A escritora e jornalista Adriana Negreiros nasceu em São Paulo, em 1974, e mora atualmente no Porto, em Portugal, mas foi em Fortaleza onde passou a maior parte da juventude. Formada em filosofia pela USP, ela iniciou a carreira no jornal Diário do Nordeste e trabalhou por mais de uma década na Editora Abril, com passagens pelas revistas Veja, Playboy e Claudia.
Em 2018, fez sua estreia literária com a bastante comentada e elogiada biografia Maria Bonita: sexo, violência e mulheres no cangaço (Objetiva). A partir da trajetória de Maria de Déa, mais conhecida como Maria Bonita e popularizada como a cangaceira destemida, a mulher de Lampião, símbolo máximo do cangaço, Adriana traça um perfil nada glamouroso de personagens menos notórias dessa história, como Dadá, Inacinha e Maria Jovina. Ela acaba por nos revelar, assim, uma realidade bastante complexa sobre o papel feminino no cangaço, um tema popular, porém muitas vezes mal compreendido.
São histórias trágicas de mulheres violentadas, desrespeitadas e brutalizadas, que em nada se assemelham à imagem cristalizada de guerreiras representantes de uma espécie de protofeminismo. A perspectiva feminina e a violência contra a mulher é, aliás, um ponto de vista central na escrita da autora, que já assinou um segundo livro a ser publicado também pela Objetiva com este viés.