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Talvez este seja um dos livros mais difíceis que vou resenhar. Bom, primeiro porque se trata de um romance nada convencional, segundo porque de fato, mexeu bastante comigo.
Primeiramente, de bonitinho o romance não tem é nada. Parece que quando alguém diz: Olha, não leia, achei muito forte, você é atraída a fazer justamente ao contrário, e foi o que aconteceu no meu caso. Quem gosta de algo forte, mais turbulento, talvez goste do livro. Ele contém cenas de estupro, surras, tortura e uma boa dose de romance selvagem. (como o próprio título diz).
O cenário é o México, quando Steve Morgan é contratado para saquear uma caravana. Para seu plano dar certo, ele se passa por um dos cocheiros, onde conhece Virginia, uma moça que a início do livro é a própria pureza em pessoa, por assim dizer. Mas quando Steve precisa levá-la como refém, a história no livro muda drasticamente.
Steve é o mocinho mais vilão que eu já li em algum livro. Ele não é amável, apesar do que muitas pessoas acharam, eu achei que não houve amor nenhum por parte dele, apenas o desejo sexual pela mocinha, que passa a ser estuprada por ele (outras vezes com consentimento mútuo), e mais tarde por outros homens. A maior parte da história Steve a deixa trancada em um quarto de bordel, e vai se divertir com outras mulheres.
O que mais me irritou no livro, foi a autora ter construído uma personagem a início decente, inocente, e aos poucos, devido a tantos estupros, tantas surras, tanto sofrimento que ela teve que suportar ao longo da história, começa a achar comum aquela vida e a usar o próprio corpo para conseguir tudo que deseja. Não que ela se revolte, não que ela fique traumatizada, não que ela tente superar isso com a ajuda de Steve ela simplesmente passa a achar comum.
Achei bem forte e não consegui terminar as últimas 100 páginas. Fiquei alguns dias remoendo a história, só depois voltei a ler, mas não me surpreendi pelo final.
O tema de abuso é bem delicado, mas tratado em diversos livros como Depois da escuridão, Carícia do Vento, Such a Pretty Girl , e por aí vai, mas a diferença entre um e outro podem ser gritantes. Dependendo de como abordado, você pode odiar ou realmente gostar do livro. Um exemplo é Depois da escuridão (Sidney Sheldon), outro como A Carícia do Vento (Janet Dailey), este último um romance de banca que aborda os mesmos assuntos (embora não de um modo tão forte, mas com uma mesma narrativa crua), e ambos os livros gostei muito. Opiniões a parte, Amor Selvagem foi pra mim uma leitura difícil mesmo com uma boa narrativa, exagerada, ao mesmo tempo real e perturbadora, até. Nunca vi uma personagem que foi tão maltratada pela sua autora, um mocinho que não é mocinho, aquele verdadeiro anti-herói, e realmente é preciso ter uma cabeça preparada para ler o livro.