Eu andei pensando sobre a vulnerabilidade do leitor...
Aquele leitor que sucumbe aos apelos de um grande título, ou de uma boa história.
Talvez, você não saiba, mas considero o título “Como Eu Era Antes de Você” tão pleno de possibilidades como “O Diabo Veste Prada”, “Cem Anos de Solidão”, “Ruínas do Tempo”, “A Visita Cruel do Tempo”, e por aí vai...
Eu, caso não conheça o autor, sou isca fácil para títulos bacanas, eles me atraem. Muito mais que capas elaboradas, principalmente quando as figuras retratadas nas mesmas não correspondem ao biótipo dos personagens principais.
Eu, leitora, embarco confiante na narrativa onde nem sempre meus anseios e desejos, seduzidos por títulos instigantes, são considerados, mas, que, na maioria das vezes, sou surpreendida favoravelmente. Ainda bem, pois não sou escritora, sou leitora, flutuo feliz nas asas da criatividade dos meus ídolos.
Meu único vício, os livros, além do prazer, me fragiliza, tornando-me vulnerável e saudosa por dias, semanas e até mesmo, meses...
Então, a partir de um bom título, já começo a me preparar para as horas que virão. Com o romance “Como Eu Era Antes de Você”, me preparei para outra história... Algo assim como comprar uma passagem para a Suíça e terminar na Nigéria.
Eu não gosto de sofrer por opção, e eu sofri horrores com a Louisa e com o Will, embora tenha antipatizado demais com ele, e não vai ser o filme que irá mudar a minha opinião. #prontofalei!
As mocinhas são o meu norte. Elas são minhas portas USB para as novelas românticas e, caso essa porta não funcione, o livro já era!
Portanto, apesar de entender e aceitar a decisão de Will, eu não o desculpei pela sua incapacidade de amar alguém tão precioso como Louisa, mesmo entendendo e aceitando a sua decisão.
Eu e a Louisa só precisávamos um pouco mais de tempo, Will!
E, foi pela minha profunda afeição por Louisa que comprei, assim que possível, o meu exemplar de “Depois de Você”, que tardou 48 horas para ser entregue. Praticamente uma vida para alguém tão ansiosa como eu.
Logo nas primeiras páginas senti uma reversão inesperada das minhas expectativas, mas segui em frente, pois compreendi que talvez houvesse uma rebeldia saudável impedindo Louisa de seguir com as diretrizes que Will traçara para o futuro dela, após ele recusar abrir mão de seus planos.
Fui surpreendida por uma Louisa tão perdida ou mais do que aquela garota escolhida para acompanhar os últimos dias de um homem egoísta e cruel. E, a meu ver, foi esta mensagem que Jojo Moyes nos passa subliminarmente – Louisa, de forma inconsciente rejeitou os planos que Will traçou por sentir-se rejeitada. Quando ela finalmente entende que Will não a amava, eu pensei: agora vai!
Mas, não foi...
Louisa, com o seu imenso coração, nos leva por estradas tortuosas, onde o risco de uma tragédia de proporções estratosféricas surgindo a cada passo é cada vez maior.
Então, eu percebi que Jojo Moyes não tinha a menor intenção de escrever “O Livro de Louisa”... Moyes deve ter sido pressionada pelos cinco milhões de outros leitores, inconformados com o destino dessa personagem, bem como por seus editores, ávido por uma continuação. E, não estão todos????
Portanto, somos todos vulneráveis às criações proporcionadas por milhões de sinapses de cérebros incríveis dos autores que amamos. Criadores são seres especiais, capazes de dar o seu sangue por uma obra, mas detestam fazer concessões e, ao fazerem, não nos dão exatamente o que desejamos. Eles nos dão horas de esperança, para em seguida colocar seus personagens exatamente onde queriam.
“Depois de Você” é uma manual sobre as perdas e os seus danos, longo e melancólico. Eu, para falar a verdade, achei cansativo a princípio. Uma história cheia de possibilidades que não davam em nada, idas e vindas, tristeza e idealização... A Louisa que antes sempre me pareceu uma pessoa pró-ativa, agora está titubeante, covarde...
Não posso dizer que não gostei, mas sem dúvida nenhuma, eu não amei “Depois de Você”.
Embora, o romance seja recheado de aforismos perfeitos para quem tenha acumulado perdas ao longo da vida. Mas, se você sabe das perdas, sabe também que elas reafirmam a nossa condição de sobreviventes nesse mundo louco em que vivemos.
E, Viva La Vida!