tenta reconstruir a trajetória de Leo para saber se ela está contaminada ou não. Apesar dos esforços, não consegue encontrar uma evidência e decide fazer os exames de sangue. Com a espera aflita pelo resultado, que não será revelado ao leitor, encerra-se a história de Flora, triste testamentária da amarga herança de Leo.