Além da Magia é uma mistura perfeita de Alice no País das Maravilhas com O Pequeno Príncipe. A autora não confirmou que se inspirou no famoso romance de Carroll, mas há várias referências. Além disso, o nome da protagonista também é Alice, uai. Mais óbvio, impossível. Então, ouso dizer que esse livro é uma homenagem ao célebre escritor de histórias infantis Lewis Carroll.
Em um casamento encantadoramente bizarro entre o País das Maravilhas e o universo fascinante de O Pequeno Príncipe, nasce Além da Magia. É apresentada aos leitores uma cidade peculiar chamada Ferenwood, um lugar todo colorido, até mesmo seus habitantes são coloridos da cabeça aos pés. Os personagens parecem estar em um livro de colorir muito amado, pintados com perfeição por uma pintora detalhista e talentosa chamada Tahereh Mafi. Inclusive, estou completamente apaixonada pela escrita da autora, é uma verdadeira obra de arte! Um livro totalmente fora da caixinha, perfeito para o público infantojuvenil.
"O céu era muito rosa e as nuvens muito azuis e o ar doce como torta de limão e ela se sentia muito acolhida e muito preguiçosa e muito isso e muito aquilo e muito..."
Infelizmente (ou felizmente, afinal, tudo depende de um ponto de vista), uma menininha chamada Alice Alexis Queensmeadow nasceu diferente da maioria. A doce menina quase não tinha cor, apenas um leve tom de mel nos olhos e um rosa que morria de vergonha de aparecer nas bochechas. Tirando esses detalhes, sua pele era branquinha como leite e seus cabelos da cor do papel mais claro; o coração e a alma eram leves como um passarinho.
Alice detestava ser diferente, é claro que detestava. Ela tinha apenas 12 anos e ainda não entendia que desejar ser mais uma ovelha em um rebanho de ovelhas era muuuito chato. Na verdade, nem os adultos compreenderam isso ainda, então não julgaremos nossa pequena Alice. No nosso mundo, ela representa uma menina albina, mas tal termo não existia em Ferenwood. Sendo assim, Alice acabou sendo afastada e excluída de uma sociedade que não entendia sua existência e nem mesmo queria entender. Mas isso era o de menos.
Certo dia, o pai de Alice sai de casa sem nada além de uma régua e não retorna mais. A jovem menina ficou arrasada, ela amava Pai mais do que amava a si mesma, mais do que tudo, até mais do que amava as deliciosas tulipas. Após três anos, ela está determinada a encontrá-lo, então aceita ajudar um menino irritante e nada confiável, cujo talento é a persuasão (Ele ganhou como tarefa na Entrega encontrar o pai de Alice, então, entenda, Alice não tinha alternativa a não ser ajudá-lo.), chamado Oliver Newbanks. Juntos, irão desbravar um território mítico e perigoso conhecido como Furthermore, onde o sol quase sempre está cochilando, o tempo é cobrado a cada segundo e os moradores estão à espera de visitantes só para cortá-los em picadinhos e fazê-los de refeição. Pois é, para sobreviverem a esta aventura, Alice e Oliver precisaram usar as únicas ferramentas que têm à disposição: os seus cérebros, ora bolas.
"Alice era uma menina peculiar, mesmo para Ferenwood, onde o sol ocasionalmente chovia e as cores eram mais fortes do que o normal e a magia era tão comum quanto o franzir de testa de um pai ou de uma mãe. [...] Alice de tempos em tempos tinha vontade de se plantar outra vez na terra para ver se dessa vez nasceria algo melhor, talvez um dente-de-leão ou um carvalho ou uma nogueira que ninguém pudesse quebrar. Mas Mãe insistiu (como sempre costumava insistir) que Alice fosse uma menina, então uma menina Alice foi."
Em uma terra que consumia magia e cor no café da manhã, no almoço e no jantar, fazendo-os se tornar brilhantes, coloridos e talentosos (com os mais diversos poderes), Alice era uma tela em branco, e isso partia seu coraçãozinho. Contudo, ela é extremamente apaixonante, até mesmo sua imaturidade é encantadora. Nesse livro, acompanharemos a evolução e o amadurecimento dos protagonistas diante das dificuldades e dos obstáculos da vida. Com o gostinho puro da infância, nuvens de algodão-doce, lua de queijo suíço e pirulitos favos de mel, recomendo para todos que adoram uma boa e doce aventura.
"Para Alice, que só queria ser amada e cuidada, a confissão de Mãe era uma revelação. E uma curiosa lição de vida. Ela e Mãe amavam muito Pai, mas, embora esse amor tivesse levado Alice adiante na vida, ele havia dilacerado Mãe, e esse era um poder que Alice não sabia que seu coração guardava. Amor, no fim das contas, podia tanto ferir quanto curar."