Bem aqui, em lugar nenhum

No lugar nenhum de Moema, os personagens se movem como clandestinos, num mundo redondo, sem fim nem início, que desenha círculos aleatórios no nosso café – como um aviso. Por entre apartamentos vazios, salas de cinema, percorrem cidades proibidas e corpos estranhos, numa ânsia de conquistar seu espaço ao sol.

Com um olhar sensível e agudo, a pena fluida desta autora dá vida a personagens complexos, que apesar de solitários, como a imigrante Agnés, áridos, como em Clandestino, e desamparados, como em Morrer como um homem - revelam, a cada leitura, uma subjetividade riquíssima. Anônimos no meio de vidas anônimas, os personagens de Moema habitam um constante movimento. Em busca do sonhado destino, por vezes retornam ao ponto de partida – num movimento belo que captura, página a página, o leitor. Numa combinação perfeita de delicadeza e ousadia, os contos de Moema envolvem o leitor em seu rico universo ficcional rico, em histórias arquitetadas com a desenvoltura de quem já domina a arte de narrar.

Contos / Ficção / Literatura Brasileira