Eu fico tão chateada quando espero tanto de um livro e no final ele não consegue superar minhas expectativas. Eu tinha quase certeza que ficaria deslumbrada com Heresia, já que é baseado em fatos reais da vida de Giordano Bruno, e também por ele possuir uma temática atrativa, mas infelizmente não foi assim. Bom, antes de dar minha opinião final, vou fazer um breve apanhado da história.
O ano é de 1583, e a Inglaterra sofre um caos, devida as conspirações contra a rainha Elisabeth, que é protestante. Há uma boa parte dos súditos descontentes. Eles desejam vê-la fora do trono, para que o país possa ter a religião católica de volta ao poder. Enquanto isso, o monge Giordano Bruno, foge de seu país natal – Itália – por ter sido acusado de heresia devido a suas ideias e crenças um tanto avançadas. E ao chegar em Londres, ele é convocado por um membro de espionagem da realeza, para se infiltrar em Oxford com o intuito em descobrir as pessoas que estão por trás dos planos para derrubar a rainha.
O objetivo de Bruno acaba sendo desviado quando ocorre um assassinato de um dos membros mais importantes de Oxford. A maioria não dá muita importância ao caso, alegando que foi um acidente, mas ao contrário, Bruno se preocupa e se dispõe em tentar descobrir os mistérios desse crime. Só que para piorar as coisas, outro homem é encontrado morto, e o monge acaba se vendo num labirinto sem volta, envolvido até o pescoço com esses acontecimentos, e a partir daí ele entra numa busca incansável atrás de pistas.
Com isso, Bruno acaba descobrindo coisas que ele jamais imaginou que existissem e que essas tais descobertas pudessem ser capazes de ameaçar a estabilidade daquele país. E ele ainda se dá conta de que algumas pessoas podem ser muito diferentes do que elas realmente aparentam - mostrando uma face, e tendo outra. Bruno conseguirá desvendar todos os mistérios por trás dessa rede de intrigas e traições? Sairá ileso dessa emboscada?
O livro é minuciosamente detalhado. De longe, percebe-se o quanto à autora se dedicou para buscar fontes históricas e evidências do comportamento das pessoas daquela época. Eu confesso que tenho uma paixão por histórias ricas em detalhes, mas em Heresia, achei um tanto exagerado, o que tornou em muitos pontos, a leitura extremamente cansativa. Até a página 100 nada de interessante acontece, o que deixa a história bem enfadonha, pois apesar do suspense ser bem colocado, ele demora a surgir. Eu acho que a S. J. Parris poderia ter resumido esse começo em umas 20 páginas.
Outra coisa que me incomodou foi o protagonista. É engraçado, pois sempre admirei a figura de Giordano Bruno, a sua coragem e ousadia, a luta pela suas convicções e tudo que teve que enfrentar naquela época. Apesar de boa parte da história de Heresia ser baseada em fatos reais de sua vida, a personalidade dele aplicada nesse livro, não me agradou em nada.
Bom, conforme o suspense foi sendo agregado, a história foi se tornando bem interessante e intrigante. E por esse motivo em determinados momentos eu acabei esquecendo um pouco das descrições cansativas e mergulhando totalmente nos mistérios contidos no livro.
Os personagens em geral, foram bem construídos, mas a que mais me cativou foi a filha do diretor, Sophia Underhill. Uma garota determinada, com uma personalidade forte e muito inteligente. Só acho que ela merecia ser mais explorada, pois realmente é bem interessante.
O final não foi "Nossa que sensacional!", mas também não achei ruim. Me deixou um tanto curiosa pela continuação. Espero sinceramente que o segundo livro - intitulado como Profecia - seja melhor que esse. Vou torcer para que a autora tenha amadurecido, e ao invés de ficar se preocupando muito com as descrições, foque mais na ação e no suspense. Se for assim, tem tudo para ser uma ótima série.